Rainha Imprudente [REVISADO]

4 - O início do meu plano genial

Lian realmente havia quebrado a perna, mas os outros danos foram menores, enquanto cuidavam dele, foi nos contando o que tinha acontecido. Ele estava conversando com Chris quando cinco homens passaram, murmurando entre si coisas que Lian não quis nos dizer. Depois começaram a chama-lo de nomes ofensivos que ele não conseguiu citar completamente, foram empurrando-o até um beco que ficava ao lado do cinema, aos chutes e socos, derrubaram-no e bateram nele até que ficasse imóvel de dor e então saíram, rindo e correndo, deixando-o para trás.

E tudo porque ele amava um garoto.

Quando contei o caso à Allyssa na manhã seguinte, a raiva me consumia de dentro para fora e eu nem sequer sabia o que fazer com ela. Assim que acabei o café da manhã, fui até a enfermaria, ver como Lian estava e para acompanha-lo até sua casa.

- Como você está? - Perguntei, quando cheguei lá.

- Como se tivesse tentado lutar boxe com cinco caras. - Ele riu, os olhos desaparecendo no inchaço roxo.

- Ah, Lian. - Empurrei seu braço e ele riu um pouco mais.

- É rir para não chorar, amiga. - Ele pegou o casaco encima da cama e jogou para mim, depois pegou as muletas e se apoiou para levantar. - Vamos?

- Vamos. - Joguei o casaco sobre os ombros e seguimos, eu estava com a pergunta na ponta da língua. - Lian, vou te fazer uma pergunta, mas se não quiser, não precisa responder.

- Manda.

- O que você vai fazer sobre isso?

- Seguir em frente. O que mais eu poderia fazer?

- Você não vai denunciar?

- Irmãzinha, estamos falando de Rosa Branca. Quantos anos esse caso passaria em julgamento? Seria só uma perda de tempo e de dinheiro.

- Olhe o que eles fizeram com você, Li, vai deixá-los saírem impunes?! E se eles fizerem isso com outra pessoa? E se te encontraram de novo?

- Então eu sairei correndo até não aguentar mais. - Ele suspirou. - Angel, o mundo não é como você pensa que é. Ele não é justo e nem é acessível para gente que escolhe viver como realmente é, ele é cruel e corrompido. - Lian continuou andando, movido por uma força que ultrapassava a raiva. - Olhe para mim. Sou o próprio reflexo de como o mundo trata os homossexuais. Não posso nem falar ao telefone e chamar meu namorado de "amor" que tentam me matar na surra, quem dirá andar de mãos dadas com ele na rua. Se fazem isso comigo, o filho do General, imagine o que fazem com os marginalizados. - Ele olhou para frente, continuando seu discurso com dificuldade. - Você nunca vai saber o que é ouvir tantas vezes alguém dizer "Você tem que virar homem" ou alguém te chamar de "marica", "bicha" ou "viado" como se cuspisse essas ofensas te condenando ao inferno. Você pode ser a pessoa mais empática do mundo, mas só sabe isso quem vive. - Seus olhos estavam carregados de mágoa e dor e eu nem queria imaginar o que meu amigo, a pessoa mais gentil que eu conhecia, tinha passado.