Chris
Se tem uma coisa que aprendi logo que me formei na faculdade de medicina é que cada plantão é uma surpresa. Em alguns dias, a gente passa horas e mais horas sentado, sem fazer nada e parece que o tempo se arrasta. Mas em outros, a gente quase não consegue respirar de tanta coisa que aparece. Eu preferia o segundo tipo, por mais que saísse do hospital destruído. E foi assim que eu terminei um plantão em uma quinta-feira de manhã.Saí do hospital morto, ansiando pela minha cama. Todavia, quando já estava dentro do Uber, meu estômago roncou e eu me xinguei quando lembrei que não tinha feito compra e não tinha absolutamente nada dentro da geladeira. Era pouco mais de seis da manhã quando o carro me deixou em frente ao meu prédio e eu me lembrei da cafeteria 24 horas que ficava há poucos metros do meu apartamento. Decidi me arrastar até lá e comprar um café da manhã. Mais tarde eu me preocuparia em fazer compras.
Pelo horário, o movimento ainda não era muito grande. Provavelmente lotaria em cerca de 30 minutos, o que me permitiria desfrutar do meu café em paz. Não demorei a fazer meu pedido e logo estava sentado em uma das mesas, lendo um jornal eletrônico e lutando contra o sono.
- Seu café, senhor. - A garçonete disse, chamando minha atenção e eu levantei o olhar, agradecendo-a.
Quando ela começou a se afastar, meus olhos recaíram sobre a imagem de uma mulher passando pela porta de entrada da cafeteria e eu soltei uma risadinha incrédula quando a vi. Ela estava com os cabelos soltos e molhados e usava um óculos de sol cobrindo seus olhos verdes, mas, desde que eu a vira pela primeira vez, eu a reconheceria em qualquer lugar. Acompanhei Sofia caminhar até o balcão e esperar na fila atrás de uma senhorinha. Ela estava lendo algo que parecia uma apostila e estava bem focada naquilo, tanto que, quando a senhora à sua frente terminou seu pedido e saiu, a balconista teve que chamá-la para que ela fosse até o balcão, pois ela ficou parada no mesmo lugar.
Sofia fez seu pedido e, quando começou a procurar uma mesa, ela me viu. Pensei que ela não me reconheceria ou, se reconhecesse, não daria a mínima, mas um sorriso surgiu em seu rosto e ela começou a caminhar na minha direção.
- Estou começando a pensar que você está me seguindo. - Ela disse, bem humorada, e eu ri.
- Só para constar, eu cheguei primeiro, então é você quem está me seguindo.
- Ok, você tem um ponto. - Um semblante convencido tomou meu rosto e Sofia riu, negando.
Quando o som da risada dela encheu meus ouvidos, eu instantaneamente me esqueci de do cansaço que eu estava sentindo e da cama que me esperava em casa.
- Quer se sentar? - Perguntei, apontando a cadeira à minha frente e Sofia pareceu ponderar por alguns instantes.
- Não quero incomodar.
- Não é incômodo nenhum.
A mulher sorriu e puxou a cadeira no exato momento que a garçonete trouxe o pedido dela. Ela colocou a tal apostila sobre a mesa e tirou os óculos escuros, deixando com que eu, finalmente, conseguisse enxergar seus olhos verdes. Suspirei fundo, chegando facilmente a uma conclusão: eu podia ainda não conhecer muito daquela mulher, mas eu estava complementarmente atraído por ela.
- Estudando? - Perguntei, apontando para a apostila.
- De certa forma, sim. É coisa do meu trabalho.
- Você trabalha com o que?
- Você não sabe? - Ela perguntou, parecendo levemente surpresa, e eu franzi o cenho.
- Eu deveria?! - Perguntei, incerto e ela negou.
- Não, claro que não. Trabalho na indústria de mídia. - Respondeu, depois de pensar um pouco. - E você?
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Esse tipo de amor...
RomanceSofia Duarte é uma atriz de sucesso. Ela não se lembra de uma época de sua vida que não tivesse certeza de que queria atuar. E agora, no topo de sua carreira , ela vive tudo o que sempre sonhou em viver. Mas se tem uma área em que Sofia não é bem-su...