Capítulo QUINZE

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CHARLIE

Roan estava me enlouquecendo. E não de uma boa maneira. Nas últimas semanas ele estava mais protetor do que o normal, e por mais que ainda existisse algumas pontas soltas do clã de Beur, como Norm rondando nossas terras, isso não justificava seu comportamento. Estava dormindo mal há alguns dias e me sentia cansada, talvez pelo stress ou por estar preocupada com Faye e Kor.

Kor ainda era um sentinela que eu não tinha muita proximidade. Não convivia tanto com ele, mas o carinho estava lá e sabia o quanto ele significava para o clã. Já Faye, ela não havia mudado muito desde a última vez que a vi em Nova York, lembro que ela havia ficado distante alguns meses antes de minha vinda para Mayce. Enquanto eu trabalhava como sub chefe, ela era a garçonete. As coisas ficaram estranhas depois que ela fez um turno noturno, a primeira e última vez.

Agora, em Mayce, ela parecia estar melhor. Podia sentir que o motivo dela ter vindo para cá tinha sido por algo sério, e esperava que com o tempo ela confiasse em mim para contar. Suspirei, olhando para meu chá, sentindo uma leve dor de cabeça começando. Havia acordado cedo e saído da cama com cuidado para não acordar Roan. Precisava conversar com meu companheiro e sua excessiva proteção antes de enlouquecer.

Três batidas na porta me fizeram franzir. Ouvi os passos apressados de Roan vindo do quarto, nossos olhos se cruzando, antes dele ir atender a porta. Levantei, curiosa e fiquei surpresa ao ver Kor a nossa porta.

–É muito cedo, Kor.--Roan resmungou.

–Eu preciso falar com a Alpha.

–Já disse pra me chamar de Charlie.--falei, tocando o ombro de Roan.--Entre, vou fazer café.

Roan suspirou, e peguei Kor pela mão o puxando para a cozinha. Ele parecia desconfortável e percebi que era a primeira vez que ele estava ali desde que eu me tornei companheira de seu irmão. Ele sentou á mesa e comecei a preparar o café. Mãos interromperam meu processo e ergui o rosto. Roan me olhava sério, e se inclinou beijando meu pescoço.

–Seu chá vai esfriar.--falou, pegando o pó de café das minhas mãos.---Deixe que eu faça.

–OK.--concordei, e me sentei de frente para Kor.

–Desculpe aparecer tão cedo.--ele disse, seus olhos indo de mim para Roan.--Não queria atrapalhar.

–Você pode vir a hora que quiser.--falei, buscando sua mão. Ele hesitou um pouco e por fim aceitou meu gesto. Descobri em pouco tempo que shifters lobos eram extremamente carinhosos, e gostam de tocar um ao outro para reafirmar os laços do clã. Seja um toque de mãos, ou um beijo, um toque dentro do clã era sinal de respeito e amor. Um toque iniciado pelo Alpha ou sua companheira, era o maior sinal de confiança e lealdade que poderiam receber. Fui mais do que bem recebida no clã, ninguém questionando minha humanidade, todos me amavam e me tratavam como um deles.

–Obrigado, alp... Charlie.--ele agradeceu, baixando a cabeça em sinal de respeito.

–Agora, por que não diz por que está aqui?--perguntei. Ele desviou os olhos, pensativo. Roan sentou-se ao meu lado e lhe passou o café.

–Faye me disse que não planeja ficar em Mayce.--disse.

Ah.

–Ah, bem.--respirei fundo.--Ela deu a entender isso ontem no jantar. Não posso imaginar para onde ela iria, para falar a verdade. Quando ela chegou aqui, não tinha nada mais do que uma mochila e um pouco de dinheiro.

–Alguém a machucou?--ele perguntou, sua mandíbula cerrada.

–Ela estava machucada, pude sentir cheiro de sangue.--Roan o respondeu.--Nada grave, mas ela estava assustada.

O Coração de KorOnde histórias criam vida. Descubra agora