22 ‐ Ela Sumiu?

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(POV Luísa)

Quando finalmente eu ia ver o rosto do cara assim que ele ia entrando e sentando no banco da frente, o outro cobre a minha cabeça com um pano preto e amarra as minhas mãos, me debato, tentando impedir, mas é em vão. O homem sentado ao meu lado aperta forte em meu braço, me fazendo se contorcer com a dor que foi causada no local, tenho certeza que vai ficar uma marca. Se antes já estava difícil de respirar, agora então, com isso cobrindo o meu rosto, nem se fala.

Pra onde vocês vão me levar? – pergunto baixo, com a voz falha e embargada, sentindo um nó se formar em minha garganta.

– Fica quieta amor! Daqui a pouco a gente chega. – a voz grave e vagamente familiar responde. Sinto que já ouvi essa voz antes, não apenas no dia em que Poliana e eu fomos assaltadas, mas bem antes disso, algo me diz que conheço esse cara.

Enquanto o carro faz o seu percurso, seja lá pra onde for. Fico me autosabotando mentalmente. Eu não deveria ter vindo sozinha, eu não deveria ter ido andando, não deveria. Eu sabia que esse pesadelo ainda não tinha acabado, eles disseram que iam voltar, mas eu estava tão distraída com tudo o que tem acontecido, que por um momento eu tinha me esquecido deles e tive que inventar de ir andando sozinha de volta pra casa. QUE MERDA, LUÍSA! QUE MERDA!

Mais e mais lágrimas descem pela minha face, minha respiração já está péssima e esse pano cobrindo o meu rosto só piora a situação. Sinto a claustrofobia querer tomar de conta, mas tento manter a calma.

Finalmente o carro para, mas algo me diz que o melhor seria permanecer dentro dele. Alguém me puxa para fora, saio aos tropeços, quase caindo, completamente apavorada, mas alguém me segura firme e continua a me puxar para começar a andar.

Minhas pernas estão bambas do tanto que já andamos, seja lá para onde eles estão me levando, com certeza está demorando mais essa caminhada do que a vinda de carro. Eu tropeço novamente, não estou enxergando nada e parece que o caminho é cheio de buracos.

– Agiliza dona! – ouço uma voz diferente, suponho que seja do cara que estava ao meu lado.

Se tirassem essa merda da minha cara facilitaria as coisas. – digo firme, extremamente brava e irritada. Mesmo com o medo me consumindo por completo, mesmo estando tremendo e suando frio. Estou com raiva, raiva por isso estar acontecendo. Raiva, por esses filhos da puta estarem fazendo isso. Raiva, por não ser capaz de me livrar e escapar. Eu só queria sair correndo e fugir.

– A madame fala direito comigo! Pensa que está falando com quem? – o cara diz irritado apertando o meu braço com força, posso sentir o seu rosto perto do meu, mesmo sem ver, acredito que ele está com a expressão ameaçadora.

– Com um idiota! Que deveria estar atrás das grades! – respondo ríspida, contendo todo o choro que estava querendo sair outra vez. O homem crava as unhas em meu braço apertando ainda mais, solto um gemido de dor, quando eu penso que ele ia fazer algo pior, uma voz interrompe.

– Tira a merda do pano da cabeça dela! – a voz familiar se faz presente. O outro cara tenta retrucar, mas é impedido, parece que temos um chefe por aqui. Ele tira o pano da minha cabeça, e respiro profundamente sentindo o ar adentrar os meus pulmões.

Olho para os homens, eles estavam mascarados, me impedindo de reconhecer quem quer que seja. O cara que apertava o meu braço, ele estava com uma camiseta branca e uma calça jeans escura, e estava com uma máscara branca de teatro. O outro, estava todo de preto, ele era bem mais alto que eu, porém a máscara que ele usava era diferente, o que me causa náuseas, a máscara de um rato cobria toda a sua face, mesmo estando escuro a única coisa evidente do seu rosto eram os seus olhos.

Doce Luísa | LuottoOnde histórias criam vida. Descubra agora