Dadivas do presente

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—C-como assim? Isso... -Ela não pode completar a frase em meio a tantos pensamentos e linhas de raciocínio em sua mente. Sasuke agora estava com uma toalha azul enrolada na cintura e a encarava atento. Sua face estava preocupada... Estava preocupado com a reação dela.

—Se você evolui tão rápido... Em quanto tempo será mais velho? Em quanto tempo atingirá a meia idade? Depois a velhice e... -A mente ansiosa dela se via diante de muitas possibilidades. Por mais que ele dissesse ver espectros e ela estivesse convencida de que uma vida espiritual que a humanidade não compreendia, fosse uma realidade inimaginável para humanos... Estava agitada demais. Em pânico ao imaginar que um dia... Sasuke Uchiha, O híbrido, iria embora. Que poderia ir embora, tão cedo.

—A morte? -Ele sorriu serenamente. Os olhos escuros encaravam os olhos esmeraldinos arregalados em preocupação. O coração de Sakura passou a bater taquicárdico... Acima de 100 batimentos por minuto (bpm). Os lábios avermelhados da garota se entreabriram. Pareceram perder a cor. Sasuke se chocou ao ver o quão abalada ela ficou.

—Não trate isto como algo banal. -Disse ela em meio a um nó irracional que se formou em sua garganta. Na verdade nem tão irracional assim. Sasuke estava a pouco menos que um mês em sua vida e já lhe cativara muito. Já lhe ensinará muito. Como assim ele poderia morrer? Sumir como sua mãe? Talvez o tempo de uma relação, para algumas situações, não fizesse mais sentido que a complexidade de uma conexão. Ele parecia tão forte e indestrutível. Sasuke encostou suas costas na porta fechada do banheiro, seus cabelos ainda estavam molhados. A encarava intensamente. Era a vez dele a encarar maravilhado... Sakura era um bem querer. Um universo complexo que para ele, parecia ser o mais interessante... Pelo simples fato de ser ela.

—Doutora... Achei que estivesse resolvida com essa questão. A morte. Condição de quem vive.-Disse o rapaz com um pequeno sorriso. Sakura sentiu os olhos arderem.

—Você não pode... -Ela não conseguiu terminar a frase. Talvez a jovem houvesse projetado em Sasuke a dor de um luto terrível e mal elaborado vivenciado com a mãe. Em seu interior, a jovem e brilhante cientista nunca se permitiu amar tanto... Se apaixonar. Devido a um medo que nem ela compreendia de se afeiçoar as pessoas e se decepcionar.

Sentir que perdeu alguém tão querido e esta pessoa não voltará a deixava em pânico. A verdade caro leitor... É que ela foi submetida muito cedo ao luto. Sakura Haruno, a grande e renomada cientista, uma das mais jovens de sua era... Não sabia lidar com o luto. Como milhares de almas humanas no mundo. Sasuke ficou tenso... Sua sensibilidade exacerbada o fez compreender, enxergar uma ferida em sua cientista. Ele caminhou até ela a puxando com uma delicadeza singular para si. Sasuke era um rapaz muito alto, Sakura se sentia de certa forma orgulhosa quando ele procurava seu colo como um homem sensível, sem medo de suas vulnerabilidades. Mas agora era ela a vulnerável. Ele é quem poderia morrer em mais um mês, mas era ela quem se dilacerava com a angústia e uma dor por algo que era iminente? Talvez. Ele a abraçou gentilmente.

—Achei que estava pronta para lidar com coisas do tipo. Para vocês humanos a morte é uma certeza. Você sabe que existe algo além. -Disse ele quase insultando a garota por fazer parecer que iria apenas a Europa e logo voltaria e não que podia morrer a qualquer momento. Ela engoliu em seco, não conseguia falar nada. O abraçou como se já o estivesse perdendo. Sasuke se compadeceu mais com a sua dor. A abraçou apertado acariciando suas costas. Aos poucos encostaram suas testas. Sasuke pode ver seus olhos brilharem de choro. Aquilo o cortou.

—Ei... Não basta que tenhamos dias felizes juntos a partir de hoje? Durando o tempo que precisa durar? -Disse ele com gentileza. Estava confuso sobre porque o processo de luto era tão dolorido para humanos. Sakura ergueu a cabeça encarando seu rosto com traços delicados, as vezes sexy dependendo do momento.

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