Epílogo

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Sofia
Eu sempre me considerei uma pessoa calma e paciente. Era preciso que algo muito grande acontecesse para me tirar do meu sossego e para me fazer surtar. Porém, hoje parecia que eu era a pessoa mais impaciente e estressada do mundo. Era dia de cerimônia do Oscar e, pela primeira vez em toda a minha carreira, eu estava concorrendo na categoria de melhor atriz.

Figther havia sido cancelada na sua quarta temporada, apesar de ter uma boa audiência. E assim que eu terminei de gravar a última temporada da minha série, eu acabei emendando uma gravação com outra e estrelei um filme de drama sobre uma mulher passando pelo luto por ter perdido o marido e o filho em um acidente de carro. Não era querendo me gabar, mas o filme era incrível e eu tinha dado tudo de mim durante a produção. Porém, também haviam outros filmes e outras atrizes incríveis indicadas e eu sabia que elas tinham muito potencial para ganhar.

Eu já havia ganhado um Oscar como atriz coadjuvante antes, mas dessa vez a indicação era como atriz principal e isso, por si só, já estava me deixando pilhada. Além disso, parecia que tudo estava dando errado desde o momento que eu havia acordado e isso estava quase me causando um surto.

Para começar, eu havia acordado às quatro da manhã, depois ter ido dormir às duas, com o barulho do alarme de incêndio do hotel onde eu estava hospedada. Precisamos evacuar o local e ficamos fora do hotel por mais ou menos meia hora, até os bombeiros avisarem que havia sido um incêndio de pequeno porte, que já estava controlado e que nós podíamos voltar para nossos quartos. Porém, depois disso eu não consegui dormir mais. Passei horas virando na cama de um lado para o outro até que desisti e comecei meu dia às seis. Não bastasse isso, a estilista mandou meu vestido errado, a cabeleireira ficou presa no trânsito, meu salto quebrou e o carro que me levaria até a cerimônia estragou no caminho, me fazendo ter que arrumar outro do nada.

A única parte do boa do dia tinha sido quando Chris havia me ligado e nós havíamos passado um tempinho conversando de manhã. Ele não tinha conseguido vir comigo para Los Angeles por conta de seus plantões e eu estava morrendo de saudades dele. Nós estávamos juntos há 3 anos, casados há 1 ano e meio, mas a paixão e o amor que sentíamos um pelo outro não tinha diminuído nem um pouco. Na verdade, eles só aumentavam.

- Sof, está tudo bem?! - Helena perguntou, me tirando de meus devaneios e eu olhei para minha irmã. Estávamos dentro do carro, indo para o local do Oscar.

- Está sim, irmã.

- Não parece. Você está inquieta e está suando frio. - Suspirei com a constatação da mulher ao meu lado. Ela estava certa, eu estava uma pilha de nervos.

- Estou levemente ansiosa. Deu tanta coisa errada hoje, Lena, será que não é um sinal de que eu nem deveria ter saído de Nova Iorque? - Perguntei e minha irmã deu uma pequena risada.

- Claro que não, Sof. É a sua primeira indicação ao Oscar como atriz principal, é óbvio que você tinha que estar aqui. E nada mais vai dar errado hoje, você vai ver.

- Tomara, irmã.

- Posso fazer alguma coisa para te ajudar? - Ela perguntou e eu assenti.

- Pode. Me conta uma fofoca ou qualquer coisa que me distraia. - Pedi e ela riu.

- Tudo bem. - Helena pareceu pensar antes de me responder. Percebi que ela estava um pouco receosa em me contar o que quer que fosse que viria em seguida e não entendi se era medo da minha reação ou outra coisa. - Preciso te contar algo, mas não é uma fofoca, é sobre mim na verdade.

- Fiquei com medo agora.

- Não precisa. É uma coisa boa, eu acho. - Helena suspirou. - Lembra que te contei que os donos do escritório que eu trabalho estavam pensando em abrir uma firma no Brasil? - Assenti. Helena trabalhava em uma espécie de escritório corporativo de advocacia. A sede ficava em Nova Iorque e era imensa, com mais de vinte advogados atuando em todas as áreas possíveis. Eles também tinham escritórios em outras cidades dos Estados Unidos, bem como um em Londres e outro em Paris e já fazia um tempo que eles estavam querendo iniciar um na América Latina. - Pois bem, eles compraram um escritório em ascensão em São Paulo e agora eles querem mandar alguém daqui para passar um tempo lá, ensinando nossos protocolos e nossa forma de trabalho.

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