22 - O último atentado de Gregory Rust

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Outra vez eu estava caminhando pelo mesmo cômodo escuro, não via coisa alguma além do próprio nada

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Outra vez eu estava caminhando pelo mesmo cômodo escuro, não via coisa alguma além do próprio nada. Em meio ao medo, uma pequena parte minha que já tinha se acostumado ao pesadelo perguntou-se se era assim que os gregos imaginavam o Caos. O mais perfeito e vazio nada. Sem som, sem luz, sem textura. Apenas o nada.

- Josie, poderia me acordar agora, por favor? - Geralmente aquilo funcionava, caso eu estivesse meio sonâmbula e falando dormindo, Josie podia me acordar.

Mas aparentemente eu estava dormindo muito bem, porque mesmo depois de alguns minutos, permaneci presa no nada. Logo comecei a ouvir passos. Virei-me, não via nada. Era difícil me convencer de que era apenas um sonho. De que a concretude escura ao meu redor, o vento frio que me rodeava e os passos que me perseguiam não eram reais.

Talvez daquela vez fosse real, não apenas um sonho. Parecia tão real. O frio, o escuro quase sólido ao meu redor. E os passos. Com certeza aqueles passos eram reais. Ecoando ao meu redor como se retumbassem no escuro.

Caminhei, tapando os ouvidos e procurando uma saída, qualquer que fosse. Mesmo tapando os ouvidos, não conseguia deixar de ouvir os passos. Cada vez mais próximos. Toc-toc na escuridão.

O mostro agarrou a minha trança de forma tão abrupta que me fez cair. Seu sorriso encarou meu olhar amedrontado. Ele se ajoelhou sobre o meu corpo e só o seu peso já me sufocava, então seus dedos longos e ossudos encontraram meu pescoço. Desesperada para me soltar, agarrei suas mãos, mas não conseguia move-las.

Minha visão começou a embaçar. Eu precisava respirar. Só um pouco de ar. Mas não conseguia, resolvi parar de lutar. Esperando que aquilo acabasse logo.

Mesmo depois que fechei os olhos, senti suas unhas perfurando minha carne, o sangue quente molhando meu cabelo e tingindo de vermelho a minha camisola branca. Abri os olhos, o hálito nocivo do monstro fez meus olhos arderem enquanto seus dentes afiados se aproximavam da minha pele. Tentei gritar.

- Alteza, está tudo bem, tudo bem! - Exclamou Josie, me segurando pelos ombros.

Respirei fundo. Inevitavelmente levei as mãos ao pescoço, mas ele estava intacto.

- Tudo bem, alteza, foi só um pesadelo. - Josie me garantiu, enxugando meu rosto. Eu tinha chorado? - Me perdoe, eu não deveria tê-la deixado, mas só saí por um instante para pegar a mala. Sinto muito, desculpe.

- Tudo bem. - Falei, rouca. Sem a delicadeza de Josie, enxuguei as lágrimas. - Eu já deveria ter me acostumado com isso. Não se preocupe. Foi... só um sonho ruim.

Olhei para o despertador, já estava mesmo na hora de acordar. Levantei e fui tomar um banho de cabeça e tudo. Tentando clarear a mente e limpa-la daquele terror.

Tinha chegado a hora de ir para casa e deixar Allyssa viver sua própria vida e embora eu soubesse que ela estava feliz e que aquilo era tudo o que ela queria, ainda era difícil deixa-la. Mesmo com as brigas, os sermões e discussões ela era minha irmã e eu a amava muito e não queria deixa-la.

Rainha Imprudente [REVISADO]Onde histórias criam vida. Descubra agora