Capitulo 10

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Sofia
Eu nunca fui impulsiva, muito pelo contrário, sempre fui conhecida como a pessoa que pensava em todas as variáveis, mais de uma vez, antes de, finalmente, tomar uma decisão. Porém, quando se tratava de Christian Taylor parecia que isso mudava completamente de figura e o fato de eu estar de frente ao espelho do meu quarto, analisando o conjuntinho verde que eu usava para irmos jantar era prova disso.

Como eu tinha ido tão rápido de "não vou me interessar por esse cara" para "sim, eu aceito tentar algo com você, vamos jantar juntos" eu não sabia explicar. Talvez eu já estivesse interessada há bastante tempo e estava só mentindo para mim mesma. Talvez eu estivesse só querendo descobrir aonde isso iria chegar. Eu não sei. Só sei que havia algo sobre Chris que me atraía e me fazia baixar a guarda. Eu ainda tinha medo e eu ainda não acreditava que eu havia nascido para viver um relacionamento feliz, mas tinha algo dentro de mim que me dizia para deixar rolar com Chris e aí toda a dúvida e a resistência que eu parecia ter iam embora. Era confuso e nem eu mesma conseguia entender.

Meu celular vibrou sobre a minha cama e eu o peguei, vendo uma mensagem de Chris falando que chegava em dez minutos. Eu tinha feito uma reserva em um restaurante de comida italiana que eu estava acostumada a frequentar. O local era ótimo, a comida era deliciosa e eles sempre separavam uma mesa em um local mais discreto para mim. Chris iria me pegar aqui em casa e iríamos juntos até o restaurante. Por isso, agarrei minha bolsa e joguei um batom e o celular lá dentro, saindo do quarto e descendo as escadas em direção ao primeiro andar.

Eu já estava quase perto da porta da frente quando ouvi um chorinho baixo vindo da cozinha. Mudei minha trajetória e fui até o outro cômodo, nem um pouco surpresa ao encontrar Chico deitado de frente para seu potinho de comida vazio. Quando me viu, o cachorro soltou outro chorinho e bateu a patinha no pote, me arrancando uma risada. Chico era um vira-lata preto de pelos baixos que minha irmã havia adotado em uma ONG que ela era voluntária. No começo não fui muito fã da ideia, mas agora eu estava perdidamente apaixonada por ele.

- Você é um serzinho muito esfomeado, não é? Te dei comida agorinha. - Reclamei, brincando, e ele soltou mais um chorinho. - Até parece que você nunca come, Chico. O que as pessoas vão pensar se verem você chorando assim?

Caminhei até a porta que dava acesso ao meu quintal, levando seu pote na mão e Chico veio atrás de mim, saltitando de felicidade porque ia ganhar comida. Helena estava guardando a ração e as outras coisas do nosso cachorro em um armário que tínhamos na varanda que, naquele momento, estava cheia de poças. Mais cedo naquele dia havia caído uma tempestade e, mesmo tendo restado apenas um leve sereno agora, a água no meu quintal e a na varanda ainda não haviam secado completamente.

Comecei a andar com atenção, tentando não pisar onde não devia, mas Chico parecia ter adorado as poças, pois tinha se esquecido momentaneamente da comida e estava pulando na água. Olhei para a pequena bagunça que ele fazia, me distraindo enquanto continuava andando e não demorou para que eu percebesse que tinha sido uma péssima ideia. Sem olhar onde eu andava, acabei eu mesma pisando em uma poça e escorregando. Com o salto alto e a mão ocupada, eu até tentei me equilibrar, mas não consegui. Meu pé direito virou de lado e eu ouvi um estalo antes de cair para trás. Senti algo quente escorrendo no meu braço e uma dor quase insuportável em meu tornozelo e gemi.

Chico ouviu meu gemido e veio na minha direção, parecendo preocupado. Me sentei, olhando meu tornozelo, que estava inchando muito rápido, e tentei movê-lo, mas a dor era grande demais e eu soube que não conseguiria me levantar dali sozinha. Helena não estava em casa, na verdade, ela não estava nem na cidade e eu estava pensando no que fazer para pedir ajuda quando a campainha tocou. Soltei um suspiro de alívio. Provavelmente era Chris e ninguém melhor do que um médico para me ajudar, não é? Me estiquei um pouco, conseguindo pegar a bolsa que tinha caído junto comigo e peguei meu celular. Disquei o número dele e dois toques depois, Chris atendeu.

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