Esse tipo de amor...

Capitulo 23

Chris
Certos acontecimentos são grandes divisores nas nossas vidas. Eu já havia vivido alguns deles, mas os mais expressivos haviam sido a morte do meu pai, seguidos do meu vício e da minha tentativa de suicídio. Quando eu acordei na cama do hospital, anos e anos atrás, e percebi que ainda estava vivo, muitas coisas mudaram para mim, principalmente na forma como eu enxergava a vida. Passei a viver cada dia como se fosse o último, a ser mais presente na vida das pessoas que eu amava e a expressar esse amor mais frequentemente. Mas acredito que a lição mais valiosa que tirei de todos aqueles acontecimentos foi a de que nossa existência é apenas um sopro e que, por isso, eu deveria apreciar cada pequeno momento da minha vida, pois eles eram valiosos demais.

Por isso, às vezes, eu gostava de apenas observar a vida acontecer, absorver cada mínimo detalhe e guardar na memória tudo que me fazia mais forte e que me lembrava das razões que faziam minha vida valer a pena. E era isso que eu estava fazendo naquele momento, encostado em um pequeno muro no meio de Paris, enquanto assistia minha namorada conversando animadamente com algumas fãs que a haviam reconhecido enquanto nós andávamos pela cidade.

Sofia e eu havíamos pousado na França na sexta à tarde e fomos do aeroporto direto para o hotel, onde passamos a tarde toda descansando do vôo. Logo percebi que a mulher não havia economizado nem um pouquinho com aquela viagem, pois o hotel era o mais luxuoso que eu já havia visto na vida e nosso quarto era quase do tamanho do meu apartamento inteiro, com direito a cama king e uma banheira de hidromassagem que nós íamos aproveitar muito. Quando despertei do meu sono já era noite e Sofia havia preparado um jantar romântico para nós dois na varanda do nosso quarto. Ainda era difícil acreditar que quando Sofia e eu nos conhecemos ela era totalmente contra relacionamentos e agora ela tinha preparado toda uma viagem romântica para nós dois que incluía jantar à luz de velas, mas eu preciso confessar que estava amando isso.

No sábado de manhã, ela estava super animada para me apresentar a cidade. Aquela era minha primeira viagem para o exterior e quando contei isso para Sofia, ela ficou muito ansiosa para ser a minha guia turística. Começamos o dia bem cedo e minha namorada me levou por diversos pontos turísticos, incluindo o Arco do Triunfo, a Catedral de Notre Dame e, óbvio, a Torre Eiffel. Depois disso, paramos para o almoço e Sofia havia me prometido que ainda iríamos ao Museu do Louvre e a um passeio no rio Senna. Entretanto, durante o almoço ela começou a sentir um pouco de dor de cabeça, o que nos fez procurar uma farmácia pelas ruas de Paris. Chegamos a achar um endereço na internet e colocar no gps, mas acabamos perdidos mesmo assim, o que nos fez parar para pedir informação.

Sofia ainda não havia sido reconhecida nem uma vez durante nosso passeio, ainda mais que ela havia se escondido dentro de um chapéu e um par de óculos escuros. Entretanto, foi só ela abrir a boca para pedir informação para um grupinho de jovens, que Sofia foi imediatamente reconhecida e eles começaram a conversar animadamente com ela. Eu me afastei um pouco e fiquei só observando a interação deles. Era adorável perceber todo o carinho com que minha namorada tratava seus fãs e todo o amor e admiração que eles tinham por ela. Alguns deles ficavam hipnotizados enquanto ela falava, praticamente babando. Eu não os julgava, pois eu fazia o mesmo o tempo inteiro.

Uma das meninas pediu para tirar uma foto com Sofia e minha namorada aceitou prontamente. Eu sabia que a dor de cabeça ainda a estava incomodando, mas ela não deixou de ser simpática em momento algum e tirou várias selfies com eles. Porém, eles pareciam estar com um pouco de dificuldade de encaixar todo mundo na foto e eles tentaram de várias formas até que Sofia virou para mim e me estendeu o celular.

- Você pode tirar para a gente, lindo? - Ela perguntou e eu levantei as sobrancelhas, levemente surpreso.

Não era novidade que ultimamente Sofia estava sendo mais espontânea e desinibida, me dando abraços e beijos na bochecha, sem se importar com as pessoas a nossa volta. Entretanto, era a primeira vez que ela usava nosso apelido em público.