15. 𝒮𝒶𝓀𝓊𝓈𝒶

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Meu dia hoje vai ser incrivelmente e incomodantemente calmo. Calmo demais.

O treinador disse para todos que Atsumu não vem porque estava com medo de ficar gripado. E como teria que ir para o evento amanhã, achou melhor não arriscar.

Ótimo.

No geral, o treino foi bem tranquilo como imaginei.

Como marcamos para ir no período da tarde para a noite, quando terminamos eu estava completamente destruído.

Descansava esparramado no chão da quadra, com os olhos fechados e o antebraço na testa respirando pesado.

— Pessoal, não se esqueçam do evento de amanhã! — O treinador gritava a todo o vapor. — E Sakusa! Vai dar um jeito nesses dedos!

— Sim, senhor... — Resmungo sem energia e me levanto sentindo meus dedos latejarem.

Começo a mexe-los, e tenho quase certeza de que não luxei nada. Quase.

— Ei, tá tudo bem, Kiyoo? — Bokuto chegou preocupado. — O tombo foi muito ruim?

— É... mas acho que não foi nada grave.

— Bom, espero que sim. Tchau, Kiyoo!

— Tchau. — Eu sorrio e me levanto indo até Meian, que se ofereceu para enfaixá-los. 


No dia seguinte acordo com o despertador.

Sento na cama e passo as mãos pelo rosto, sentindo todos os músculos do meu corpo tencionarem.

Raramente o treinador pega pesado demais. Mas ontem ele pegou.

Olho para os meus dedos ainda enfaixados. Meian me aconselhou a ir no médico só para checar se tudo estava realmente no lugar.

Não quero arriscar então eu vou. Como acordei cedo por causa do despertador natural, tomo a deixa para me livrar logo desse compromisso. Hospitais não são meus lugares preferidos. 

Quando saio encontro o Atsumu.

Trocamos algumas palavras, mas só conseguia reparar no quão... diferente ele estava.

Além de segurar um capacete.

Seus cabelos loiros estavam bagunçados de uma maneira bonita. Ele estava bagunçado de uma maneira bonita. E senti que precisava dizer isso.

Então eu digo.

E depois saio sentindo minhas orelhas esquentarem.

Acho que nunca elogiei alguém de uma forma tão sincera quanto hoje. E isso me deixou de alguma forma desorientado.

Droga, Miya.


No hospital descubro que não deu nada sério. O médico só refez as bandagens e me liberou rapidamente, recomendando que, se inchar, era para eu tomar um anti-inflamatório e que deveria tomar cuidado ao jogar novamente.

Como só foi uma batida, não precisei ficar sem jogar, apenas um dia já era o suficiente, e a noite, eu já poderia tirar a bandagem. 

Depois passo no mercado para comprar algumas coisas que estavam faltando e chego em casa meio-dia. Estava morto de fome.

Saio do carro e me apreço para pegar logo as sacolas no banco de trás. Me surpreendo ao ver Miya ao meu lado.

— Omi! — Me encosto na porta do carro aberta e o observo andar até mim sorrindo.

Sorrio minimamente, de forma inconsciente, por baixo da máscara.

— Miya.

— Está indo para onde?

O perigo entre nósOnde histórias criam vida. Descubra agora