Dois dias se passaram desde o esbarrão com a tal de Lexy, descobri o nome dela na aula de educação física de ontem. Aparentemente as líderes de torcida não eram tão unidas como eu imaginava. Molly era a líder do grupo e estava extremamente irritada com a Lexy e uma tal de Isis que estavam enroscadas no Jacob, dias atrás.
Assistir ao treino dos meninos não era minha escolha de passar o tempo. Mas tínhamos que passar 45 minutos no ginásio. Eu não tinha coordenação nenhuma para nenhum dos jogos, eu gostava de dançar, sozinha no meu quarto de vez em quando, mas nunca assim como as meninas estavam fazendo para todo o grupo assistir. Então fiquei encolhida num canto da arquibancada tentando ser invisível aos olhos de todos, me distraindo com o jogo lá em baixo.
Fiz ballet anos atrás e adorava os movimentos. Na música e na dança o corpo fala. Minha professora de ballet falou certa vez que a dança e a música em certas frequências, ritmos e harmonias podem ser fundamentais para o bom desenvolvimento da saúde, tanto mental quanto corporal. Conforme seu ritmo, harmonia e melodia podem exercer certas ações sobre o organismo. Eu amava dançar, fiz uma nota mental de recomeçar a fazer isso no casulo do meu quarto.
Na aula de biologia ficamos sem professor, os alunos levantaram e ficaram conversando entre si, eu não tinha muitos amigos aqui e os que tinha nenhum deles estava nessa aula. Não gostava de me misturar, não queria fazer amigos, logo eu ria embora, já seria muito ruim me despedir da Emily e das meninas, não precisava de mais drama na minha vida. Então me fechava e me resguardava.
Quando a aula acabou, segui para a próxima o mais rápido que pude, ainda conseguia ouvir a algazarra dos meus colegas desgovernados. A aula de artes era uma das minhas preferidas, eu gostava muito de criar coisas em madeira, metais e outros objetos. Gostava de desenhar e desenhava muito bem. Então aproveitava essa aula para extravasar minhas ideias e frustrações.
Cheguei lá antes de todo mundo e fui logo até a sala de suprimentos para pegar todo o material que iria usar hoje. De volta a minha mesa observei que ela não estava mais vazia. Jacob estava ali sentado com a cara de entediado. Alguns caras do time de futebol também estavam ao redor. O que achei bem estranho, pois eles não faziam essa aula. Era a minha preferida porque aqui não tinha algazarra, era silenciosa, todos se concentravam no que estavam fazendo, quase nunca havia conversas e o professor conseguia ajudar os alunos tranquilamente. Menos hoje pelo visto.
- Você está no meu lugar- eu disse ao me aproximar dele.
- Tem seu nome marcado aqui, Gata? – perguntou sorrindo com o canto da boca elevado.
- Na verdade tem sim – disse mostrando a ele onde havia escrito minhas inicias com o estilete na aula passada.
Ele bufou um pouco rindo e um pouco sem acreditar, se levantou.
– Aqueci a cadeira para você – falou piscando.
- Agradeça ao seu traseiro por mim idiota. – falei revirando meus olhos.
Os amigos dele riram, mas ele estreitou os olhos na minha direção e foi falando sorrindo – Hora, hora, hora, a gatinha tem garras.
Ignorando-os me sentei na minha mesa e comecei meu projeto do dia. Eu gostava de ser ignorada, de ser invisível, mas quando ficava com raiva eu tendia a não filtrar o que falava, dizia o que me vinha à mente.
O professor entrou na sala e vendo toda aquela comoção pediu que todos sentassem. A maioria dos alunos não gostava da aula de artes e por isso essa aula era muito tranquila e vazia. O professor vendo a sala cheia ficou extremamente feliz, diferente de mim é óbvio.
Kiro um dos meninos do time de futebol, explicou ao professor que o treinador os estava obrigando a fazer mais aulas extracurriculares para melhorar a média de alguns dos alunos do time. O professor assentiu e explicou como funcionava a aula, que era livre desde que você apresentasse um trabalho finalizado até o fim daquele período.
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Nas cordas do Destino
RomanceNão saber o que nos espera, nem o que devemos seguir, faz qualquer um ficar louco! E se no meio de tantos talvez e serás que a vida coloca no nosso caminho, não tivermos a opção de escolha e sermos obrigados a viver conforme as cordas do nosso desti...