Capítulo 12

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Eu já estava morando com meus tios a mais de um mês e ainda não havia me acostumado com as mordomias que eles tinham. Resolvi hoje, já que era sábado e não teria aula, dar uma volta pela cidade. Não avisei ninguém que ia sair, e quando a casa ficou em total silêncio escapei do meu quarto de fininho. Observei há alguns dias atrás, que existia um ponto de ônibus a mais ou menos 1km da entrada da casa. Com a ajuda da Emily e da internet consegui os horários de passagem pelo bairro e hoje vou me aventurar por aí. Não demorou muito para que ele chegasse e ao entrar me senti bem, era como os bons e velhos ônibus de São Francisco. A familiaridade me trouxe aquela pontada de saudade de casa. Mandei uma foto minha com a mensagem "Dia de novas descobertas" para a Nick. Ela respondeu quase instantaneamente dizendo que era para tomar cuidado e que eu estava linda. Agradeci com uma mensagem de resposta, mandei beijos e disse que depois contava tudo como foi meu passeio.

Parei em um ponto próximo a escola e segui pelas ruas observando tudo, parei para olhar a vitrine de uma loja de tênis e me apaixonei por um Converse All Star preto. Resolvi entrar e comprar esse mimo pra mim. Gosto de tênis confortável e simples.

Ao sair da loja do outro lado da rua uma cafeteria pequena me chamou a atenção. A fachada era branca com toldos rosa e a porta era de um trabalhado delicado em tons de rosa e branco. Em baixo das janelas pequenas floreiras davam um charme a mais à estrutura. O telhado era em estilo Chanel o que dava um ar de simplicidade e sofisticação. Ao sair de casa de fininho não tomei café e resolvi conhecer a cafeteria mais de perto, ou melhor, por dentro. Da porta de entrada pude observar que se por fora a cafeteria era linda, por dentro era incrível. O balcão era todo em vidro com doces e tortas em exposição. Atrás dele havia duas grandes e altas estantes em tons de rosa, recheadas de latas decorativas, canecas diferenciadas e outros objetos que traziam mais charme ao ambiente. As mesas eram estilo anos 80/90, com cadeira em branco e rosa, ligadas à mesa dos mesmos tons. Decoradas com uma garrafinha com galhos de flores secas brancas pequenininhas. Apaixonei-me no mesmo instante por tudo aquilo.

Da porta ao lado atrás do balcão saiu uma senhora baixinha com cabelos brancos presos com um coque muito bem feito e me perguntou – O que você vai querer querida. Bem vinda a Mademoiselle Rokele. – disse com um sorriso gentil.

- Obrigada - falei agradecendo – Vou querer um café grande com um pedaço da melhor torta que você tiver aqui. – Respondi devolvendo o sorriso a ela.

- Fique à vontade minha querida, já levo para você na mesa – disse ela.

Escolhi a próxima a janela da frente à direita, onde conseguia ver o movimento da rua e admirar a loja por inteiro.

- Aqui está querida, você é nova por aqui? – Perguntou curiosa.

- Sim, cheguei faz pouco tempo na cidade, hoje vim conhecer as proximidades e achei esse seu café encantador. Parabéns o ambiente é lindo tanto por dentro como por fora.

- Muito obrigada. Aos sábados esse horário é mais tranquilo, durante a semana temos um ótimo movimento, muitos alunos do colégio que fica nas proximidades vêm aqui todos os dias de manhã antes da aula e no final dia após as aulas. Essas crianças estão sempre comendo – falou ela dando uma risadinha e sentando-se á mesa comigo.

Ela era encantadora então acabei rindo com a observação junto com ela. O nome dela era Ana e o café era da família a gerações, passado de pai para filho. Ela nunca se casou, teve um relacionamento sério, mas o noivo foi para a guerra e faleceu, seu coração nunca se curou e ela nunca conseguiu amar outra pessoa.

Dona Ana me contou toda a sua história de vida e me vi fascinada com ela. Não conseguia entender como uma pessoa tão doce poderia já ter sofrido tanto na vida. Disse-se cansada, pois tomava conta do café sozinha, tinha uma ajudante para as preparações na cozinha, mas tomava conta dos atendimentos na loja sozinha. Comentou que colocou um cartaz na janela onde havia uma vaga de atendente, mas que os jovens da cidade ou eram ricos e não queriam trabalhar ou eram esnobes demais para servir os amigos. Fiquei observando o cartaz e uma ideia me veio à cabeça. Eu poderia muito bem arrumar um emprego e ao mesmo tempo ajudar a dona Ana com os atendimentos. Pensarei a respeito.

Nas cordas do DestinoOnde histórias criam vida. Descubra agora