Combinei de sair com a Emily no domingo. Fomos ao cinema e depois a um barzinho curtir um cover de uma banda que ela gostava muito. A banda era muito boa, o baterista um carinha loiro de olhos azuis e com um sorriso de covinhas me chamou atenção assim que chegamos ali e comentei isso com ela.
– Olha que baterista gatinho. Aquela covinha o faz ter cara de anjo – suspirei feliz e ela riu alto da minha expressão.
- Achei que você gostasse só dos bad boys manchões Hanna.
Empurrando-a de leve pelo ombro começamos a rir juntas e ficamos ali curtindo o show até a primeira pausa. Um garçom se aproximou e me entregou um pedaço de papel escrito com uma bonita caligrafia.
Conseguiria criar uma música inteira só com a beleza do seu sorriso.
Emily enfiou a cabeça do lado tentando ler o que dizia o bilhete, mas abaixei o papel olhando ao redor procurando quem havia escrito tais palavras. E olhando diretamente para mim estava o baterista com um sorriso sem vergonha de covinhas. Senti meu rosto esquentar e sem jeito com um sorriso tímido desviei o olhar.
Emily arrancou o papel da minha mão e começou a ler e a rir alto – garota que perfume é esse que você usa, me empresta viu quero ter um pouco disso pra mim. estou precisando urgente disso. – Falou ainda rindo.
Dei um soco no braço dela de brincadeira e prestei atenção no drink sem álcool que eu estava bebendo. Estava meio sobrecarregada. Emily ficou brincando e tirando sarro da minha cara até a banda voltar a tocar e depois disso também, pois o baterista não parava de olhar para nossa mesa.
Observei ele conversar com o garçom em certo momento e vi o mesmo vindo na minha direção. Junto com um novo drink havia um novo bilhete e nele um número de telefone e um nome, Brian. Nome bonito pensei, olhei para ele e dei um sorriso agradecendo o drink o levantando e bebendo um gole. Nós fomos embora antes da banda acabar de tocar. Eu não iria ligar para o cara, mas guardei o papel no meu bolso. Nunca se sabe né.
A segunda-feira chegou e combinei com a Emily de irmos tomar café da manhã na cafeteria que conheci próxima a nossa escola. Estava desejando aquela torta deliciosa da dona Ana. E como sempre não decepcionou, comi gemendo de prazer, era muito gostosa. Só aquilo me faria sobreviver a um dia de escola com tantos dramas.
Encontramos as meninas no estacionamento da escola agitadas com uma fofoca importantíssimas segundo elas. Aparentemente Moly foi humilhada publicamente quando tentou sentar no colo do Jacob, mesmo ele dizendo não, ela forçou e com isso ele se levantou para sair e ela caiu em plena praça de alimentação do shopping lotado. Deve ter sido extremamente vergonhoso realmente. Emily gargalhou alto, mas eu fiquei com pena. Ela era tão cega de amor por ele que não conseguia enxergar que ele não sentia o mesmo e só a usava. Que Deus me livre de um amor assim pensei.
A semana passou e eu consegui fugir dos avanços do Jacob. Não me deixava pegar sozinha com ele de jeito nenhum. Esperava na biblioteca ou no banheiro os alunos entrarem nas salas e entrava por último, trocava de lugar ou o ignorava em todos os momentos, mesmo diante de todos os toques mínimos que aconteciam entre a gente. Na sexta feira durante a educação física, o professor nos avisou que iriamos fazer um teste físico individual. Poderia ser um esporte ou dança. Ali ninguém fazia jiu-jitsu, então eu teria que fazer o teste de dança, já que não tinha coordenação para nenhum tipo de jogo. Emily e as meninas escolheram vôlei e se saíram muito bem. Elas jogaram individualmente com o professor e acertaram todas as jogadas. Eu estava orgulhosa. Nunca conseguiria fazer algo parecido.
Quando chegou minha vez escolhi dança. Coloquei uma música que eu amava, fechei meus olhos e bloqueei todos ali presente. Morria de vergonha, mas precisava desta nota, era fazer ou fazer, não tinha outra opção. De olhos fechados, sentindo a música me concentrei na melodia e deixei meu corpo falar e se expressar.
Foi libertador, foi como voltar para casa. Uma lágrima rolou pela minha bochecha, uma saudade avassaladora me consumiu, mas dancei até terminar a música. No fim um silêncio escurecedor se fez presente e eu abri meus olhos para ver todos me olhando com cara de espanto, bocas abertas e olhos saltados. Senti meu rosto esquentar e quase morri de vergonha. A turma começou a aplaudir e gritar, assobiando. Agradeci e me sentei envergonhada.
Emily não parava de falar de como dancei lindamente, que parecia uma bailarina, que podia sentir a minha emoção e que os caras não tiravam os olhos dos movimentos do meu corpo, que com certeza agora eu tinha fãs assíduos. Eu tive que rir da tagarelice dela. Não era para tanto, eu gostava de dançar, mas não era tão boa como ela descrevia, estava longe da perfeição. Observei os outros alunos fazendo seus testes. Ainda sentindo aquele êxtase da dança. Sempre me fez muito bem, tirava o estresse do dia a dia.
Pedi licença ao professor e perguntei se podia ir ao banheiro. No caminho eu o senti antes mesmo dele me tocar, puxando-me pelo braço me conduziu até um espaço embaixo da escada onde tocou meu rosto com as mãos e com as pontas dos dedos traçou meus lábios.
Com olhar intenso me disse com voz rouca – Você me seduz sem me tocar Hanna. E o pior é que você não faz ideia do poder que tem sobre mim – Com isso ele me deu um lento e casto beijo, quase um sopro, uma carícia – Quero me perder no doce mel dos seus beijos meu anjo, mas vou respeitar seu desejo e me manter afastado até você me pedir para te beijar e você vai pedir, nós dois sabemos que você vai pedir. - Me abraçou forte, beijou mais uma vez meus lábios com um selinho e saiu me deixando atordoada e sozinha.
Como no dia seguinte eles teriam um jogo fora em outra cidade, os meninos ficaram treinando o restante do dia e assim eu não vi mais ele na escola.
Emily queria ir assistir ao jogo, ela me deu uns quinze motivos diferentes para termos que ir prestigiar o time no campo adversário. Mas o jogo seria tarde e teríamos que dormir em um hotel, pois ela não gostava de dirigir a noite. As meninas queriam ir, mas já tinham compromissos e tivemos que prometer fazer planos parecidos quando todas pudessem ir junto com ou sem jogo.
Eu não estava muito empolgada em ir para um jogo de futebol, ainda mais em uma cidade vizinha. Mas a Emily estava empolgada por nós duas. Ela conseguiu uma camisa do time para eu usar e assim irmos parecidas, combinamos até de arrumar o cabelo com tranças iguais. Ela era só energia caótica e eu gostei bastante disso. Ela me lembrava um pouco da minha mãe, sempre tentando me deixar feliz.
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Nas cordas do Destino
RomanceNão saber o que nos espera, nem o que devemos seguir, faz qualquer um ficar louco! E se no meio de tantos talvez e serás que a vida coloca no nosso caminho, não tivermos a opção de escolha e sermos obrigados a viver conforme as cordas do nosso desti...