Brunna
Ouço seus passos na madeira rústica, a cada segundo ainda mais próximos de mim. Me escondo entre as prateleiras, segurando minha respiração na garganta.
- Eu sei que você está aí... - Sua voz macabra preenchia o cômodo.
Viro uma esquina entrando em outro corredor. Tudo estava tão escuro e gelado.
- Tenho uma surpresa para você. - O som de metal arrastando sobre a madeira maciça faz meu estomago se revirar.
Vou até o fim do cômodo, me encostando na parede, agachada entre dois armários. E então tudo é um extremo silêncio. Ofego exasperada, ainda em choque e me assusto com as lágrimas quentes tocando minhas mãos.
Seus passos se aproximam.
- Brunna... - Cantarola meu nome e sinto um nó fechar minha garganta. - Brunna...
Daqui conseguia ver Renatinho caído no chão. Um buraco atravessava sua testa e outro seu peito. Havia sangue para todo lugar espalhado junto de sua massa cinzenta. Seus olhos estavam abertos assim como sua boca, me encarando. Fecho os olhos não querendo guardar sua última imagem daquela forma. Então sinto uma mão puxando meus cabelos.
- Achei você! - Ele diz sorrindo e então ouço um disparo.
- NÃO!
- Ei! - Ela diz, se afastando. - Calma. O que aconteceu?
Me sento na cama, ainda confusa. Olho ao redor, reparando no cômodo em que estava. O mesmo quarto dos últimos dias. A mesma poltrona marrom no canto. A porta aberta indicando o banheiro a minha frente. Era apenas um sonho.
- Brunna? - Sinto seu toque em minha perna e me assusto. - O que houve?
- Nada. - Me apresso em dizer, colocando meu cabelo atrás da orelha. - Só tive um sonho ruim.
- Entendo. - Ela diz, compreensiva. Mas será que entendia mesmo? - Vamos, o café está pronto. - Diz indo em direção a porta.
Me levanto rápido, colocando os chinelos de qualquer jeito e vestindo a camisa do moletom.
- Vamos? Aonde?
- Preciso dar uma passada na cidade e você vem comigo.
- Mas eu não quero ir. - Digo no topo da escada, cruzando os braços e ela me encara lá de baixo.
- Okay. Vou chamar Rick e Gomez para ficarem aqui com... - Ela mal termina a frase e desço os degraus da escada a alcançando.
- Esta bem, eu vou. - Digo a encarando. - Mas contra minha vontade.
Revira os olhos para mim e se senta no sofá, voltando a prestar atenção na tv. Vou até o balcão da cozinha vendo um prato com panquecas e um copo de café preto. Me sento no banco alto, dando um gole no café e sinto minha boca amargar.
- Você quem fez isso? - Pergunto me virando para ela e Ludmilla faz que sim com a cabeça.
- Gostou?
- Tá igual você. - Ela apena me encara, seus olhos brilhando.
- Então você gostou.
Quem revira os olhos dessa vez sou eu. Deixo o café de lado e corto as panquecas levando uma garfada cheia a boca. Estavam uma delicia, ao menos isso. Como sem pressa, observando os pássaros ao lado de fora. Em alguns momentos, nessas seis semana em que estive aqui, senti inveja deles. Sentia falta de me sentir livre, de ficar em casa por escolha própria. Sentia falta da liberdade e me arrependia de não tê-la usado completamente quando tive a oportunidade.
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A TESTEMUNHA
Action𝗟𝗘𝗜𝗔 𝗔 𝗗𝗘𝗦𝗖𝗥𝗜𝗖̧𝗔̃𝗢. Capítulos: 20. Conteúdo maduro. (+18) Avisos: Contém cenas de sexo explícito, violência, linguagem imprópria, temas sensíveis, consumo de álcool e drogas. . O que seria um crime perfeito acaba em um tiro saindo pel...