16 - Catástrofe

725 79 5
                                    

Tropeço na escadaria de entrada do colégio e percebo diversos olhares na minha direção. Meu celular apita e vibra anunciando uma mensagem de texto, e eu tenho que recuperar o equilíbrio antes de tirá-lo da bolsa.

J-Hope: Todos os itens já foram cadastrados em sites de leilão; você vai receber notificações no seu celular. Boas vendas!

Ah, que ótimo, pelo menos uma boa notícia! Posso concluir que comecei bem o dia. Um sorriso se forma em meu rosto e tomo o fôlego de que preciso para enfrentar o dia hoje. Tenho aulas e mais aulas, uma reunião complexa com Tae, que se tornou defensor oficial dos deveres de cheerleader e um término de namoro com Taemin. Nada muito tenso, será um dia bem leve e despreocupante (só que não).

Desconfio que chega um ponto em que você não pode mais mentir para si mesmo e, quando isso acontece, todas as suas ações se transformam. Se você continuar mentindo para si, mas já souber a verdade, estará mentindo não para você, mas para os outros envolvidos. Posso ser um pouco burrinho, mas não sou tão idiota ou babaca a esse ponto.

Só não sei o que vou fazer depois que resolver todas essas questões, afinal, não é como se eu pudesse me declarar para Jeon Jungkook e, desta vez, não tem nada a ver com ele ser um nerd e estar acenando para mim... Oh, meu Deus. Ele está acenando para mim!

Abro bem meus olhos para ter certeza de que não estou imaginando coisas. No corredor do outro lado, posso ver Jungkook, com uma camiseta azul-celeste e um símbolo triangular do lado esquerdo, como um brazão. Deve ser mais alguma camiseta nerd, mas perdoem a minha falta de conhecimento nessa.

O corredor desaparece ao redor, não vejo mais as pessoas que estavam olhando para mim e nem os cartazes floridos do Baile da Primavera ou os anúncios de "Vote em mim" que eu ou Woo colamos nos quadros de aviso. Tudo o que eu vejo é Jungkook. Meu coração acelera conforme ele caminha na minha direção; cada passo dele é uma batida poderosa que me ensurdece. 

Nesse pequeno espaço de tempo, acontece um flashback em mim com todas as coisas que ocorreram e que foram capazes de virar meu mundo de cabeça para baixo. Acho que começou com o café gelado que Taehyung atirou na cara de Jungkook, e me pergunto como teria sido se, em vez dar um fora nele, eu tivesse aceitado seu convite para o baile?

Eu duvido que depois daquilo ele me convide para qual quer coisa que não seja estudar com um cheque em vista.

- Bom dia, Jimin. - Jungkook lança um sorriso de me deixar de pernas bambas, e eu me seguro por uns instantes no armário de algum desconhecido para manter-me em pé. Bato a mão com mais força do que o normal, criando um estrondo que se alastra pelo corredor.

- B-bom dia - engasgo como se tivesse desaprendido a falar. Uma força magnética se forma entre nós, semelhante àquela força que impulsiona os ímãs e os faz grudar. O único diferencial é que, com os ímãs, os dois sentem a força magnética, mas, no meu caso, estou sozinho nessa situação.

- Tudo bem? - Ele ajeita os óculos colocando a lente entre nós, analisando o fato de que me segurei no armário.

- S-sim.

- Sumy me disse que você está contundido, é verdade? - ele me pergunta com a sobrancelha da discórdia para cima.

- Ah, é. Eu estava. - Inclino o corpo um pouco para frente e coloco a mão no ombro, massageando. - Meu pescoço está um pouco dolorido, mas já melhorou. Quase cem por cento!

- Você não disse nada ontem e me parecia muito bem. - O tom que ele usa é quase que de interrogatório, e sinto como se uma luz fulminante acendesse contra o meu rosto.

- Não estava assim tão ruim - nego com um sorriso cara de pau. Olho ao redor, percebo mais gente prestando atenção no que estamos falando e isso me incomoda. Peraí, outra coisa me incomoda mais! - O que Sumy queria com você? Quando você falou com ela?

Apaixonado pelo Nerd!?Onde histórias criam vida. Descubra agora