Nas cordas do Destino

Capítulo 27

Um bip constante me acordou e eu me arrependi no mesmo instante. Meu corpo inteiro estava doendo, por algum motivo que eu não sabia, eu não consegui abrir meus olhos, alguém estava chorando e chamando meu nome cada vez mais baixo. O som do bip foi desaparecendo também, a dor foi sumindo, o sono me consumiu novamente. Era tão bom não sentir dor. Eu queria viver assim para sempre.

-Hanna, você pode me ouvir? Sou o Dr. Paulo do memorial Jena Klinikum der Friedrich. Você pode ouvir?

Alguém estava me chamando e falando comigo, eu não conseguia abrir meus olhos ou falar. Eu não conseguia me mexer. Meu corpo estava doendo novamente, eu nunca senti nada parecido, eram como se agulhas fossem enfiadas a todo segundo na minha pele pelo meu corpo inteiro em grande velocidade. Meus ossos doem, minha cabeça estava doendo, comecei a entrar em pânico, o bip aumentou, meu peito parecia que ia explodir, eu queria que a dor acabasse, eu queria que parasse de doer. Ela está tendo um ataque cardíaco foram as últimas palavras que eu ouvi antes que a escuridão me levasse para longe novamente.

- Hanna, acorde por favor amor. Eu te amo, volta para mim. Você precisa lutar Hanna, por você, por mim, pelos seus tios. Seja forte Hanna. Luta Hanna, por favor, lute para viver.

Jacob estava aqui, ele estava falando comigo, segurando a minha mão e fazendo carinho no meu rosto. Eu podia sentir seu toque, meu corpo já não doía mais tanto, mas ainda não conseguia abrir os olhos. Era como se estivesse em outro lugar, longe de tudo, mas ao mesmo tempo perto, perto dele.

- Enfermeira, enfermeira, ela apertou a minha mão, enfermeira, ela apertou a minha mão.

Seu toque desapareceu e ouvi barulhos de passos correndo para longe. Sua voz estava alta, feliz e chorosa ao mesmo tempo.

- Bem, vamos ver o que está acontecendo aqui. Hanna, você pode me ouvir? Se você estiver me ouvindo aperte a minha mão sim.

Minha mão esquerda foi envolvida por mãos geladas que a apertaram suavemente, eu podia ouvir, mas não podia me mover. Meus olhos não queriam abrir e minhas mãos não me obedeciam. Eu queria apertar a mão dela, queria mostrar que estava ouvindo, mas não consegui. Era frustrante estar aqui assim.

- Ela deve ter tido um espasmo involuntário meu jovem. Não houve nenhuma mudança desde o ataque cardíaco a dois dias atrás. Ela é jovem e forte, vai sair dessa. Continue rezando e conversando com ela. Já ouvi muitos casos de pacientes que acordaram de comas longos e contando tudo que ouviram enquanto estavam desacordados.

Coma, coma, coma. Esta palavrinha tão pequena ficou girando na minha cabeça. Eu estava em coma. Eu tive um ataque cardíaco. O que aconteceu para eu estar nesse estado? Eu não conseguia me lembrar. Se ao menos eu lembrasse o que aconteceu, podia fazer meu cérebro voltar a funcionar.

Acordei e estava escuro, abri meus olhos devagar, piscando muito lentamente. Em primeiro momento eu não sabia onde estava. Minhas pálpebras não queriam ficar abertas, estavam pesadas. Quando consegui abrir os olhos e mantê-los abertos, observei um monitor cardíaco e um suporte para soro com três bolsas de soro penduradas do meu lado esquerdo, paredes brancas e um cheiro forte de álcool. Eu estava em um hospital, isso era nítido, mas como vim parar aqui?

Minha garganta estava seca e dolorida, parecia arranhada. Meus braços estavam pesados. Meu braço direito estava dormente como se tivesse ficado muito tempo na mesma posição. Tentei mexer, mas algo estava o segurando no lugar. Mexi minha cabeça lentamente para a direita e fechei meus olhos com força da dor forte que senti nela. Voltei a abrir meus olhos e observei cabelos curtos e pretos sobre ele. Senti minha mão entrelaçada em outra mão. Meu coração acelerou quando percebi quem estava ali, o bip bip do monitor decolou fazendo a pessoa levantar a cabeça e me olhar profundamente nos olhos. Um lento sorriso se formou em sua boca antes dele pirar e começar a chamar a enfermeira.