19. 𝒮𝒶𝓀𝓊𝓈𝒶

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Assim que Miya sai — empurro ele — fecho a porta rindo.

Me jogo no sofá e pego o celular. Fico algumas horas mexendo em tudo, vendo alguns boatos se espalharem. Teorias da conspiração sobre eu e Miya (não estão erradas mas tem umas absurdas). 

E isso já está ficando meio complicado. O treinador não sabe mexer muito nas redes sociais mas não é burro. Uma hora ou outra ele vai ver e vai vir questionar, e acho que mentir, sinceramente, não é uma opção. 

Talvez até lá eu e Miya temos até que... terminar o que temos, seja lá o que for.

Mas se isso vier a acontecer, temos que, pelo menos, entrar em um acordo (o que vai ser difícil), se não, o time vai desandar do mesmo jeito. 

Tudo pode dar errado de qualquer forma. Merda. Acho que nunca deveríamos nem ter começado isso.

Preciso dar um tempo. 

Pego a chave do carro. Quando estou estressado, pensando demais costumo dirigir. 

Assim que saio do apartamento ouço a porta ao lado ser escancarada e depois fechada com força.

— Merda! 

Olho para o lado assustado e vejo Atsumu vermelho, provavelmente de raiva. Enrugo o nariz. Nunca tinha visto ele assim. Ele finalmente parece perceber minha presença e me olha, suavizando a expressão.

— O-oi, Omi. A quanto tempo está aqui?

— O suficiente.

— Ah... — Ele coça a garganta e olha para o chão. — Onde está indo?

— Dar uma volta. Quer vir?

— Claro. Mas eu dirijo. — Atsumu diz.

Ata. Ele jura que eu vou deixar ele dirigir meu carro, de novo. 

— Não. — Falo simplesmente dando de ombros. 

Caminho até o elevador. 

— Ei, senhor ranzinza. — Ele fala alto como se eu fosse surdo e eu o olho, perfurando seu crânio. Miya ri. — E quem disse que vamos com seu carro? — Ele gira uma chave nos dedos.



— Mas nem que me paguem eu ando nisso com você. 

Depois que ele pegou dois capacetes no seu apartamento, descemos fomos até sua vaga, onde estava sua moto.

— Assim você me ofende, Kiyoomi... — Ele coloca uma mão na cintura. — Vamos logo. Essa é a terceira coisa que eu sei fazer de melhor. Depois de jogar vôlei, claro.

Ainda tem mais uma coisa que ele "sabe fazer melhor" porém algo me diz que eu não deveria perguntar o que é. 

Apenas reviro os olhos.

— Peguei até um capacete pra você, Omi. 

— Mas eu não concordei com nada disso. 

— Por favor, Omiii...

Olho para a moto. Então olho para ele.  E depois para a moto novamente. 

— Me promete que não vai correr muito rápido. — Digo isso firmemente.

— Ah, mas ai não tem gr-

— Me promete. — Ele ri.

— Só aproveita, Kiyoomi.

Ele estende um capacete e eu pego desconfiado. Miya coloca o seu e fecha. Faço a mesma coisa.

Ele sobe na moto e fica me encarando. O que de errado pode acontecer? Se eu morrer ele vai junto e Miya é muito orgulhoso para deixar um ser humano tão belo como ele morrer. 

O perigo entre nósOnde histórias criam vida. Descubra agora