Capitulo 30

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Sofia
Eu me lembro muito bem da primeira vez que subi em um palco para atuar. Eu tinha nove anos de idade e interpretei a Dorothy na produção de O Mágico de Oz da minha turma da escola. Nessa época, eu ainda não sabia que queria ser atriz, mas já tinha certeza que atuar era uma das minhas coisas favoritas. Entretanto, meu amor pela atuação não me impediu de ficar nervosa naquele dia. Bastou eu ver as pessoas enchendo as cadeiras do teatro para eu ser tomada por um frio na barriga imenso, meu coração começar a disparar e eu me sentir extremamente ansiosa.

Eu tenho a lembrança de estar tão nervosa que eu não queria entrar no palco. Parecia que as minhas pernas haviam travado e que nada e nem ninguém seria capaz de me tirar dali. Minha professora de teatro, então, se sentou no chão ao meu lado, fez alguns exercícios de respiração comigo e me disse que estava tudo bem me sentir nervosa, mas que eu não podia deixar aquilo me paralisar, porque eu estava exatamente onde eu devia estar, fazendo exatamente o que eu deveria fazer. É óbvio que ouvir aquilo não fez o nervosismo ir embora, mas me deu coragem e eu consegui subir no palco e fazer toda a peça, sem medo.

Mais de vinte anos depois, eu ainda me agarrava àquelas palavras sempre que o nervosismo batia e, surpreendentemente, elas me deixavam mais calma e confiante. Porém, dessa vez parecia que não estava funcionando. Eu continuava repetindo para mim mesma que eu estava onde eu deveria estar e que estava prestes a fazer o que deveria fazer, enquanto caminhava pelos corredores do tribunal com Chris, mas parecia que meu cérebro não queria entender isso. Meu coração estava a mil por hora e o frio na barriga estava me incomodando como nunca.

- Amor, você está bem? - Meu namorado perguntou, acariciando minha mão que estava entrelaçada na sua. Eu só assenti e ele sorriu. - Você está suando frio, linda.

- Talvez eu esteja um pouco nervosa. - Confessei.

- Quer fugir daqui? Eu sei que fui um dos seus maiores apoiadores em todo esse processo de denunciar o Landon, mas se você não quiser testemunhar, é só dizer, a gente foge daqui rapidinho. - Uma pequena risada escapou dos meus lábios e balancei a cabeça negativamente.

- Muito obrigada por me apoiar tanto, lindo, você é sensacional. Mas eu tenho que fazer isso. Vou engolir esse nervosismo, vou entrar naquela sala e vou testemunhar. Já cheguei até aqui e não vou desistir, Chris.

- Eu amo sua coragem. - Ele sorriu novamente e deixou um pequeno beijo em minha bochecha.

Eu estava prestes a responder sua fala quando Helena apareceu, nos interrompendo. Apesar de eu ter dito mil vezes que ela não precisava sair do trabalho para vir me acompanhar, minha irmã havia feito questão de deixar o escritório e se deslocar até o tribunal para me apoiar.

- Ainda bem que chegaram! Achei que não vinham mais! - Ela disse, se aproximando de nós dois e me abraçando.

- Desculpa, irmã, pegamos um trânsito meio chato chegando aqui. Está muito cheio lá fora.- Comentei e ela concordou.

- Está lotado mesmo. Eu não imaginei que teria tantos paparazzis e tantos curiosos aqui.

- Nem a gente. - Chris respondeu. - Mas eu consegui parar o carro no estacionamento subsolo, então eles não conseguiram fotografar a Sof.

- Isso é muito bom! - Helena sorriu. - Como você está? Preparada?

- Estou me tremendo toda, mas não vou dar pra trás agora, Lena. - Minha irmã sorriu com a resposta, acariciando meu braço como forma de me mostrar que estava ali.

- Vai dar tudo certo, Sof, você vai ver.

- A audiência já começou? - Chris perguntou e Helena assentiu, confirmando.

Esse tipo de amor...Onde histórias criam vida. Descubra agora