Capítulo 2

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Não posso dizer que aceitei numa boa toda essa situação. Em São Francisco eu tenho minha mãe enterrada, tenho minha melhor amiga, que é praticamente uma irmã pra mim. Tenho a tia Lotti como a chamo, tenho o tio Adam e o Pool que eu amo como se fossem meus tios e primos de verdade. Eles me ampararam, me deram forças e suporte, e é aqui que eu quero ficar.

Mas o destino tem outros planos e assim me encontro a caminho de um avião com o coração destruído por ter que deixar tudo para trás. Tantos sonhos e promessas desfeitas com uma simples notificação judicial. No caso da morte da minha mãe, seria entregue à minha guarda a minha tia Susan.

Tia Susan é a única irmã da minha mãe. Tínhamos pouco contato. Falávamos por videoconferência, por mensagens de texto, mais a minha mãe do que eu, claro. Na verdade, eu raramente participava das conversas. Às vezes dava um oi, tia, tudo bem? Quando passava atrás da chamada de vídeo. Mas não puxava assunto, e muito menos ficava para conversar.

Ela é muito parecida com a minha mãe, mesmos olhos verdes, mesmo nariz arrebitado, mas os lábios são mais finos e não tem covinha na bochecha. Mesmo assim ela é linda. Tia Susan mora em Miami com seu esposo Robert e seus dois filhos gêmeos Tyler e Mia. Os dois pelo que vi em fotos puxaram para o tio Robert. Olhos castanhos esverdeados, cílios marcantes e bem escuros. Os dois são a cópia do pai. Não os conheço pessoalmente, somente por fotografia. E pelo frio na barriga que sinto nesse momento, posso imaginar como tudo pode ser desastroso nesse novo início da minha vida.

Novo recomeço. Mais um! O que me espera agora? Só Deus sabe.

A chegada ao aeroporto ocorreu tranquilamente sem muitos atrasos, chegamos no horário estipulado pela companhia aérea, não que eu tivesse algum tipo de experiência com voos, é a minha primeira vez em um desses. Mas como todos estão tranquilos e estamos pousando então acho que ocorreu tudo bem.

No desembarque nunca vi tanta gente junta correndo, chorando, rindo e se abraçando ao mesmo tempo. Uma loucura e só pude parar e observar isso com olhos bem abertos e assustados. Tia Susan que até agora foi um amor comigo me auxiliando em tudo logo percebeu que eu não a seguia mais e voltou ao meu encontro no meio do aeroporto.

- Uma loucura isso aqui pequena Hanna, não é mesmo? Logo você se acostuma com toda movimentação.

Fiquei olhando pra ela e ela deve ter percebido a pergunta em meus olhos porque logo foi explicando.

- Como você espera ir visitar seus amigos em São Francisco? De avião é lógico minha menina. – falou me olhando carinhosamente.

- Você vai me deixar ir a São Francisco visitar a Nick? – Perguntei a ela incrédula. Não sei porque, mas na minha cabeça nunca mais voltaria para lá.

- Claro meu anjo. Sua vida já está de cabeça pra baixo, porque se afastar das coisas boas? Mas primeiro vamos para casa conhecer seu tio e seus primos, o que é uma vergonha que não se conheçam. 17 anos é muito tempo de vida sem um abraço ou uma conversa pessoalmente. – disse ela com um suspiro.

A casa da tia Susan não ficava muito longe do aeroporto, uns 20 minutos talvez. Passamos por ruas tranquilas muito bonitas e cheias de casas grandes, mansões na verdade de todos os tipos de designers. Minha mãe ia ficar louca vendo tudo isso ao vivo, ela amava olhar casas sofisticadas na internet. Seguimos por um muro alto cheio de eras grudadas muito bem podadas até chegar a um portão grande todo branco esculpido com desenhos aleatórios que não consegui identificar de ferro lindo. E ele se abriu revelando uma casa dos sonhos, ou quem sabe um castelo? Era enorme e se Nick estivesse aqui agora com certeza teria me mandado fechar a boca. Tia Susan ficou alheia ao meu espanto. Acho que ela se deu muito bem na vida, minha casinha em São Francisco cabia tranquilamente dentro dessa casa e ainda sobrava espaço.

Nas cordas do DestinoOnde histórias criam vida. Descubra agora