28 - Um erro mortal

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Eu honestamente não sabia o que dizer

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Eu honestamente não sabia o que dizer. Ou melhor, tinha alguma coisa a se dizer? A verdade é que se não tivesse ouvido o barulho da porta, eu a teria beijado e até onde deu para perceber, ela queria o mesmo. Mas ainda assim eu não sabia que conclusão tirar disso tudo, estava muito confuso com a situação toda.

Angel era minha melhor amiga, já tínhamos passado por poucas e boas juntos, como algumas quase mortes de ambos os lados, ou coisas tão simples quanto o simples fato de aprender coisas novas, ou cuidar um do outro quando existiam problemas. Eu tinha aprendido a ama-la, mesmo que ela não fosse o tipo de pessoa que facilitava isso. De algum modo meio torto e não planejado viramos amigos e de uma forma mais não planejada ainda eu me apaixonei por ela e mesmo que tentasse fingir que aqueles sentimentos não existiam, eles estavam lá e me lembravam disso toda vez que ela sorria, ou fazia careta quando eu brincava com ela, até quando olhava para mim meio de lado, daquele jeito que deixava seus olhos ainda mais bonitos.

Se não fosse Allyssa, teríamos nos beijado, quer dizer, um beijo de verdade. Não como amigos. E eu estava pensando no que isso queria dizer. Será que tinha sido só coisa do momento? Ou será que ela realmente sentia o mesmo que eu? Aquilo era confuso demais. Eu até tinha tentado falar com ela sobre o assunto na festa de casamento, mas Allyssa chamou bem na hora e depois eu vi o quanto era idiota falar disso.

Quer dizer, se tivesse sido só uma coisa do momento e eu fosse falar com ela, talvez estragasse tudo. O quanto seria estranha seria a nossa amizade se eu contasse a verdade e não fosse recíproco? Era melhor que ela ficasse como minha amiga, do que se afastar de vez.

Suspirei e apenas observei as árvores correrem lá fora ao som da música no fone de ouvido dividido enquanto tentava entender toda a situação. Angel estava cochilando ao meu lado e, se eu fosse louco o suficiente, poderia simplesmente me virar para ela e soltar tudo de uma vez. Talvez esse fosse o melhor a se fazer, afinal. A honestidade é sempre o melhor caminho, não é? Tomei coragem, ou fingi que tinha alguma, e me voltei para ela.

Então um barulho ensurdecedor como o de dez trovões ao mesmo tempo tomou conta do carro, que tremeu. Paramos na beira da estrada e troquei um olhar com Alinna e Angel, antes que a última abrisse a porta e saísse.

- Você vem? - Perguntei para Alinna, quando estava saindo também.

- Só se precisar, qualquer coisa, chame.

- Ok. Deixo a porta aberta? - Ela assentiu e se voltou para suas próprias músicas.

- O que aconteceu, Matt? - Angel perguntou, olhando para o pneu do carro.

- Alguma coisa estourou o pneu. - Ele disse, se abaixando com dificuldade para poder olhar. - Vamos trocar e seguimos. - Concluiu, se voltando para a mala do carro.

Angel foi ajuda-lo e eu me inclinei para olhar o estrago. O pneu estava murcho e claramente o prejuízo tinha sido grande. Notei que algo brilhante parecia estar preso na borracha murcha. Me abaixei e remexi lá, tentando achar o que brilhava. E então tirei algo pequeno como uma pedrinha, pesado e prateado, mas que tinha uma única linha dourada com um símbolo que eu reconheceria em qualquer lugar. O mesmo símbolo da loja do meu pai. Eu tinha uma bala em mãos.

- Angel, entra no carro agora. - Falei, levantando e indo até ela.

- O quê?

- É uma armadilha, outro atentado. - Mostrei a ela a bala enquanto tentava fazer com que entrasse no carro.

- Josh, espera. Como assim outro atentado? - Ela não ia entrar enquanto não entendesse a gravidade da situação.

Virei-me para a floresta, o atirador não devia estar longe, mas eu não estava conseguindo acha-lo.

- É coisa do meu pai. Achei uma bala no pneu, acho que não conseguiu entrar na borracha totalmente, sei lá. - Não consegui achar o atirador, mas por via das dúvidas me coloquei na frente dela, se era coisa do meu pai, ele não me machucaria. - Mas aqui não é seguro. Devemos...

Eu estava errado, muito errado. E muito machucado. Caí no chão, sentindo uma dor inexplicável me invadir.

- Josh! - Angel gritou, me virando para cima.

Não respondi, mas a minha careta de dor deve ter dito alguma coisa. Ela saiu de lá por alguns minutos que pareceram horas e quando voltou, começou a pressionar a ferida, o que me fez gritar e isso só piorou a dor ainda mais.

- Calma, eu só... preciso estancar o sangue. Consegue respirar?

- Volta para o carro. - Mandei, embora o que eu mais queria era que ela ficasse.

Angel me encarou por um segundo.

- Nem nos seus sonhos que eu vou te deixar, Joshua.

Fechei os olhos e mordi os lábios, tentando de algum modo diminuir a dor. Ouvi Angel gritar, mas sua voz parecia estar distante por um momento. Abri os olhos, eu não podia ficar inconsciente.

Vagamente, lembrei de ouvir minha mãe falar sobre feridas de bala alguma vez. Do quanto eram perigosas, algo sobre estancar o sangue e algo, que parecia muito mais vago naquele momento, sobre o cuidado com a respiração em tiros no peito. Ao menos eu conseguia respirar, mas estava me sentindo zonzo por conta da hemorragia, de alguma forma, em meio a dor, eu não tinha a menor ideia de quanto sangue estava perdendo, só sabia que era muito e que isso provavelmente ia me matar. Tentei dizer isso a Angel, mas fui interrompido.

- Quieto. Não se esforce muito. - Eu nunca tinha visto ela tão preocupada. - Apenas tente ficar
acordado

- Você é muito mandona. - Falei. Se aqueles eram meus últimos minutos, não queria sentir apenas medo e dor, iria lutar contra aquilo, mesmo que até respirar doesse.

- Não sou nada. Você que é maluco. Que ideia é essa de se jogar na frente de uma bala?!

- Não achei que fosse acertar. - Argumentei. Minha vista estava começando a ficar turva e eu estava com sono. Precisava pensar em outra coisa. - Ei. Se eu morrer, pode ficar com o Carlos.

- Você não vai morrer, idiota! Nem pense que vai me deixar assim, você tem que me aturar por muito tempo ainda. - Bem que eu queria. Tentei segurar sua mão que pressionava a ferida, ela me encarou com olhos lacrimejados. - Você ainda vai me ensinar a dirigir.

Cara, tinha tantas coisas que eu ainda queria fazer com ela. Ensina-la a dirigir, sairmos juntos no próximo festival, vê-la ser coroada, tê-la lá na minha formatura... dizer a ela que a amava e quem sabe ouvir que ela me amava também. E aquela bala estava roubando tudo aquilo de mim, acabando com todos os futuros que eu tinha imaginado e, de repente, eu não poderia fazer mais nada daquilo.

- Angel, - Falei e minha voz soou mais fraca, bem mais difícil de sair, ainda mais com todo o sono que estava sentindo. - Eu te amo, ok?

E fechei os olhos, deixando a inconsciência levar toda a dor embora.

E fechei os olhos, deixando a inconsciência levar toda a dor embora

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Rainha Imprudente [REVISADO]Onde histórias criam vida. Descubra agora