Capítulo 58

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Um ano depois

Oliver

Respiro devagar enquanto sinto meus pés atingirem o solo úmido e um pouco lamacento de meu quintal, treinar em dias chuvosos é de certa forma bom, pois o calor e o suor não incomodam tanto afinal as gotículas de água fria refrescam meu corpo. Levemente ofegante corro em direção a frondosa árvore que com o passar do tempo ganhará alguns galhos mais altos e frutos mais avermelhados, assim que me aproximo da árvore vou diminuindo meus passos até estar completamente em baixo dela, suspirando ergo meu pulso em direção a minha face e analiso meus sinais vitais através de meu relógio, aparentemente tudo está certo. Sorrindo guio meu olhar para cima e olho cada galho e cada pequeno fruto verde, assim que estiver no momento certo essas maçãs estarão ótimas; abaixando um pouco meu olhar vou vendo atentamente o tronco da árvore e logo sou bombardeado de lembranças, lembranças onde Mariana e eu fomos protagonistas principais, existem dias aos quais eu sento-me aqui e lembro-me de todos os momentos envolventes que tivemos juntos, todos os beijos, todos os toques e até mesmo todas as imagens lindas das paisagens do por do sol que compartilhamos juntos. Eu sinto saudades dela, mais saudades do que meu peito me permite sentir, me dói saber que ela se foi tão magoada comigo, tentei contato e sendo sincero tento até hoje, mas ela não responde e nem mesmo atende minhas ligações. Buscando mudar o foco de meus pensamentos relaxo um pouco o corpo e alongo meus braços e minhas pernas, por fim movo-me novamente saindo de baixo da árvore e sigo em direção a parte dos fundo de casa optando assim dar fim a sessão de treinamento de hoje.

30 minutos depois.

Ajeito a gola de minha camiseta enquanto desço calmamente as escadas, mais um dia de trabalho a qual será com certeza puxado e exaustivo, já no último degrau pronto para seguir rumo a sala de jantar ouço o som agudo e estridente de um grito desesperado vindo do segundo andar, imediatamente penso em Daniela, claro que já faz algum tempo que suas crises não se manifestam, todavia nada impede que elas possam retornar a qualquer momento, assim que volto a subir um degrau ouço uma voz de desespero aproximar-se das escadas, tão logo a dona de tal grito aparece e identifico Josefina, ofegante e desesperada.

— Señor Oliver, por el amor de Dios, ven rápido. ( Senhor Oliver, pelo amor de Deus, venha rápido.)

— ¿Qué pasó Josefina, por qué todos estos gritos? ( O que aconteceu Josefina, por que todos esses gritos?)

— Tu tío Thomas no responde o se mueve en la cama. ( Seu tio Thomas não responde nem se mexe na cama.)

Imediatamente subo os degraus de dois em dois e assim que estou já no andar de cima, vejo Daniela e Karoline vindo em minha direção, uma com o olhar preocupado e a outra totalmente indiferente a situação do momento, sabendo que Karoline não moverá um músculo para ajudar, eu miro rapidamente minha visão em Daniela que entende o que quero sem nem ao menos eu pedir. Balançando sutilmente a cabeça para ela, logo a vejo descer rapidamente as escadas e eu sem demora guio meus passos em direção ao quarto de meu tio, assim que chego não bato na porta, eu apenas adentro o ambiente e logo vou em direção a sua cama, acabo o encontrando imóvel, levemente pálido e gélido, respirando calmamente pego sua mão e em questão de segundos verifico seu pulso, constato que ele ainda está vivo apesar de seu pulso estar fraco e seu corpo completamente gelado.

— Vamos tío, no te rindas ahora marinero. ( Vamos tio, não desista agora marinheiro.)

Afasto suas cobertas para longe e em seguida o pego em meus braços, apesar de alto tio Thomas não é pesado. Sem demora saio de seu quarto aos berros pedindo que Carlos prepare o carro; Sua idade avançada sempre nos preocupou ainda mais por ele se negar a ir ao médico e manter uma rotina de cuidados, vivi anos com o receio deste momento e agora com meu tio aqui em meus braços desfalecido consigo sentir o desespero tomar conta de meu ser. Desço novamente as escadas e desta vez com mais calma, assim que chego ao final dela vejo meu pai e Daniela virem correndo em nossa direção, eles logo percebem a gravidade da situação e imediatamente auxilia-me a levar tio Thomas até o carro que já está perfeitamente estacionado na porta da frente de casa, Daniela adentra o banco de trás e sem demora o colocamos junto a ela com sua cabeça no colo de minha irmã e minutos depois eu fui para o banco do motorista e meu pai para o do passageiro, mal deixei meu pai fechar a porta do veículo e já dei partida indo rumo ao hospital.

