EU TE AMO!

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Houston, Texas. 19h47

- Okay, agora fiquem parados! - Ela diz, correndo em minha direção e se senta em meu colo. Sorrio, encarando a câmera e o flash dispara, indicando que a foto havia sido tirada.

Todos comemoramos, felizes que finalmente, depois da quinta vez, a foto de família deu certo, porém fomos surpreendidos por um segundo flash logo em seguida e o som de risadas explode, tomando conta da sala. Brunna me encara, me dando um breve selinho e eu acaricio seu rosto.

- Desisto de lidar com essa câmera!

- Não se preocupe, aposto que ficou ótima de qualquer jeito.

- Bora cambada, o jantar ta pronto! - Ouço a voz de minha sogra surgir da cozinha e nos levantamos.

Vou com ela até a mesa que estava repleta de comida e me sento, já me servindo.

Seis meses haviam se passado desde o julgamento de Dimitri e Romulo, e muita coisa havia acontecido. Andrada conseguiu dar a promoção que queria, com direito a festa de comemoração e tudo. Assim que dei meu aviso prévio, Daiane assumiu meu antigo cargo, se tornando a mais nova Tenente-Coronel da agência do FBI de Nova York e em sua primeira semana, comandou uma operação que prendeu uma quadrilha de tráfico de mulheres para países da Ásia. Foi no momento em que resgatou todas as 26 mulheres que seriam mandadas para Istambul, que se apaixonou a primeira vista por uma delas, Tânia. Uma bela colombiana, de olhos castanhos, sorriso largo e um sotaque a lá Sofia Vergara, que fez minha amiga ficar de quatro feito um cachorrinho. Apesar de não nos vermos mais todos os dias, continuamos mantendo contato e saímos algumas vezes em encontros duplos com nossas respectivas namoradas. 

- Ei, passa o milho!

- Cadê o pão?

- Acabou!

- JÁ? - Todos gritam indignados e eu rio da cena.

Brunna voltou para Nova York, mesmo com os protestos de sua família. No começo, ficaram com medo de algo acontecer, mas assim que ela deu um jantar, afim de me apresentar oficialmente a todos como sua namorada, e contou que não ficaria sozinha em NY, já que iria morar comigo, eles acabaram aceitando a ideia. Bru conseguiu terminar o curso, mesmo ficando atrasada durante o tempo em que esteve na fazenda, e recebeu o diploma que tanto almejou. Uma semana depois, a chefe de uma editora famosa entrou em contato com ela, dizendo conhecer Renato e pedindo para marcar uma reunião de negócios. Brunna aceitou e em pouco tempo, seu livro havia sido lançado, se tornando o best-seller do ano. O livro A Testemunha, contava a história de como tudo aconteceu sob o ponto de vista dela, revelando alguns detalhes inéditos do caso, inclusive algumas anotações de seu diário. Mas não se engane, o livro não era sobre o crime em si, e sim baseado em como nosso romance aconteceu. Uma imprevista história de amor que nasceu em um momento tão delicado. O nome foi em homenagem a pintura de meu avô, que inclusive virou a capa do livro, sendo muito bem elogiado pela crítica.

Já sua família, apesar de ter levado um choque no começo ao descobrir que a Barbie estava namorando uma mulher, aceitou muito bem nosso relacionamento. Ficamos algumas semanas hospedadas na fazenda de seu avô. Brunna me apresentou cada tio, primo e animal do local, sorrindo lindamente enquanto dizia em alto e bom som, "minha namorada". Nunca me senti tão feliz em minha vida.

- Quando vai estourar os fogos?

- Quando todos acabarem de comer.

Eu, por outro lado, também apresentei Brunna a minha família. A levei para conhecer meu avô, na casa de repouso em que está, e fiquei feliz ao perceber que a nova médica que cuidava dele finalmente acertou a dosagem de seus remédios. O velho Leonard estava mais alegre, conversando e sorrindo como antes. Apesar de seus olhos ainda carregarem a mesma tristeza, aquela em vi nos olhos de Heitor, tio de Brunna, meu avô estava melhor, recuperando todos os anos que o luto havia o roubado. Descobri também, que no tempo em que fiquei fora sem poder visitá-lo, ele acabou arrumando uma paquera, a gentil e carinhosa Irene Hodge. Os dois se conheceram na sala de xadrez e meu avô disse que se apaixonou por ela quando ele lhe deu xeque-mate. Ele me confidenciou em segredo, que nunca havia sequer pensado em outra mulher desde que minha avó havia falecido, porque se sentia culpado, mas após uma conversa franca, entendeu que minha avó ficaria feliz se ele estivesse feliz. Com o tempo, as visitas a meu avô ficaram cada vez mais frequentes, e ele passou a amar a companhia de Brunna. Ela lhe deu uma cópia de seu livro e meu velho chorou quando soube que sua arte estava mundialmente conhecida.

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