Capítulo 1

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Sofia
"SOFIA!" "PODE OLHAR AQUI, POR FAVOR?" "DÊ UM SORRISO PARA A CÂMERA A SUA DIREITA, SOFIA!"

Os gritos que chegaram ao meu ouvido no momento que pisei no tapete vermelho, junto com a quantidade imensurável de flashes brilhando na minha direção, me deixaram momentaneamente desorientada. Levei alguns segundos para conseguir me acostumar com o barulho e a claridade e, finalmente, comecei a sorrir e posar para as câmeras.

Essa não era a primeira vez que eu pisava no tapete vermelho do Oscar, mas eu ainda não havia me acostumado com a sensação de estar vivendo meu maior sonho. Eu sempre quis ser atriz, desde que eu me entendia por gente. Minha mãe tinha vídeos meus, no auge dos 4 anos de idade, em que eu estava encenando minhas cenas favoritas de "Cinderela" em frente a uma plateia de ursos de pelúcia. A atuação tinha me escolhido antes mesmo de eu entender o que isso significava.

Mas eu também sabia, desde cedo, que precisava trabalhar muito para conseguir chegar onde eu queria, pois a indústria era cruel até mesmo para as crianças. Cresci entre aulas de dança, canto e atuação. Aprendi a balancear ensaios com estudo. Estava em todas as peças, comerciais e figurações que eu podia. Ganhei meu primeiro papel grande na televisão aos 21 anos, onde eu fazia uma garota popular, em uma série adolescente, que tinha problema de autoestima e não acreditava no amor. A série estourou, ficou muito conhecida e me rendeu até alguns prêmios menores. Apesar disso, ficamos no ar por apenas três temporadas. O autor sabia bem onde ele queria que a série terminasse e não teve dinheiro nenhum que o fizesse prolongar a trama. Eu o respeitava por isso.

O sucesso dessa série fez com que inúmeras propostas surgissem para mim. Fiz alguns papéis aqui e ali, mas foi um filme de drama que me fez ganhar meu primeiro Oscar como atriz coadjuvante, aos 26 anos. Não preciso nem dizer como isso me deixou nas nuvens, pois, além de ser a realização dos meus sonhos, também provava que eu era boa no que eu fazia e que eu podia ir longe. No ano seguinte foi a vez de ganhar um Emmy como melhor atriz de série dramática, pelo meu papel principal na primeira temporada de uma série que, agora, estava em fase de lançamento da segunda temporada e renovada para a terceira.

E eu não sabia fazer mais nada do que agradecer e me sentir extremamente feliz e realizada, pois eu sabia que era um privilégio poder viver tudo que eu havia sonhado.

- Eu não faço ideia de como você consegue aguentar isso. - Minha irmã, Helena, comentou assim que passei por todos os fotógrafos e eu ri. - Eu odeio tanto.

Helena era advogada e tinha aversão a câmeras, mas mesmo assim ela era minha companhia pra todos os eventos que ela podia estar presente. Na verdade, minha irmã era minha melhor amiga e companheira de vida. Eu teria coragem de abrir mão de toda a minha carreira por ela.

- Eu sei que odeia, Lena, e fico grata por enfrentar isso para me acompanhar.

- Acha que estou aqui para te acompanhar? Eu vou nesses eventos para tietar meus famosos favoritos. Inclusive, sabe quem sorriu para mim há uns cinco minutinhos? JLo.

- Ei! Você vem porque ama sua irmã mais velha, admita! - Brinquei, me fingindo ofendida e ela negou com a cabeça.

- Não. Eu venho pelos famosos mesmo. - Ela disse e eu abri a boca, colocando a mão no peito, na maior encenação de chateação que consegui. Helena riu, me abraçando de lado. - Você sabe que estou brincando, irmã. Venho porque te amo.

- Ainda bem, estava pensando seriamente em te expulsar de casa.

- Você não faria isso! Seus fãs te matavam, porque eles me adoram.

- Pior que é verdade. - Concordei e nós duas rimos.

Apesar de extremamente reservada, Helena fazia sucesso com os meus fãs e nas raras vezes que aparecia nos meus stories, fazia meu Instagram quase explodir.

Esse tipo de amor...Onde histórias criam vida. Descubra agora