Capítulo VINTE

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FAYE

–Ah, oi. Estou procurando Kor.--falei, não deixando de notar que ele estava usando apenas uma calça jeans. 

–Ele está patrulhando.--Luca disse. Meus ombros caíram.--Você é Faye?

–Isso, nos conhecemos?--tentei me lembrar, mas tinha certeza de nunca o ter visto.

–Não, mas sou um dos vigias de Roan. É meu trabalho conhecer todos que estão na reserva.--ele explicou, se sentando na varanda. Tomando uma decisão, me sentei ao seu lado. Estava começando a me sentir extremamente confortável com as pessoas daqui.

–Ah, Kor me falou sobre vigias. Quem é o seu sentinela?

–Stone.--ele disse, parecendo que havia chupado um limão. Acho que Stone tinha esse efeito nas pessoas. Ri, com sua expressão.

–Ele me parece um bocado.--murmurei. Ele concordou, me dando um meio sorriso.

–Ele é cheio de si, com certeza.

–Então, vocês vigias apenas andam por aí sem supervisão?

–Eu fui desrespeitoso e por agora estou respondendo a Hanna.

–Hanna?! Ela é uma sentinela?

–Não, mas aqui no clã, quando os vigias são idiotas, como eu, e acabam falando merda para os sentinelas, são colocados sob supervisão das mulheres. Hanna tem se mostrado... cruel.

–Hanna, cruel? Ela é um doce.--a defendi, não acreditando. Ele riu, sem humor.

–Acredite, ela pode colocar qualquer macho no chinelo.

–Nossa.

Ficamos sentados em um silêncio confortável por alguns minutos. Luca passou a mão nos cabelos suspirando.

–Não conte a ninguém, mas estou me escondendo de Hanna, por isso estou aqui.--ele sussurrou. Uma gargalhada saiu de mim.--E você?

–Queria conversar com Kor.--falei.--As coisas estão estranhas, pensei que ele... sentia o mesmo por mim. Talvez eu só tenha imaginado, sou nova nessas coisas. Mas não conte para ninguém também.

Luca arqueou as sobrancelhas.

–Faye, não tem como Kor não sentir o mesmo por você.--ele falou.--O cara provavelmente está amarrado em si mesmo, pensando demais.

–O que isso quer dizer?

–Quer dizer que você deve empurrá-lo.--ele deu de ombros.--As vezes, passamos por algumas coisas, e fica difícil falar "sobre" em voz alta.

–Você diz isso por experiência própria?--questionei. Ele concordou, coçando a cabeça.

–Eu vi e vivi muita merda. Mas a maior parte delas foi sobre outra pessoa. Eu permiti que a pessoa mais importante da minha vida fosse machucada por ser fraco demais e covarde demais para nos defender. Eu podia ver o espírito da minha irmã sendo esmagado e a morte em seus olhos cada vez que a fitava. Mas ela resistiu por mim e por sua filha. Ela é a verdadeira força, mesmo que não se sinta dessa forma agora.--ele confidenciou.--Sabe aquele dizer, sobre animais abandonados, que supostamente são sobreviventes e os mais fortes, mas quando finalmente encontram um lugar quente e seguro, todas as suas rachaduras vêm à tona e ele sucumbe?

Assenti, engolindo em seco.

–Alguns conseguem chegar ao outro lado, prosperar, colocar as coisas para trás. Outros, apenas estão longe demais para conseguir.--ele abaixou a cabeça, derrotado.--Ainda assim, ela finge que é forte e que está saudável. Mas eu vejo que não, todos veem. Tenho medo que ela desista agora que conseguimos.--Luca estremeceu, olhando ao redor.--Esse lugar, esse clã, é especial. São uma verdadeira família. Estava receoso quando viemos para cá, mas vejo que pode ser o lugar perfeito para ela e Aiden.

O Coração de KorOnde histórias criam vida. Descubra agora