9. 𝒮𝒶𝓀𝓊𝓈𝒶

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Acordo com o berro do treinador me sentindo estranhamente confortável.

Abro os olhos e sinto um cheiro forte de colônia então me afasto em um susto e logo vejo o sorriso do Miya.

Merda.

— Dormiu bem, Omi?

"Omi". Acho que esse é o apelido mais sem graça que eu já ouvi.

Mas sei o tipo do Miya. Ele faz essas coisas para me irritar então pensei em duas opções: ignorá-lo ou irritar ele de volta.

Obvio que fiquei com a mais divertida, e justa.

— Seria melhor se seu ombro não fosse tão... — Dou uma boa olhada em seus braços. Seus músculos sendo marcados pela camiseta branca e fina, que contrastava com sua pele.

Quando volto os olhos para sua cara pude vê-lo corar. Sorrio de canto. Acho que entendo o fato do Miya ficar tão frustrado por eu não ter a reação que ele quer que eu tenha. Porque quando a reação esperada acontece... é quase satisfatório.

— Acho melhor descermos do ônibus logo, todos já saíram e vamos ficar para trás. — Ele disse tudo isso rápido demais. Acho que vi uma veia saltar em sua testa.

Me levanto, coloco a máscara e pego minha mochila, segurando a risada. Quando estava descendo os degraus do ônibus pude ouvi-lo dizer:

— Deixem pra se comer depois! — Vejo Meian puxar sua orelha e ele fazer uma careta.

Olho para a direção em que o Miya falou e vejo Kageyama e Hinata se abraçando. Eu mesmo tenho vontade de ir e puxar sua orelha. Que coisa inconveniente.

Dou uma boa olhada em volta, atrás dos ônibus.

Aqui é um área extensa e plana. Há uma quadra de vôlei que é aberta e as linhas de fundo e laterais são brancas, provavelmente pintadas, e a rede está meio desgastada. Vamos jogar na grama aparentemente e essa é uma grama escorregadia. Se é que exista uma grama que não seja.

Do lado esquerdo dessa quadra tem uma pista de corrida enorme e do outro lado da pista tem um campo de areia.

Do lado direito tem um construção onde provavelmente vamos comer e tomar banho.

Em volta também há cercas nos separando do pasto, onde existem vacas vivendo lindamente. Espero que elas não sejam nossa janta.

E na frente dos ônibus há uma floresta densa. Onde vamos dormir. Por uma semana.

O treinador nos chama para caminharmos por uma trilha. Andamos por alguns minutos até chegarmos em uma área um pouco mais aberta que o resto da floresta.

Era uma área circular. Tinham pedras formando um circulo com madeiras no meio para fazer uma fogueira e, em volta, tinham banquinhos feitos de troncos cortados. O chão estava todo coberto de folhas, como um grande tapete. O sol entrava em raios no meio das árvores. Não posso negar que é um lugar bonito.

— Agora vocês podem montar as barracas.

Fico mais um tempo parado procurando um lugar bom para montar até que alguém chega do meu lado.

— Ei, Sakusa, onde está sua barraca? — Olho para o lado e vejo Miya olhando para minha mochila.

Não-é-possível.

— Ah, mas que-

— Ei! Olha a boca Omi... — Agora ele sorria descaradamente.

Tem vezes que até eu acredito em karma.

— Pode dormir comigo. — Ele pisca de um olho. — Minha barraca cabe nós dois.

Olho para o lado procurando até mesmo um buraco onde possa dormir.

O perigo entre nósOnde histórias criam vida. Descubra agora