No shopping Emily reclamou que estava com fome, então fomos à praça de alimentação. Ela comeu um grande hambúrguer com batatas fritas e refrigerante. Eu optei por sushi e sashimi. Eu e a minha mãe amávamos. Comíamos juntas uma vez na semana. Era nosso momento mãe e filha. Comíamos e conversávamos sobre tudo. Ou quase tudo, já que ela escondeu sua doença até o fim dos seus dias.
O filme ia começar em meia hora. Emily depois de tudo que comeu ainda queria pipoca. Eu ri quando ela agarrou meu braço e saiu correndo para a fila da pipoca cantarolando pipoca, pipoca, pipoca, somente ela poderia me fazer rir tão fácil e rápido.
Entramos na sala e minha pele se arrepiou, podia jurar que era do frio já que os ar condicionados estavam ligados, mas meu coração sabia que não era isso e começou a bater de forma acelerada. Ele estava aqui. Eu o podia sentir. Não o procurei, com medo do que veria. As salas de cinema são ótimas para levar os encontros. Emily mesmo já disse que teve altos amassos nesses lugares. Eu não queria ver algo que me machucasse ainda mais. Com isso permaneci de cabeça baixa subindo as escadas procurando pelas letras que estavam acessas no piso.
Chegando a nossa fileira, esperei a Emily chegar, ela estava mais para baixo reclamando que não tinham escadas rolantes ali, porque as escadas faziam mal para sua saúde. Eu fui obrigada a revirar os olhos e rir dela.
Emily entrou na frente e fui atrás, ela se sentou e apontou meu lugar. Vi pernas ao lado da minha poltrona e ergui meus olhos para ver quem estava ali sentado. Era ele. Todo o ar foi sugado dos meus pulmões quando travei meu olhar com o seu. O vi respirar fundo e sorrir para mim. Eu queria fugir e ao mesmo tempo queria abraçá-lo. Quão irônico é isso pensei comigo mesma.
-Senta garota, você está na minha frente – reclamou Emily dando um tapa na minha bunda.
Sai do meu transe e me sentei. Ajeitei minha pipoca e minha água. Sentei ereta e olhei para frente. Podia senti-lo olhando para mim.
- Oi – ele disse com a voz grossa e baixa.
Me virei olhando em seus olhos e respondi – Oi.
- Ei prima – me cumprimentou Tyler
Só então eu o vi sentado ao lado do seu amigo. Bufei que conveniente não é mesmo, pensei. Ele armou esse encontro. Fechei a cara e olhei na direção dele. O que o fez rir de mim e jogar um punhado de pipoca na boca.
Tanto trabalho que eu tive durante a semana para ficar longe dele e eles armam essa pra mim. Já estava planejando uma grande vingança para Tyler quando me toquei que eles não teriam como saber nossos lugares se ninguém tivesse contado. Com essa nova perspectiva olhei para Emily de boca aberta em choque. Ela havia me traído e contado a eles nossos lugares para comprarem na mesma fileira. O filme era pré estreia e aconteceu em horário especial, então poucas pessoas estavam ali.
Ela me olhou com um grande sorriso nos lábios e disse – Surpresa!
Fechei a cara e me encostei na poltrona fechando a cara. Ela veio falar próximo ao meu ouvido para ninguém mais ouvir.
- Você e ele estavam miseráveis o resto da semana toda. Tinha que ver como ele olhava para a porta todos os dias esperando você chegar para o almoço. Dispensou toda e qualquer menina que tentasse chegar perto dele. Conversa com ele Hanna. Se dê essa chance vai, por mim. - Falou fazendo biquinho.
Bufei, eu vinha fazendo muito isso ultimamente. Foquei minha atenção na tela quando começaram as propagandas. Ia ficar na minha, não importava, nada importava, eu ainda não poderia ter relacionamentos e ele ainda não queria relacionamentos. Então porque não deixar tudo como estava.
- Eu senti sua falta – ele falou baixinho.
Olhei pra ele e ele parecia triste. Me deu um sorriso triste também. Não respondi nada a princípio. Não sabia o que responder. Tinha medo de abrir a boca e jorrar tudo que meu coração gostaria de falar. Então fiquei em silêncio somente olhando para aqueles olhos verdes hipnóticos.
Ele levantou a mão e tocou meu rosto devagar contornando minha bochecha e queixo. Soltei um suspiro e fechei meus olhos.
-Olha pra mim Hanna – a voz dele estava mais rouca que o normal era quase crua.
Fiz o que ele me pediu e fiquei travada dentro daquelas íris.
- Isso está melhor que o filme – Emily falou nos tirando do transe em que nos encontrávamos.
Olhei em sua direção e ela levantou as sobrancelhas falando – Eu quase tive um orgasmo só olhando pra vocês. Essa química quase me deu combustão. Então se comportem que eu quero ver o filme e esse amor todo está me distraindo – falou rindo e colocando um grande punhado de pipoca na boca.
Tyler riu e Jacob também. Eu afundei na minha cadeira. Eu deveria ter ficado em casa lendo.
Eu não prestei absolutamente nenhuma atenção no filme. Estava muito focada somente sentindo o calor que emanava do corpo dele e aquele perfume. Maldito perfume.
Jacob ficou em silêncio o filme todo. Podia senti-lo me olhando, mas não olhei para ele. Já havíamos estado nesse momento, já havíamos conversado a respeito. Quando o filme acabou me levantei de supetão passando pelas pernas da Emily.
– Que porra Hanna – ela falou.
Não dei bola e me dirigi a saída o mais rápido possível. Eu precisava de ar. Mandei uma mensagem para a Emily avisando que estava indo embora de táxi não conseguiria enfrentá-lo. Tinha medo de me jogar em seus braços e me deixar levar por todos aqueles sentimentos.
Fiquei no meu quarto o resto do fim de semana. Escutei os gritos dos caras na piscina uma hora mais tarde. Tranquei minha porta e fiquei no mais profundo silêncio. Coloquei fones de ouvido com música alta para não ouvir e nem ficar na tentação de abrir a porta caso alguém batesse. Deu certo. Passei todo o fim de semana lendo livros de romance, fiquei tão focada nas histórias que esqueci do mundo.
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Nas cordas do Destino
RomanceNão saber o que nos espera, nem o que devemos seguir, faz qualquer um ficar louco! E se no meio de tantos talvez e serás que a vida coloca no nosso caminho, não tivermos a opção de escolha e sermos obrigados a viver conforme as cordas do nosso desti...