MEU NOME É BRUNNA!

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Brunna


Desço as escadas indo até a cozinha. O som dos grilos cricrilando do lado de fora eram o único ruído na casa. Pego um copo no armário, enchendo-o com água e bebo até o ultimo gole. Sempre senti muita sede de madrugada. Coloco o copo na pia e encaro o terreno extenso pelo vidro da janela.

Alguns agentes andavam de um lado para o outro, carregando suas grandes armas a frente do corpo, atentos a qualquer movimentos ou som suspeitos. Vejo Wilson perto do celeiro conversando com outro agente, ele ria, provavelmente fazendo piadas de baixo calão, como sempre. Somente a imagem daquele homem era necessária para me deixar enojada.

Corro meus olhos para outro ponto do terreno mas nada interessante chama minha atenção. Quando estava pronta para voltar ao meu quarto, sinto uma presença às minhas costas e pego uma faca sob o tampo da pia.

- Ei, cuidado! - Ouço sua voz no breu e respiro aliviada. - Desse jeito pode se machucar.

Ela acende a luz e a claridade machuca meus olhos por alguns segundos.

- O que você quer? - Pergunto irritada e ainda assustada.

- Água. - Ela diz, mostrando uma cartela de remédios. - Só quero um pouco de água.

- Certo. Então beba sua água.

- Pode abaixar a faca? - Só então percebo que ainda apontava o metal para ela.

Largo o talher na pia novamente e saio do cômodo, indo até o meu quarto. Me ajeito na cama embaixo das cobertas, minha cabeça ainda latejava um pouco por conta da pancada de mais cedo. Quando estava pronta para pegar no sono, ouço a porta se abrir. Ela se senta em minha cama, perto de meus pés e eu me seguro para não gritar de raiva.

- Sente dor? - Sua voz sai rouca e grave, fazendo meu corpo arrepiar.

- O que te importa?

- Camila, tô tentando te ajudar.

- Ajudaria se não tivesse me machucado.

- Já disse que foi sem querer.

- Pessoas morrem sem querer.

Ela respira fundo. Sua paciência já começado a se esgotar.

- Pode responder minha pergunta por favor?

Me sento na cama e ligo o abajur. Ela pisca algumas vezes, ajustando seus olhos à claridade e eu a encaro.

- Sim, minha cabeça dói um pouco.

- Onde?

- Aqui. - Toco levemente o local, sentindo latejar.

- Posso ver? - Ela pergunta e sinto um resquício de preocupação em sua voz.

Aceno com a cabeça e ela se aproxima. Viro de costas e sinto seu corpo próximo ao meu, o calor de nossos corpos se misturando. Ela tira o cabelo de minhas costas, jogando em meu ombro esquerdo.

- Foi só um corte superficial. - Ouço sua voz reverberar atrás de mim e me arrepio. Seu hálito quente tocando meu pescoço. - Não vai precisar de pontos nem nada.

Respiro fundo, tentando entender as sensações que meu corpo sentia. Ela toca minha cabeça com as pontas dos dedos e eu prendo a respiração.

- Sentiu tontura ou algo assim? - Balanço a cabeça, negando e ela toca meu braço. - Você fica facilmente marcada. - Sussurra e eu fecho os olhos. - Me desculpa. - Me surpreendo com sua fala e a encaro. Seus olhos brilhavam com arrependimento e seu semblante estava calmo. - Não quis te machucar. Foi errado o que fiz. - Parecia realmente arrependida.

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