11. 𝒮𝒶𝓀𝓊𝓈𝒶

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— Ei, ele está olhando para cá. — Ushijima diz.

— É, eu sei.

Sinto o olhar do Miya queimar meu rosto.

Mas então ele vai até onde Bokuto estava a alguns segundos atrás. Lá de cima, com o sol batendo em sua pele bronzeada pela semana jogando em céu aberto, seus cabelos voando rebeldes pela ventania que fazia.

Que clichê.

Desvio o olhar porque Meian me chama.

— Sakusa! Não vai entrar? — Ele saía encharcado do rio.

Mas nem que me paguem.

— Estou bem aqui. — Digo sentindo falta da minha máscara. Evitei de colocar para não ficar queimado com o formato do tecido no rosto. Ele apenas assente se deitando no chão sujo.

Franzo o nariz só de imaginar quantos germes tem naquele lugar.

— Ei, Sakusa. — Ushijima chama e eu o olho. — Tem um pouco de-... — Quando ele aproximava a mão para tocar no meu nariz, o Miya aparece. Graças ao bom Deus. Eu vou lá saber onde ele colocou esses dedos aí.

— Omi! Vamos entrar! — Ele para na minha frente, ignorando Wakatoshi, que se levanta para pegar seu celular que estava na bolsa em um canto meio afastado.

— Decidiu vir falar comigo depois de me evitar o dia todo? — Digo. — Sai fora. — Não era pra sair nesse tom. Mas quando percebi, já tinha dito. 

Não sei o por quê, mas não ter Atsumu me perturbando deixou meu dia... sei lá. Não é a mesma coisa. 

O loiro faz uma careta a minha pergunta, mas logo estende sua mão.

— Mas não estou ignorando agora, estou? — Ele sorria.

Ele agia como se não fosse nada ele não ter olhado na minha cara a porra do dia todo. Isso me deixou raivoso.

— Não é assim que as coisas andam, Miya. — Desvio meus olhos para os meus tênis, até ele se abaixar para ficar na altura dos meus olhos. Eu estava sentado em umas folhinhas perto do mato.

Ele estende a mão e toca meu rosto, erguendo-o. Passando o dedão pelo meu nariz. Eu fico paralisado e arregalo meus olhos. Suas orbes tão de perto pareciam mais bonitas. Mais translúcidas. A sombra que as árvores faziam em seu rosto era quase esculpida. Seu toque estava gelado em comparação a minha pele quente e ardente pelo sol.

Meus olhos, inconsequentemente, começam a seguir um única gota de água que caiu de uma mexa de cabelo e foi descendo, delineando seu rosto, até se desfazer em sua boca.

Nunca tinha reparado na boca de Atsumu. Ela era carnuda e avermelhada. Estava brilhando por causa da água do rio.

Queria muito, muito tê-la para mim agora.

Mas, então ele se afasta e volta para a água.

— Era isso que estava tentando tirar de você. — Ushijima corta totalmente meus pensamentos quando volta. — Tinha um pouco de protetor no seu nariz.

Mordo a língua e cerro os punhos.

Não sei o que está acontecendo comigo, e por que o Miya está me deixando assim. Mas quero que isso acabe logo.

Em um dado momento os treinadores aparecem e dizem que tínhamos que ir. Quem entrou na água — a maioria — começa a se secar e se vestir novamente.

Quando já estávamos na frente do ônibus Bokuto começa:

— Por que eles não precisam fazer chamada? — Ele pergunta emburrado, apontando para o outro time, que já estava partindo.

O perigo entre nósOnde histórias criam vida. Descubra agora