Ludmilla
O relógio marcava 5h00 da manhã. Os primeiros raios de sol já começavam a surgir no horizonte. Pássaros cantavam suas melodias a todo vapor. Pegadas no cascalho do lado de fora da casa, deixadas pelos agentes que começavam a fazer a ronda de seus turnos, já eram ouvidas. A brisa fresca entrava pela janela, fazendo as cortinas dançarem e meu corpo se arrepiar.
Da mesma forma como aquele beijo fez.
Não consegui dormir. Fiquei a noite inteira relembrando a sensação de seus lábios nos meus. Sua pele macia sob meus dedos. O cheiro do seu perfume se misturando ao meu. Não sabia ao certo o que sentir. Não sabia se deveria gostar ou não. Feri a ética do meu trabalho. Ultrapassei todos os limites. Porém eu não me arrependi. Pelo contrário, eu gostei. E o pior: queria repetir a dose.
Viro para o lado, encarando o céu rosado pela janela aberta, meu coração batia forte no peito enquanto me lembrava de tudo.
Sua provocação. Seu toque. Seus olhos.
Por mais que não quisesse admitir, confesso que esperei por aquele momento desde o dia em que brigamos em seu quarto e ela deixou claro o sentimento que tinha por mim.
- Você é insuportável!
- E você é um monstro!
- Eu odeio você! - Digo com toda a raiva que sentia.
- Eu odeio você!
Nossos rostos estavam colados, as respirações se misturando. Seus olhos estavam inundados de lágrimas. Sem querer, em uma fração de segundo, encaro seus lábios e sinto algo formigar em meu estômago. Sua boca é linda e extremamente convidativa. O formato, a cor, a maciez... Tudo só me dava ainda mais vontade de...
Beijá-la. Foi naquele instante, olhando em seus olhos e vendo que eles demonstravam o extremo oposto do que dizia, que me dei conta. Brunna não me odeia. Ela só precisa perceber isso.
Apesar de não aceitar no início, de negar que aquilo poderia ser verdade, eu já não tinha mais como esconder, estou completamente apaixonada por ela.
Encaro o teto do quarto novamente, sentindo o sorriso largo surgir em meu rosto e enfim entendo: Todo o cuidado e dedicação que coloquei nas últimas semanas, tentando ao máximo me aproximar mais dela de alguma forma, seja ensinando autodefesa ou tentando agradar seu paladar contraditório, eram somente a forma que tinha de demonstrar o que sinto. E apesar de quase falhar nessa missão, finalmente o dia havia chego. O dia em que nosso beijo deixou de ser uma vontade para de tornar realidade.
O despertador toca, me fazendo voltar a realidade e eu o desligo, me sentando na cama. Espreguiço meu corpo, sentindo meus músculos reclamarem e a famosa pontada no pescoço volta a me incomodar. Levanto, calçando meus chinelos e entro no banheiro já tirando a roupa e jogando no cesto. Abro o chuveiro deixando a água morna acariciar meu corpo e volto a me lembrar do acontecido de horas atrás. Nós duas deitadas naquele chão empoeirado, a conexão imediata dos nossos olhares, o toque delicado de suas mãos sobre meu corpo. Tudo foi tão melhor do que havia imaginado.
Termino meu banho, voltando ao quarto e escolhendo uma roupa para vestir. Estava terminando de colocar a calça quando ouço a batida na porta.
- Entra! - Ela coloca a cabeça para dentro assim que ouve meu comando e eu prendo o sorriso que ameaçou sair. - O que foi?
- Posso tomar banho aqui? Meu chuveiro ainda está quebrado.
- Claro. Depois vamos à cidade comprar um novo.
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A TESTEMUNHA
Action𝗟𝗘𝗜𝗔 𝗔 𝗗𝗘𝗦𝗖𝗥𝗜𝗖̧𝗔̃𝗢. Capítulos: 20. Conteúdo maduro. (+18) Avisos: Contém cenas de sexo explícito, violência, linguagem imprópria, temas sensíveis, consumo de álcool e drogas. . O que seria um crime perfeito acaba em um tiro saindo pel...