Capítulo DOZE

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KOR

Kor percorreu todo o lado do seu território, marcando as árvores nos limites da terra do clã. Isso era uma demonstração clara e rígida que um lobo usava para mostrar que a área estava fora dos limites para forasteiros. Se Norm visse e mesmo assim ultrapassasse os limites, ele saberia que se fosse pego seria morto na hora. Era uma lei clara. Esbarrou com Foxy antes do sol nascer. O sentinela estava patrulhando com dois vigias as terras do leste. Não mudaram para pele, as garras de Kor mostrando o que era necessário ser feito. Um breve entendimento se passou entre eles e partiram para fechar os limites da terra. Até o nascer do sol, toda a reserva Licant seria cercada.

Quando amanheceu, ele se viu perto da cabana de sua irmã. O cheiro agora sinalizando que outra pessoa morava ali. Sua companheira. O lobo rosnou, impaciente com a demora da reivindicação. O lado humano de Kor enfrentou o lobo. Era cedo e algo que ele não sabia se poderia fazer. Não conhecia histórias de shifters machos que negavam o acasalamento. Quando a natureza chamava, era algo inevitável. Pelo menos, funcionava assim entre shifters. Mas shifters e humanos? Era uma área cinza. Charlie podia muito bem ter negado a ligação com Roan. Claro, isso teria matado o alpha. A situação dele era diferente da sua. Kor tinha apenas 200 anos. Mesmo que Faye o negasse, ainda viveria muito, pelo menos achava que sim. Seu lobo poderia não aceitar bem a rejeição de sua companheira. Enlouquecer, enfraquecer... tudo era possível.

Então, deitou na varanda dela.

Não queria voltar para sua cabana fria. Queria deixar seu cheiro ali, e marcar seu domínio. Sua mente vagando na possibilidade ínfima de Norm ousar passar por ali. Sabia que Faye não era seu alvo. Mas ela era uma mulher bonita, morando sozinha. Norm poderia achar divertido assustar uma humana. Sabia que ele era um lixo e podia muito bem causar estragos em seu caminho até Kate.

Quando a porta abriu e uma Faye sonolenta saiu, ele se pôs em sua direção, querendo mostrar que não era uma ameaça. Ela estava com medo, podia cheirar. Mas precisava tentar. Ele lambeu seu tornozelo e ela gemeu assustada. Recuou então, voltando ao seu lugar, miserável. Ela não saiu da casa o resto do dia. Podia ouvi-la se movimentando dentro e seus olhos sobre ele pela janela. Ele afastou a culpa de prendê-la ali, mas seu lado irracional e hipócrita, precisava mantê-la segura.

O dia seguinte amanheceu e ele se perguntou se ela arriscaria sair. Sabia que ela tinha trabalho para ir, e podia se forçar a sair de seu caminho, talvez segui-la até a entrada da cidade. Foi com esse pensamento, que quase perdeu o cheiro do Alpha vindo. Levantou em alerta, pronto para a conversa que sabia que viria.

Roan pisou para fora da floresta, sem se incomodar em ser discreto. Eles se encararam e Roan suspirou, balançando a cabeça.

–Eu sinceramente não quero perguntar o que pensa que está fazendo.--ele falou, mal humorado.--Charlie recebeu uma ligação de uma Faye assustada agora a pouco.

O lobo abaixou a cabeça, com vergonha.

–Vamos.--Roan chamou.--Temos algumas coisas para resolver sobre as fronteiras e sua posição no clã.

Kor rosnou.

–Pouco me importa. Você precisa voltar para o meu lado.--Roan disse, firme.--Você é um sentinela, e tenho vigias sem um. Stone assumiu sua posição e está sobrecarregado desde então. Tem sido dez longos anos, Kor. Está na hora de começarmos a viver uma nova década.

Kor sorriu para si mesmo, adorando a ideia de Stone ouvir Roan dizer isso. O lobo achava que poderia dar conta de tudo.

–Kor, eu preciso de você.--Roan falou. Algo na voz do Alpha fez Kor se empertigar. Ele olhou para trás um segundo, seus olhos pousando em uma Faye que os observava confusa de sua janela. Descendo a varanda, foi na direção de Roan, que acenou para a cabana, antes de desaparecerem entre as árvores.

O Coração de KorOnde histórias criam vida. Descubra agora