CAPÍTULO 28| Helena

935 103 6
                                    

22:34

A noite estava cada vez mais escura e os minutos passavam sem descanso. S/n encontrava-se pensando no que fazer, decidiu perguntar mais sobre a garota para tentar resolver a situação.

- Poderia me dizer o seu nome?

- Helena. 

- Nome bonito. - Levi comentou. A garotinha sorriu envergonhada e ele sorriu de volta com um leve toque de cansaço, mas, acima de tudo, verdadeiro.  Por um momento, S/n pôde jurar que a criança estava desenvolvendo um certo "crush" por Levi.

- Você estava à muito tempo com aqueles dois? - Apontou para as pessoas no chão.

- Não, só alguns dias. Eles disseram que iam me deixar sozinha se eu não ajudasse dessa vez...

- Como podem existir pessoas tão idiotas? - Levi ainda não superou a maldade humana.

- Eu realmente não sei, mas está tudo bem agora. Não se preocupe, tá? - S/n tentou confortar Helena.

- Acho que vou ter que voltar pra casa...

- Onde você mora? Podemos te acompanhar até lá.

- Então você fugiu de casa? - A preocupação de Levi foi diminuindo aos poucos.

- Eu não aguentava mais aquele lugar.

- Quantos anos você tem pra já estar agindo como adolescente mimado?

- Tenho sete, e não sou mimada! É que meus pais estão sempre brigando e minha avó e eu ficamos no meio disso tudo... É horrível.

- Entendo, mas ainda foi errado sair de casa e se meter com essa gente. Devido as circunstâncias, você está perdoada,  mas trate de pensar mais antes de cometer outra idiotice dessa. - O garoto tentou ensinar uma lição para Helena.

- Pode deixar. Tenho que voltar, não posso abandonar a vovó.

- Certo, então nos diga o caminho, capitã Helena. - A garota fez como S/n pediu, animadamente.

Enquanto fingem ser subordinados da capitã Helena, S/n e Levi acompanham a garota até em casa. Ficando cada vez mais preocupados com o horário. Em certo ponto, Levi acha o ambiente familiar. Algo parece recobrar suas antigas memórias.

22:53

- Caramba, que casa grande! - S/n ficou impressionada. - Mas já está tarde, será que tem alguém acordado?

- Não se preocupem, eu sei de uma entrada secreta pelo jardim. Venham. - Os dois seguem Helena até um pequeno vão que deixa uma entrada para o jardim. - O jardineiro sempre vem por aqui.

- Você é mais esperta do que eu pensava. - Levi comentou.

- A vovó disse que eu sou muito inteligente.

- Garanto que sim. - S/n sorriu.

- Helena, aguarde um pouco aqui. Quero falar com a S/n.

- Tá, mas não demorem. Tá frio. 

- Deixa que eu apresso ele.  - A garota leva Levi até um lugar mais isolado do jardim, não muito distante de Helena. - Pode falar agora.

- É que... Eu tenho certeza de que já estive nessa casa.

- Quê? Explica isso direito! - S/n ficou tão surpresa que quase não conseguiu controlar a voz surpresa.

- Vou explicar, mas deixa de escândalo.

- Eu não sou escandalosa...

- Antes de você me encontrar eu tive outra dona.

- Não me diga que você... - O corpo dela gelou.

- Claro que não fiz nada com ela, pra deixar bem claro, se fiz algo com você foi porque tinha maiores interesses. Não pense coisas ruins de mim... 

- Tá bom, eu só tava curiosa. Continua. 

- Ela ficou sozinha depois que o marido faleceu, então uma de suas filhas veio morar com ela mesmo já estando casada, e claro, o marido veio junto. Ele era legal, mas ela era alérgica a gatos, obviamente se desfizeram de mim na primeira oportunidade. - Levi suspirou, submerso em memórias.

- Que gente mais idiota. Será que eles ainda moram aqui? Mas, calma... Se você ficasse na sua forma humana não teria mudado a situação?

- Talvez até mudasse, mas as chances deles terem uma reação ruim eram bem maiores, já que nenhum sabia a verdade sobre mim. Sobre a casa, devido as circunstâncias, talvez a Helena seja filha deles. 

- Que mundo pequeno... Se quiser eu vou sozinha acompanhá-la até a porta e voltamos pra casa logo depois. - Propôs gentilmente.

- Eu vou com vocês, não tem porque remoer o passado e até seria interessante rever minha antiga dona, ela era uma boa mulher.

- Então vamos. 

Helena ficou curiosa ao ver S/n e Levi voltarem, mas decidiu não perguntar nada. Deve ser coisa de casal, pensa a garotinha.

- A porta tá aberta. - Helena comentou ao mexer na maçaneta.

- Que estranho, porquê deixariam a porta aberta a essa hora? - Levi ficou preocupado, novamente. 

- Talvez estivessem esperando a Helena voltar.

- Ainda assim, não faz sentido. 

Quando Helena abre a porta o silêncio da grande casa se alastra pelos arredores. A casa parece silenciosa demais, o que é normal para esta hora da noite, mas mesmo assim a porta estar aberta poderia ser um problema.

- Finalmente você voltou, Heleninha, querida! -  Uma mulher de aparência cansada aproxima-se de Helena e a abraça forte enquanto deixa sua preocupação ir embora.

  Tomado pela nostalgia, Levi aperta a mão de S/n um pouco mais forte. Entendendo o recado, a garota fica pensando que tipo de mulher seria a antiga dona dele. Agora ela já está claramente mais velha, mas será que cuidou bem de Levi enquanto pôde?

S/n estava curiosa, com certeza queria saber mais sobre o passado de seu amado, mas ainda teria que esperar um pouco para poder perguntar. Ainda tinha a preocupação sobre como o garoto ficaria depois disso tudo.

Levi Neko ✓Onde histórias criam vida. Descubra agora