22:34
A noite estava cada vez mais escura e os minutos passavam sem descanso. S/n encontrava-se pensando no que fazer, decidiu perguntar mais sobre a garota para tentar resolver a situação.
- Poderia me dizer o seu nome?
- Helena.
- Nome bonito. - Levi comentou. A garotinha sorriu envergonhada e ele sorriu de volta com um leve toque de cansaço, mas, acima de tudo, verdadeiro. Por um momento, S/n pôde jurar que a criança estava desenvolvendo um certo "crush" por Levi.
- Você estava à muito tempo com aqueles dois? - Apontou para as pessoas no chão.
- Não, só alguns dias. Eles disseram que iam me deixar sozinha se eu não ajudasse dessa vez...
- Como podem existir pessoas tão idiotas? - Levi ainda não superou a maldade humana.
- Eu realmente não sei, mas está tudo bem agora. Não se preocupe, tá? - S/n tentou confortar Helena.
- Acho que vou ter que voltar pra casa...
- Onde você mora? Podemos te acompanhar até lá.
- Então você fugiu de casa? - A preocupação de Levi foi diminuindo aos poucos.
- Eu não aguentava mais aquele lugar.
- Quantos anos você tem pra já estar agindo como adolescente mimado?
- Tenho sete, e não sou mimada! É que meus pais estão sempre brigando e minha avó e eu ficamos no meio disso tudo... É horrível.
- Entendo, mas ainda foi errado sair de casa e se meter com essa gente. Devido as circunstâncias, você está perdoada, mas trate de pensar mais antes de cometer outra idiotice dessa. - O garoto tentou ensinar uma lição para Helena.
- Pode deixar. Tenho que voltar, não posso abandonar a vovó.
- Certo, então nos diga o caminho, capitã Helena. - A garota fez como S/n pediu, animadamente.
Enquanto fingem ser subordinados da capitã Helena, S/n e Levi acompanham a garota até em casa. Ficando cada vez mais preocupados com o horário. Em certo ponto, Levi acha o ambiente familiar. Algo parece recobrar suas antigas memórias.
22:53
- Caramba, que casa grande! - S/n ficou impressionada. - Mas já está tarde, será que tem alguém acordado?
- Não se preocupem, eu sei de uma entrada secreta pelo jardim. Venham. - Os dois seguem Helena até um pequeno vão que deixa uma entrada para o jardim. - O jardineiro sempre vem por aqui.
- Você é mais esperta do que eu pensava. - Levi comentou.
- A vovó disse que eu sou muito inteligente.
- Garanto que sim. - S/n sorriu.
- Helena, aguarde um pouco aqui. Quero falar com a S/n.
- Tá, mas não demorem. Tá frio.
- Deixa que eu apresso ele. - A garota leva Levi até um lugar mais isolado do jardim, não muito distante de Helena. - Pode falar agora.
- É que... Eu tenho certeza de que já estive nessa casa.
- Quê? Explica isso direito! - S/n ficou tão surpresa que quase não conseguiu controlar a voz surpresa.
- Vou explicar, mas deixa de escândalo.
- Eu não sou escandalosa...
- Antes de você me encontrar eu tive outra dona.
- Não me diga que você... - O corpo dela gelou.
- Claro que não fiz nada com ela, pra deixar bem claro, se fiz algo com você foi porque tinha maiores interesses. Não pense coisas ruins de mim...
- Tá bom, eu só tava curiosa. Continua.
- Ela ficou sozinha depois que o marido faleceu, então uma de suas filhas veio morar com ela mesmo já estando casada, e claro, o marido veio junto. Ele era legal, mas ela era alérgica a gatos, obviamente se desfizeram de mim na primeira oportunidade. - Levi suspirou, submerso em memórias.
- Que gente mais idiota. Será que eles ainda moram aqui? Mas, calma... Se você ficasse na sua forma humana não teria mudado a situação?
- Talvez até mudasse, mas as chances deles terem uma reação ruim eram bem maiores, já que nenhum sabia a verdade sobre mim. Sobre a casa, devido as circunstâncias, talvez a Helena seja filha deles.
- Que mundo pequeno... Se quiser eu vou sozinha acompanhá-la até a porta e voltamos pra casa logo depois. - Propôs gentilmente.
- Eu vou com vocês, não tem porque remoer o passado e até seria interessante rever minha antiga dona, ela era uma boa mulher.
- Então vamos.
Helena ficou curiosa ao ver S/n e Levi voltarem, mas decidiu não perguntar nada. Deve ser coisa de casal, pensa a garotinha.
- A porta tá aberta. - Helena comentou ao mexer na maçaneta.
- Que estranho, porquê deixariam a porta aberta a essa hora? - Levi ficou preocupado, novamente.
- Talvez estivessem esperando a Helena voltar.
- Ainda assim, não faz sentido.
Quando Helena abre a porta o silêncio da grande casa se alastra pelos arredores. A casa parece silenciosa demais, o que é normal para esta hora da noite, mas mesmo assim a porta estar aberta poderia ser um problema.
- Finalmente você voltou, Heleninha, querida! - Uma mulher de aparência cansada aproxima-se de Helena e a abraça forte enquanto deixa sua preocupação ir embora.
Tomado pela nostalgia, Levi aperta a mão de S/n um pouco mais forte. Entendendo o recado, a garota fica pensando que tipo de mulher seria a antiga dona dele. Agora ela já está claramente mais velha, mas será que cuidou bem de Levi enquanto pôde?S/n estava curiosa, com certeza queria saber mais sobre o passado de seu amado, mas ainda teria que esperar um pouco para poder perguntar. Ainda tinha a preocupação sobre como o garoto ficaria depois disso tudo.