— Ei, ele está olhando para cá. — Ushijima diz.
— É, eu sei.
Sinto o olhar do Miya queimar meu rosto.
Mas então ele vai até onde Bokuto estava a alguns segundos atrás. Lá de cima, com o sol batendo em sua pele bronzeada pela semana jogando em céu aberto, seus cabelos voando rebeldes pela ventania que fazia.
Que clichê.
Desvio o olhar porque Meian me chama.
— Sakusa! Não vai entrar? — Ele saía encharcado do rio.
Mas nem que me paguem.
— Estou bem aqui. — Digo sentindo falta da minha máscara. Evitei de colocar para não ficar queimado com o formato do tecido no rosto. Ele apenas assente se deitando no chão sujo.
Franzo o nariz só de imaginar quantos germes tem naquele lugar.
— Ei, Sakusa. — Ushijima chama e eu o olho. — Tem um pouco de-... — Quando ele aproximava a mão para tocar no meu nariz, o Miya aparece. Graças ao bom Deus. Eu vou lá saber onde ele colocou esses dedos aí.
— Omi! Vamos entrar! — Ele para na minha frente, ignorando Wakatoshi, que se levanta para pegar seu celular que estava na bolsa em um canto meio afastado.
— Decidiu vir falar comigo depois de me evitar o dia todo? — Digo. — Sai fora. — Não era pra sair nesse tom. Mas quando percebi, já tinha dito.
Não sei o por quê, mas não ter Atsumu me perturbando deixou meu dia... sei lá. Não é a mesma coisa.
O loiro faz uma careta a minha pergunta, mas logo estende sua mão.
— Mas não estou ignorando agora, estou? — Ele sorria.
Ele agia como se não fosse nada ele não ter olhado na minha cara a porra do dia todo. Isso me deixou raivoso.
— Não é assim que as coisas andam, Miya. — Desvio meus olhos para os meus tênis, até ele se abaixar para ficar na altura dos meus olhos. Eu estava sentado em umas folhinhas perto do mato.
Ele estende a mão e toca meu rosto, erguendo-o. Passando o dedão pelo meu nariz. Eu fico paralisado e arregalo meus olhos. Suas orbes tão de perto pareciam mais bonitas. Mais translúcidas. A sombra que as árvores faziam em seu rosto era quase esculpida. Seu toque estava gelado em comparação a minha pele quente e ardente pelo sol.
Meus olhos, inconsequentemente, começam a seguir um única gota de água que caiu de uma mexa de cabelo e foi descendo, delineando seu rosto, até se desfazer em sua boca.
Nunca tinha reparado na boca de Atsumu. Ela era carnuda e avermelhada. Estava brilhando por causa da água do rio.
Queria muito, muito tê-la para mim agora.
Mas, então ele se afasta e volta para a água.
— Era isso que estava tentando tirar de você. — Ushijima corta totalmente meus pensamentos quando volta. — Tinha um pouco de protetor no seu nariz.
Mordo a língua e cerro os punhos.
Não sei o que está acontecendo comigo, e por que o Miya está me deixando assim. Mas quero que isso acabe logo.
Em um dado momento os treinadores aparecem e dizem que tínhamos que ir. Quem entrou na água — a maioria — começa a se secar e se vestir novamente.
Quando já estávamos na frente do ônibus Bokuto começa:
— Por que eles não precisam fazer chamada? — Ele pergunta emburrado, apontando para o outro time, que já estava partindo.
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O perigo entre nós
Fanfiction- Ei! Meu nome é Atsumu Miya. - Prazer em conhecê-lo, Miya. - Não vai se apresentar pra mim? - Quem sabe um dia.