O perigo entre nós

7. 𝒮𝒶𝓀𝓊𝓈𝒶

Acordo com meu celular apitando freneticamente.

Era Motoya.

Que caralhos ele estava fazendo acordado a essas horas?

"Ei, Kiyo. Você não vai acreditar!!!!!!!!!"

"Olha o tt!!"

"Aé você não tem, pera"

Reviro os olhos e aguardo alguns segundos com minhas pálpebras querendo se fechar. Mas isso não dura muito.

Meu estômago revira quando vejo o print.

"Um caso secreto dentro do MSBY?!!!"

"#sakuatsu"

— Mas que porra..?

Fecho o aplicativo de mensagens e entro no instagram. Não sigo páginas de fofocas, então pesquiso uma e clico na primeira que aparece.

É a primeira publicação feita do dia anterior às 23h33.

Leio o título e então vejo uma imagem minha entrando no prédio e Miya vindo logo atrás. Eu sabia.

Além da foto totalmente fora de contexto onde eu puxava o loiro para o vestiário. 

Minhas orelhas queimaram de raiva e vergonha. Isso podia ser interpretado de tantas maneiras...

Mas, a foto minha e dele entrando no apartamento, eu sabia que provavelmente tinham tirado, foi por isso que sai correndo da van. Queria entrar antes. Notei que havia um carro nos seguindo, mas parece que Miya não notou. 

Isso vai acabar agora. 

Mesmo sem responder Motoya, me levanto da cama do jeito que estava — camiseta e calça de moletom — passo uma água congelando no rosto e vou desesperado até o apartamento do lado.

Pretendo matar um loiro burro.

Toco a campainha. Uma. Duas. Três. Quatro vezes.

— Eu juro, Miya, que se você não atender essa porta... — Resmungo e então toco mais uma vez.

Começo a bater os pés no chão impaciente só de imaginar a merda que isso tudo vai dar. Sinto minha cabeça começar a doer.

O time pode perder patrocinadores. Seguidores. Torcedores.

E então Miya abre a porta.

— Bom dia dona T-

— Que porra é aquela?! — Corto o que ele iria dizer. Sei que muito provavelmente eu esteja descontando minha frustração nele, mas esse é definitivamente o último dos meus problemas.

Quando ele levanta os olhos para mim seu rosto esboça uma expressão surpresa e então ele sorri de canto. Odeio quando o Miya sorri. Tenho certeza que deveria falar sobre isso com a minha psicóloga. É humanamente anormal um ser me irritar tanto apenas por sorrir. Vou ter uma úlcera.

Parece que meu dia acabou de piorar.

— Bom dia, Sakusa. Dormiu bem, princesa? — Princesa? Os apelidos só melhoram.

Travo meu maxilar e entro quando ele me da passagem.

— Vai se foder, Miya. Você viu o que está acontecendo? — Pergunto enquanto o loiro fecha a porta.

— Sim, você invadiu a minha casa às seis horas da manhã e está discutindo enquanto eu estou seminu.

Finalmente noto esse pequeno fato. Inconscientemente meus olhos correm por seu tronco nu,  que revelava um abdômen trincado e seus ombros, que pareciam mais largos. Paro de encará-lo quando meus olho chegam até a barra da toalha, que escondia a continuação do V que se formava.