Ludmilla
- A aula deu certo? - Olho por cima do ombro e vejo Daiane entrar, ela pega uma cadeira sentando ao meu lado.
- Não poderia ter sido melhor! - Ironizo e ela sorri, coçando a nuca.
- Dê um desconto pra ela, a garota tem um trauma.
- Todo mundo tem um trauma, Oliveira. Se fosse assim ninguém se levantaria da cama pra nada.
- Mas o dela ainda é recente.
- E você acha que ela vai ter tempo? - Digo a encarando com certa frustração. - O cara tá solto! Ninguém sabe o paradeiro do maluco. E se ele aparece hoje e tenta alguma coisa?
- Nós estaremos aqui.
- E se nós não formos o suficiente?
Seu semblante muda. Franze o cenho demonstrando estranheza e sinto meu coração apertar com tal pensamento.
- Você se importa tanto assim?
Meu rosto esquenta e desvio o olhar, voltando a limpar a arma.
- Claro que não. - Digo dando de ombros, tentando parecer sincera. - É só que... Bem, todos deveríamos ter a chance de aprender a nos defender, não?
- Claro, tenente... Com toda razão.
- Pois sim. - Continuo limpando o cano luminoso, tentando ao máximo não encará-la.
Esconder a verdade de Brunna era fácil, ela me odiava o suficiente para não perceber o que estava acontecendo, mas Daiane... Me conhece a tempo demais para saber exatamente o que sinto somente olhando em meus olhos.
- Espera, essa é arma que a deu para usar? - Aponta para o objeto em minhas mãos.
- Sim.
Ela toca minha coxa e a encaro, estranhando.
- Essa é a arma? - Arqueia uma sobrancelha, alternando o olhar entre a pistola e eu.
- Sim ué, por quê?
- Ludmilla...
- Tenente Oliveira!
- Ah corta essa, te conheço desde pirralha, porra.
Bufo, guardando a pistola na caixa e jogo o pano branco sob a mesa.
- O que tem essa ser a arma?
- Você sabe o que tem! - Se aproxima mais, observando afim de ter certeza que não havia ninguém ao redor. - Não vejo essa a dez anos.
- Pois viu agora. Não faça alarde disso, não tem nada demais.
- Nada demais? - Sorri sugestivamente e se encosta na cadeira. - Nem Denise viu essa...
Empurro sua mão, tirando-a de minha perna e puxo seu colarinho, fechando meus dedos ao redor de sua garganta.
- Não toca no nome dela! - Digo entredentes e ela levanta uma das mãos em sinal de rendição enquanto bate com a outra em meu braço, pedindo trégua.
- Desculpa! - Diz com certa dificuldade. A encaro, ódio ainda correndo em minhas veias. - Me desculpa!
Solto seu pescoço e me levanto, derrubando a cadeira no chão. Pego a caixa de madeira e saio dali sem olhar para trás.
- Ludmilla, não fique assim. Não falei por mal!
- Volte ao trabalho, sargento! - Grito com a voz dura.
Passo pela porta do celeiro e vou até a área de ensaio. Organizo as garrafas no local, deixando a caixa de madeira sob a mesa e me dirijo a casa. Entro na sala, vasculhando o local e nem sinal dela.
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A TESTEMUNHA
Action𝗟𝗘𝗜𝗔 𝗔 𝗗𝗘𝗦𝗖𝗥𝗜𝗖̧𝗔̃𝗢. Capítulos: 20. Conteúdo maduro. (+18) Avisos: Contém cenas de sexo explícito, violência, linguagem imprópria, temas sensíveis, consumo de álcool e drogas. . O que seria um crime perfeito acaba em um tiro saindo pel...