Capítulo 51

51 4 0
                                    

Mariana

Uma semana depois.

Olho com atenção para o comprimido em minha mão, seu aspecto liso e branco me fazem lembrar das medicações que vovó tomava para dor e agora que tendo que os tomar todos os dias sei como é horrível, contudo não reclamo pois isso vai ajudar a me manter viva e estável. Sem perder mais tempo levo o comprimido a boca e logo depois bebo um gole generoso de água, enquanto sinto o líquido e a pequena esfera redonda achatada descerem por minha garganta, penso em tudo que está acontecendo e lembro-me de quando eu me auto questionava sobre minha família, se ao menos naquela época eu soubesse o quanto a ignorância neste aspecto era uma benção eu jamais pensaria em saber mais sobre as pessoas desse lugar. Claro que alguns se salvam mas outros eu realmente preferiria não ter conhecido, suspirando em frustração ligo a torneira da pia e lavo rapidamente o copo que usei, por fim após seca-lo e colocá-lo de volta no lugar eu viro-me nos calcanhares com a intenção de sair da cozinha, porém para minha infelicidade esbarro com Márcia que adentra o ambiente com um sorriso gigante que por pouco não rasga sua face, tentando ignorar sua presença reviro os olhos e ando em direção a saída da cozinha, porém paro onde estou assim que ela chama-me.

— Mariana!— Respirando fundo e contando mentalmente até dez, viro-me em sua direção e cruzo meus braços.
— Pois não?— Sorridente ela aproximasse de mim e logo depois retira uma folha do bolso de seu uniforme, ela logo estende o pedaço de papel em minha direção enquanto sustenta o sorriso, sem entender nada ergo uma sobrancelha e a encaro com mais atenção.
— Pegue.
— Não.— Pronta para voltar a andar, sou impedida por sua mão em meu ombro.
— Vamos pegue, quero que você seja a primeira a saber.
— Saber do que?
— Veja por si própria.— Confusa mas morta de curiosidade, pego o pedaço de papel de suas mãos e logo o abro, cautelosamente analiso as quatro imagens escuras em minha frente, todas elas tem um pontinho branco e todas estão com círculos de cores diferentes demarcando o pontinho branco. Assustada olho para ela que ainda sorri como se nunca tivesse me odiado antes.
— O que é isso? — Pergunto apesar de saber a resposta.
— Oras é uma ultrassonografia, tá vendo esse pontinho branco na imagem é o meu bebê, ele ainda é só um grãozinho de ervilha.
— Meus parabéns.— Falo enquanto engulo minha saliva com força.
— Obrigada, estou tão feliz não vejo a hora de ver a cara que o Oliver vai fazer ao saber que estamos esperando um bebê.— Sentindo meu mundo girar deixo minha mão junto a folha cair ao lado de meu corpo, buscando respirar conto até dez novamente para assim evitar que uma lágrima escorra por minha bochecha.
— Fico... fico feliz por vocês.
— Obrigada, sabe no final das contas nossa rivalidade foi desnecessária pois no fim Oliver e eu vamos ficar juntos.

Sentindo o peso de mil quilos em meus ombros eu apenas esboço um sorriso amarelo e respirando calmamente lhe devolvo a folha de papel e viro-me novamente nos calcanhares, sem esperar ando apressadamente para fora da cozinha, passo pelo corredor e logo chego a sala onde para meu desespero vejo Oliver sentado olhando o celular, buscando controlar minhas emoções ando rapidamente pelo ambiente e sem demora vou em direção as escadas, todavia não chego a subir completamente o segundo degrau pois ele logo nota minha presença.

— Bom dia querida.— Pude ouvir atrás de mim sua voz calma e pacífica se aproximar, engolindo em seco mantenho-me calma e tento subir novamente os degraus.— Não fuja de mim amor.— Imediatamente fecho os olhos e tento manter minha mente em ordem apesar da bagunça em que ela se encontra.
— Não... não estou fugindo, apenas preciso me deitar um pouco.— Apesar dos esforços infelizmente não consegui evitar que minha voz saísse embargada.
— Gordita hermosa o que houve?— Imediatamente sinto o toque suave de sua mão em meu ombro e sem poder mais aguentar permito que algumas lágrimas banhem meu rosto.
— Nada Oliver, só preciso dormir só isso.
— Você sabe que mentir para mim não dá certo pois eu conheço você.
— Não estou mentindo, apenas preciso descansar.— Buscando me manter em silêncio, volto a subir alguns degraus porém sou puxada levemente para trás e logo sinto o peitoral forte e rígido de Oliver em minhas costas, sem saber como reagir eu apenas mordo os lábios enquanto sinto mais algumas lágrimas banharem minha face.
— Eu te conheço meu amor, melhor do que você imagina, então não tente fingir pois sei que algo aconteceu.

Lírio De PrataOnde histórias criam vida. Descubra agora