Capitulo 3

645 68 5
                                    

Chris
Havia um tempo que eu tinha aprendido a amar a sensação de me exercitar. Era o escape que eu usava para desligar minha cabeça da realidade e entrar em outro mundo, além de ser extremamente saudável. Por isso, eu sempre tentava tirar um tempo da minha rotina corrida para ir à academia. Todavia, nos últimos meses eu andava bastante relapso quanto a isso. Eu havia iniciado em um novo emprego e, por conta dele, tinha me mudado de bairro. Também estava trabalhando muito e, como consequência, estava constantemente cansado. Por isso, a academia estava ficando em segundo plano.

Porém, um dia eu acordei determinado a voltar a fazer exercícios. Levantei cedo, tomei uma vitamina e sai de casa, indo em direção a um pequeno estabelecimento que havia visto no dia anterior quando estava voltando do meu plantão. Fui muito bem recebido pelo rapaz responsável pelas matrículas, que depois descobri ser o dono da academia, e não sei nem explicar como a sensação de estar fazendo um exercício físico de novo era boa. Eu havia ficado apenas algumas semanas sem me exercitar, mas tinha sentido muita saudades.

Naquele mesmo dia, minha irmã havia me mandado uma mensagem bem cedo para me lembrar que era aniversário do meu sobrinho Andrew e que eu deveria comparecer na sua casa para a festinha dele. Quando eu estava indo para o meu último exercício, ela me mandou uma foto dele, vestido com o uniforme do Real Madrid e a máscara do Batman. Ela ainda escreveu "Tem gente tão ansioso para o almoço que não sabe se quer ser jogador de futebol ou o Batman." Um sorriso imenso tomou meu rosto enquanto eu digitava uma resposta e andava na direção do meu próximo aparelho. Porém, precisei parar abruptamente quando bati em algo que, segundos depois, descobriu ser alguém. A garota perdeu o equilíbrio, inclinando-se um pouco para trás. Quando percebi que ela ia cair, me apressei em passar meus braços por seu corpo, segurando-a. Ouvi-a soltar um som que pareceu de alívio e logo seu rosto se levantou, me permitindo vê-la melhor.

Eu nunca havia visto aquela mulher na minha vida. Se tivesse, me lembraria com toda certeza, porque ela era absurdamente bonita, mesmo suada e um pouco ofegante. Sua pele era um pouco pálida e seus cabelos negros estavam presos em um coque no alto da cabeça. Mas foi quando seus olhos verdes encontraram os meus que eu senti todo o ar ir embora do meu pulmão. Seu olhar era expressivo e ao mesmo tempo divertido e eu tinha certeza de que poderia ficar olhando eles por muito horas e horas. Não sei quanto tempo fiquei encarando-a, mas só sei que parei porque ela se mexeu, soltando-se dos meus braços.

- Você está bem? Se machucou? - Perguntei e ela sorriu, negando.

- Não, tudo certinho. Foi só o susto mesmo. Obrigada por não ter me deixado cair no chão igual uma jaca. - Brincou e foi a minha vez de negar.

- Que isso, não foi nada. Desculpa pelo esbarrão. Estava distraído aqui.

- Eu também estava, então estamos quites. - Concordei e ela sorriu mais uma vez, se abaixando para pegar algo no chão.

A mulher se levantou, segurando uma garrafinha de água e fez uma careta ao analisa-la. Não demorei a perceber o grande rachado que ia do fundo até quase o meio do objeto e, muito provavelmente, faria com que ele se tornasse inútil para ser devidamente usado.

- Meu Deus! Eu quebrei a sua garrafinha! Mil desculpas, moça. Como te falei, eu estava muito distraído aqui com uma foto do meu sobrinho e não vi você vindo na minha direção. Desculpa mesmo. - A mulher à minha frente negou em tom de brincadeira. Parecia estar se divertindo muito com a situação.

- Calma aí, cara, não precisa se preocupar tanto. Primeiro que já te disse que também estava distraída. Segundo que é só plástico, não é nada demais, então, não precisa de desculpar. - Ela disse como se fosse a coisa mais simples do mundo e eu ia retrucar que precisava sim quando fomos interrompidos pelo dono da academia.

Esse tipo de amor...Onde histórias criam vida. Descubra agora