29 - Quadro dos Pesadelos

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(POV Luísa)

Ainda estava abraçada com Otto, não queria sair dali e nem permitia que ele o fizesse. Otto estava quieto, acariciando meu cabelo. Acho que estávamos ambos precisando de um momento assim. O que ele disse ecoa pela minha mente "eu arrancaria o meu primeiro", suas palavras me soaram tão reconfortantes e verdadeiras, a vontade que eu tenho é de me prender em seus braços para sempre.

- Pai? Tia? - ouço a voz doce de Poliana adentrando o cômodo. Olho para a minha sobrinha.

Ela fica parada na porta, nos olhando atentamente, com um pequeno sorriso formado em seus lábios. Sorrio para ela. Otto ergue a mão, a chamando para se juntar a nós naquele abraço no qual eu ainda não queria me desfazer. Nos afastamos um pouco dando espaço para Poliana, ela vem até a gente, e nos juntamos os três em um abraço caloroso e incrivelmente especial que me enche de amor.

(...)

2 meses depois...

Me reviro na cama de um lado pro outro, procurando uma posição confortável. Confesso que pela primeira vez desde o sequestro, consegui dormir bem. Nos dias anteriores eu não estava a conseguir dormir direito, toda vez que fechava os olhos, me vinham as imagens de Waldisney me machucando. Ainda tive um pesadelo essa noite e depois disso foi mais difícil conseguir dormir de novo, minha sorte que um certo ser me ajudou. Olho para o lado, admirando o homem que dormia ao meu lado em um sono pesado, o braço dele ainda me envolvia. Solto um sorriso involuntário.

Nessas semanas ninguém me deixou sozinha em nenhum momento. Marcelo, Cláudia, Joana e Durval estão me fazendo visitas constantes, me ajudando a melhorar e a superar o trauma, até porque não tenho saido de casa, esse passo vai ser mais difícil de dar. Não me sinto pronta para sair, mesmo sabendo que uma hora ou outra tenho que fazer, só que... Me sinto mais segura permanecendo aqui dentro.

Olho para o teto branco e suspiro derrotada, pois o sono não vai mais voltar para mim, pelo menos, não agora, não vou conseguir dormir de jeito nenhum. Miro o relógio em cima do criado-mudo e reviro os olhos. Quatro da manhã. Me levanto lentamente tentando tirar o braço de Otto com cuidado para não acorda-lo e vou ao banheiro, assim que entro encaro o meu reflexo no espelho. Meus pensamentos vagueiam fazendo-me recordar da noite de ontem.


FLASHBACK ON:

Não conseguia dormir, desde o sequestro que não durmo direito, mas hoje parece mais impossível. O medo me consome, é como se cada vez que eu fecho os olhos, acho que alguém vai aparecer e me fazer mal. E pra piorar, acabei de ter um pesadelo.
Me levanto horrorizada, meu coração está batendo tão rápido que parece que a qualquer momento ele vai sair pela boca.

Ando vagarosamente pelo corredor até chegar ao meu destino, penso duas vezes antes de bater na porta, mas preciso dele, então o faço. Após alguns segundos a porta abre-se, revelando-me um homem bocejando e com uma carinha de sono, seus cabelos bagunçados o deixava mais bonito, ele estava fofo.

- Desculpa vir aqui essa hora. É que eu tive um pesadelo, e não estou conseguindo dormir. - falo manhosa e sem graça, se não estivesse escuro, eu poderia jurar que ele viu minhas bochechas corarem.

Doce Luísa | LuottoOnde histórias criam vida. Descubra agora