capítulo 25: Olhos cheios de estrelas.

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Minhas noites sem dormir são melhores com você do que as noites poderiam ser sozinhas. Eu era boa em não sentir nada, agora, sou um caso perdido. Que saco te amar como eu amoHalley's Comet, Billie Eilish.

Matilda saiu do banho com uma toalha no cabelo e pés descalços, enquanto vestia uma camiseta que ia até o joelho. Estava com tanto sono que tentava não tropeçar enquanto andava.

Sorriu para Eddie, se sentando na beirada da cama, começando a secar seus fios que pingavam gotas de água.

O quarto do Blue Room não era tão ruim – considerando que os dois estavam um hotel beira de estrada no meio do nada, pagando menos de cinquenta dólares. – era bem arrumado, com paredes de tijolinhos alaranjados e duas poltronas perto da janela, era definitivamente aconchegante e o lugar perfeito para passar apenas uma noite.

Eddie, que estava na cama, a puxou pelos braços cuidadosamente para que ela se deitasse ao seu lado e assim Matilda fez, distribuindo beijos por todo o rosto dele. Ela se aconchegou em seus braços, fechando os olhos.

— Ei, o que tem naquela mochila sua que está no porta-malas? Fui mexer nela quando chegamos e parece que tem chumbo dentro. — perguntou enquanto acariciava o cabelo dela, vendo-a quase adormecer.

— Livros. — respondeu baixinho, bocejando.

— Pretende ler tudo isso em três dias? — sorriu, achando engraçado e adorável. — Minha namorada é tão inteligente! — rolou os olhos para ela, fazendo-a rir.

Era tão estranho e ao mesmo tempo incrível ouvi-lo dizer a palavra namorada para ela, na mesma nedida que era estranho e incrível para Eddie dize-la. Gostaria de chamar Matilda apenas assim, de sua namorada.

Durante os meses que a conhecia, Eddie havia reparado em como ela lia livros extremamente rápido. Em seu quarto na casa dos Henderson ela tinha uma prateleira com alguns que comprou em Hawkins, outros que leu ou estava lendo. Ele gostava de vê-la ler e da expressão adorável de concentração que fazia.

A verdade é que, durante sua vida, os livros deram Matilda a mensagem reconfortante de que ela não estava sozinha.

— Não, é impossível ler isso em três dias! — disse num tom óbvio, tocando no nariz dele. — São livros para ocasiões diferentes. Um eu li no carro, outro vou ler na praia, outro quando estivermos no metrô ou no Central Park e tem um pra você, também. — apontava a quantidade com os dedos.

— Pra mim? — sorriu para ela, com os olhos brilhantes.

— É. Já leu Jane Eyre? — ele negou com a cabeça. — É meu livro favorito. Li umas dez vezes, a edição que eu tenho é bem velhinha, a capa tá meio amassada mas eu li mês passado e fiz anotações pra você. — fechou os olhos novamente, abraçando o corpo dele com mais força.

A fala de Matilda batia na pele despida do braço dele, e Eddie gostava tanto que poderia se acostumar com aquela sensação para sempre.

— Anotações?

— Sim, nas margens, sabe? — ele apenas sussurou um hurum. — Enquanto eu li fui escrevendo comentários nas margens. Não precisa ler se não quiser, só pensei que seria legal...

— Vou amar ler. Obrigado, linda. — deixou um beijinho na testa dela, inalando o perfume doce que vinha de sua pele.

Eddie quis explodir em como aquilo era doce e atencioso da parte dela. Matilda queria que Eddie tivesse algo dela quando fosse embora, talvez quando ele visse as anotações e recados que escreveu, ficasse mais tranquilo com sua partida. Ela não sabia dizer ao certo, mas queria que ele tivesse seu livro favorito e guardasse com carinho, da mesma forma que ela iria para sempre lembrar do que viveu com ele e guardar as memórias.

𝐓𝐢𝐦𝐞 𝐀𝐟𝐭𝐞𝐫 𝐓𝐢𝐦𝐞 | 𝐄𝐝𝐝𝐢𝐞 𝐌𝐮𝐧𝐬𝐨𝐧Onde histórias criam vida. Descubra agora