Capítulo 8

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O caminho para a escola aconteceu em silêncio. Não me sentia confortável para falar. Então já que ela não falou, eu também não falei nada. Quando chegamos ao estacionamento da escola já tinham vários alunos encostados em seus carros ali conversando. Mia foi logo indo em direção a suas amigas e eu como não conhecia quase ninguém e não vi as meninas fui entrando na escola sem prestar muita atenção. Acabei esbarrando em uma das meninas da gangue de líderes de torcida derrubando a bolsa que ela tinha nas mãos.

- Olha o que você fez, sua imprestável. Derrubou minha bolsa de 20 mil euros nesse chão imundo. – gritou ela que nem uma maluca chamando a atenção de alguns alunos que por ali estavam.

- Me desculpe - gaguejei desajeitada. Ela ficou ali me olhando feio e batendo o pé como uma mãe surtando quando o filho faz algo errado. Fui salva da sua ira louca quando Emily veio ao meu socorro.

- Não seja uma cadela Rose, sua bolsa de liquidação não vale 100 dólares - disse ela rindo. A tal Rose juntou a bolsa e saiu bufando sem falar mais nada.

- Obrigada - falei olhando para a Emily assim que a doida loira saiu dali.

- Não foi nada. – disse revirando os olhos - Mas garota, falo pra você não se meter com elas e você consegue esbarrar em uma logo no segundo dia. Que sorte a sua, hein.

- Nem me fale. – Falei soltando um suspiro.

Meus planos de me tornar invisível estavam cada vez mais difíceis de acontecer, pois no segundo que viramos o corredor dou de cara com um peito largo e muito cheiroso. Mãos fortes me seguraram para não cair.

- Cuidado gata, melhor ver por onde anda, na próxima vez posso não estar aqui para salvar sua vida – disse uma voz aparentemente conhecida.

Olhando pra cima, vi o porquê. Era Jacob que logo foi jogando seu braço sobre meus ombros e cheirando meu cabelo. – Hum, floral. Delicioso – ele falou com uma voz mais rouca. Meu corpo ficou tenso com sua aproximação e olhei para Emily que tinha um enorme sorriso no rosto, pedindo ajuda.

- Jacob para de dar em cima da minha amiga. Deixa-a em paz garoto. - falou ela rindo. Aparentemente a minha desgraça era engraçada para ela. 

- Não posso Emily, nosso destino está traçado, vamos nos casar e ter lindos bebês covinhas de olhos verdes. – Disse ele rindo.

A paranoia dele foi tanta que bufei e acabei rindo também. Saindo de seu aperto consegui dizer - Nos seus sonhos garoto. Nos seus sonhos.

- Ah Hanna assim você machuca meu pobre coração – falou colocando a mão no peito e uma expressão de dor no rosto.

Bufei mais uma vez e puxei a Emily pelo braço, nos afastando de Jacob e Tyler que estava escorado na parede só observando o amigo.

Emily quis logo saber como eu tinha conhecido Jacob e que história era essa de casar e bebês. Falei que era paranoia da cabeça dele e que ele só falava isso para me deixar constrangida. Que o conheci essa manhã na casa dos meus tios e que já percebi seu jeito libertino de ser, azarando todo mundo.

- Bom amiga, isso é verdade. Jacob é conhecido por usar e jogar fora. Não pega a mesma garota duas vezes. Para ele e seus amigos garotas servem para saciar suas necessidades, ele não namora nunca. E é por isso que a Molly vive na cola dele, porque se acha especial, só porque em uma festa ele ficou com ela pela segunda vez ou algo assim. Então cuidado. Ele não é pra você. –disse ela seriamente.

- Bom, se é por isso que ele estava atrás de mim. Poderia muito bem logo desapontá-lo, pois tenho experiência zero em qualquer tipo de relação - eu disse a ela.

Ela parou no meio do corredor, olhou pra mim com olhos esbugalhados e disse numa voz um pouco alta demais para o local onde estávamos. - Você ainda é virgem? – ela sussurrou alto perguntando.

- Para de gritar. Tá maluca. Quer que toda a escola ouça? – falei tampando sua boca que estava aberta.

- Ok, ok, me desculpe. Meu Deus Jacob vai pirar se descobrir isso. Aliás, todos os garotos vão. – disse ela rindo alto. - Você vai ser o diamante mais precioso. Todos querem a virgem e inocente. Você já leu alguns romances e deve saber como funciona.

- Sim. Mas não estou procurando namorado, nem ninguém para estourar minha cereja– respondi dando de ombros.

- Menina você merece um prêmio por aguentar tanto tempo sem estourar a sua cereja. – falou fazendo aspas com os dedos. Rindo alto voltando a caminhar.

- Você não faz ideia - falei corando.

O resto da semana passou tranquilamente, eu já sabia onde minhas aulas estavam e tinha algumas atividades para fazer que estavam se acumulando, então resolvi avisar a Tia Susan que ia pegar um ônibus para voltar pra casa na sexta-feira, pois ia ficar até mais tarde na biblioteca fazendo meus trabalhos.

Ela já havia me dado um celular novinho em folha com número novo e tudo mais de presente, disse que já tinha os contatos de toda família programados nele. E que eu poderia mandar uma mensagem ao James sempre que precisasse que ele me buscasse na escola, mas não me sentia à vontade de ficar chamando-o todos os dias.

Quando liguei e avisei que voltaria de ônibus ela me deu um sermão dizendo. - Os Williams não andam de ônibus Hanna, jamais. – falou rindo. Eu não era uma Williams, mas não disse isso a ela.

Por fim acabei rindo do seu comentário já que eu e minha mãe vivíamos andando de ônibus em São Francisco para economizar combustível. Nosso carro quase nunca saia da garagem. Tia Susan o vendeu com a ajuda de Adam antes da minha mudança, colocando o dinheiro da venda em uma conta para mim no banco da família. A minha casa foi alugada por um preço base do ramo imobiliário, segundo ela. O dinheiro do aluguel vai para essa conta todo mês. Ela já fez muito por mim e continua fazendo. Saber que tenho uma estabilidade financeira onde posso comprar minhas coisas sem pedir nada a ela é mega tranquilizador. Sou muito grata por tudo o que vem fazendo. Minha mãe com certeza pode descansar sabendo que estou tão bem cuidada por sua irmã.

Nas cordas do DestinoOnde histórias criam vida. Descubra agora