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Nova York, 23h47

Narrador

- Tragam esse desgraçado, agora! - O homem diz com raiva calibrada na voz.

Os dois agentes seguram o acusado pelos braços, o levando ao trancos para a sala de interrogatório. Um homem alto, cabelos curtos e castanhos, aparentava estar confuso e assustado. Os policiais o jogam sobre a cadeira de metal, fazendo-a ranger e atam as algemas na mesa a frente, assumindo a posição de comando logo em seguida. O investigador encarregado, um homem de aproximadamente 60 anos, entra na sala logo em seguida. Ele descansa seu copo de café preto em cima da mesa e se senta de frente para o acusado. Solta um pouco o nó da gravata que apertava seu pescoço largo e acende um cigarro, tragando a fumaça calmamente e a soltando em seguida.

- Você sabe porque está aqui? - Pergunta com a voz grave, enquanto brinca com o cigarro na ponta dos dedos.

O homem à sua frente apenas acena indicando que não, medo brilhando em seus olhos.

- Alguém te reconheceu de um retrato falado. O assassino daquela estrela de cinema. Soube de algo assim?

- Não, senhor.

O chefe do FBI respira fundo, tentando manter sua calma. A investigação já estava aberta há quase dois meses, a imprensa e o chefe do departamento a qual faz parte estavam em cima dele querendo respostas o mais rápido possível, mas a única coisa que conseguiu até agora, foram meia dúzia de ligações afirmando terem visto alguém que não era quem procurava. A paciência do singelo senhor já estava começando a acabar.

- Certo então, façamos o seguinte. - Ele tira do coldre da cintura, um revolver Taurus 410, o colocando sobre a mesa. - Tem um jogo que eu gosto muito de fazer, com caras iguais a você. - Abre o compartimento de balas, tirando cinco e deixando somente uma. Gira a pequena peça e fecha sem ao menos olhar. - Eu já estou ficando sem paciência com toda essa situação. E quando alguém não coopera comigo, eu preciso tomar medidas mais drásticas, você entende certo? - Aponta o revólver para a cabeça do homem. - Eu vou te fazer algumas perguntas, e se me der a resposta errada, eu atiro. Okay? - Pergunta sorrindo e o homem à sua frente chora, negando. - Certo. Vou começar com uma fácil; foi você quem matou Renato Smith?

O acusado faz que não com a cabeça e o senhor o chuta por baixo da mesa.

- Use palavras!

- Não, senhor. - Ele responde, chorando, de cabeça baixa.

Andrada aperta o gatilho, mas nada sai.

- Okay. - Respira fundo, se encostando na cadeira e deixando a mão firme com a arma ainda apontada. - Você teve alguma participação nesse crime?

- Não, senhor. - Mais um tiro. Mais um cartucho vazio.

- Existem provas que ajudam seu argumento?

O acusado tremia, mal conseguindo encarar o homem à sua frente.

- Não, senhor. - Sussurra fechando os olhos com força.

- Mais alto!

- Não, não senhor!

- Onde você estava na noite de 13 de Agosto às 18h47?

- Eu não sei.

Outro disparo, outro cartucho vazio.

- Suas chances estão acabando... Onde você estava?

- Em casa...

- Não minta pra mim!

- Eu juro!

- FODA-SE SUA JURA! ONDE VOCÊ ESTAVA? - Ele aperta o gatilho mais uma vez. Nem um som, nada de bala.

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