1 hora depois

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1 hora depois.

Sentado na cadeira de espera respiro fundo enquanto passo as mãos por minha cabeça e logo em seguida por meu rosto, meu pai já está a muito tempo dentro do quarto junto a meu tio, busco a todo momento ter pensamentos positivos contudo nada me faz manter a calma; tentando distrair a mente pego meu celular em meu bolso, desbloqueio a tela e logo vou em meus contatos e em poucos minutos ligo para minha mãe, o característico som de chamada deixa meus nervos a flor da pele contudo logo a chamada é atendida.

— ¡Madre! ( Mãe!)

— Hola hijo, ¿cómo estás? ( Olá filho, como está?)

— Estoy preocupado, mi padre ha estado en la habitación con el médico y el tío Thomas durante mucho tiempo. ( Estou preocupado, meu pai está há muito tempo no quarto com o médico e o tio Thomas.)

— Relájate hijo tu tío estará bien pronto. ( Relaxa filho seu tio vai ficar bem logo.)

— Espero mamá. ( Espero mamãe.)

— Sí, ve hijo. Ahora tengo que colgar e ir al salón con Karoline, mis uñas ya están horribles. ( Sim, vai filho. Agora tenho que desligar e ir ao salão com a Karoline, minhas unhas já estão horríveis.)

— ¿Hablas en serio mamá? ( Fala sério mamãe?)

— Claro hijo, ahora me tengo que ir besos. (Claro filho, agora tenho que ir beijos.)

Sem ter tempo de argumentar ouço a chamada ser desligada e imediatamente sinto minha mão cair em meu colo juntamente com meu celular; suspirando bloqueio novamente o aparelho e o guardo dentro de meu bolso, no momento que ergo novamente meu olhar encontro meu pai parado olhando-me atentamente enquanto mantém suas mãos dentro dos bolsos de sua calça, imediatamente levanto-me e o encaro buscando encontrar alguma novidade em seu olhar, porém o que encontro é apenas cansaço e preocupação.

— Él quiere hablar contigo, hijo. ( Ele quer falar com você, filho.)

Concordando rapidamente com a cabeça, respiro fundo e sigo junto a meu pai até a porta do quarto onde tio Thomas está repousando, assim que chegamos ergo minha mão para segurar a maçaneta, contudo a mão de meu pai segura a minha, impedindo que eu continue.

— Fue un infarto, así que no lo pone nervioso. ( Foi um ataque cardíaco, por isso não o deixa nervoso.)

Concordo rapidamente com a cabeça e sem mais demora, meu pai solta minha mão e logo eu prossigo e abro a porta do quarto, adentro o ambiente gelado e de cores neutras e sem demora chego ao lado do leito de meu tio e sem procrastinar pego uma de suas mãos e minutos depois suspiro e olho para sua face cansada e ainda pálida.

— Que susto nos diste, marinero. ( Que susto você nos deu marinheiro.)- Lentamente vejo seus olhos se abrindo e em questão de segundos sinto seus dedos magros apertarem minha mão.

— Oliver!

— Estoy aquí tío. ( Estou aqui tio.)

— Tráelos de vuelta. (Traga-os de volta.)

— ¿Qué tío? ( O que tio?)

— Tráelos de vuelta. (Traga-os de volta.)

Imediatamente olho para meu pai que passa a mão sobre a face e suspira, entendendo seu pedido eu apenas aperto sua mão e logo depois a levo até meus lábios e a beijo.

— Los llevaré a casa tío. (Eu vou trazê-los para casa tio.)

Concordando sutilmente com a cabeça ele volta a relaxar e em seguida eu solto sua mão, o que não pude fazer a um ano e nem tive coragem terei que fazer agora e sei que não será tarefa fácil.

Lírio De PrataOnde histórias criam vida. Descubra agora