XV - Sozinho

471 59 0
                                    

💥 AVISO: O CAPÍTULO PODE CONTER CENAS QUE CAUSAM GATILHO OU CENAS INADEQUADAS PARA MENORES DE 18 ANOS.

💥 AVISO: O CAPÍTULO PODE CONTER CENAS QUE CAUSAM GATILHO OU CENAS INADEQUADAS PARA MENORES DE 18 ANOS

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

( Mais uma vez ALERTA de gatilho. O capítulo pode conter abuso, automutilação, referência a traumas e linguagem inadequada)

Jimin tinha recém partido de volta para casa, e pela primeira vez em muito tempo, Taehyung teria que dormir sozinho. O pequeno Yeotan ajudava, abraçá-lo forte entre os braços, ajudava, mas não era o suficiente. O escuro trazia à tona memórias de um passado nem tão distante, que Kim tentava enterrar no canto mais profundo de sua mente. Ele não queria ficar ali, não sem Jimin. Sem pensar muito, ele pegou seu celular e discou o número de alguém que ele sabia que poderia lhe oferecer um ombro no qual se apoiar, mas o telefone tocou, e tocou, e tocou. Seokjin aparentemente não estava disponível.

Com o passado se confundindo com o presente, Tae fechou os olhos com força, e cantarolou uma música qualquer para se distrair. Com medo, ele buscou por outro número em sua lista de contato, a pessoa mais próxima na lista era Nanjoom. Se Jin não atendeu, certamente Nam atenderia, ele sempre atendia, mesmo estando ocupado demais com seus afazeres, ele sempre tinha tempo pra ajudar um amigo, mas o telefone tocou, tocou, e nada.

"Vai ficar tudo bem, isso é só uma memória, não é real.", falou Tae, para si mesmo, ignorando a imagem dos lençóis molhados de sangue. Com o restinho de esperança que havia em si, ele discou o terceiro número da noite, que enfim o atendeu.

– Eai Taetae! – Disse a voz do outro lado da linha parecendo animada.

Taehyung demorou um pouco para responder, feliz por enfim ouvir uma voz amiga.

– Desculpa ligar a essa hora. – Começou apertando o celular entre os dedos, mas será que eu posso dormir na sua casa?

– Aconteceu alguma coisa? – Questionou preocupado.

– Não! Eu só... não queria ficar sozinho.

– Tudo bem, eu tô indo aí. – Respondeu, sem precisar de mais nenhuma explicação.

Minutos se passaram e Tae se acomodou em um canto da sala, agachado, balançando seu corpo pra frente e para trás no ritmo de " I Wish I Knew How It Would Feel To Be Free" de Nina Simone. Ele repetia baixinho a letra da música, com os olhos fechados, tentando ignorar o medo que o escuro trazia, apertando Yeotan entre os braço

Já era a nona ou décima vez que ele repetia o mesmo verso, tentando lembrar o resto da música, mas era impedido pela confusão em que sua mente se encontrava, e então a campainha soou e ele correu até a porta. Ele segurou na maçaneta e pensou em abrir, mas parou, imaginando que talvez seu padrasto tivesse vindo atrás dele e o esperava do outro lado da porta, com aqueles homens de branco que habitavam seus piores pesadelos. Com medo ele se aproximou do olho mágico e pode ver seus dois amigos do outro lado da porta.

– Hyungs! – Ele gritou, abrindo a porta de repente e se jogando nos braços de Yoongi que o segurou com carinho. Ele não questionou por que os dois tinham vindo juntos, se ele havia ligado só para Jung, ele não queria saber, ele só estava feliz por ter alguém ali.

– A gente tá aqui Tae, tá tudo bem. – Disse a linda voz de Hoseok, que afagava levemente seus cabelos.

Os três passaram a noite juntos, debaixo da coberta, assistindo a um filme qualquer, que fez Tae rir. No dia seguinte, Tae pediu para que eles continuassem ali e os dois concordaram, sem perguntar coisa alguma, eles só buscaram suas roupas e voltaram para o apartamento de Kim.

A segunda noite eles passaram conversando e descobrindo muito mais sobre seus gostos e hábitos. Na terceira noite eles discutiram sobre a faculdade, seus sonhos para o futuro e seus planos para alcançá-los. Na quarta noite eles relembraram os tempos de escola, discutiram suas habilidades sociais, ou no caso de Tae e Min, a falta delas, sobre seus professores, nem sempre muitos legais, seus estilos bregas, e todo o resto. Na quinta, contaram histórias engraçadas de suas infâncias, sobre como o pequeno Hobi assustou uma garotinha ao dar para ela um sapo de presente, e como os pais de Yoongi chamaram a polícia por terem achado que o menino de quatro anos havia sumido, mas acabaram por achá-lo dormindo entre os tecidos de costura da mãe ou como Taehyung se escondeu dentro da mala da avó para poder viajar com a senhora. Na quinta noite, Hoseok tentou ensinar aos dois alguns passos de sua nova coreografia e Yoongi mostrou aos amigos sua nova música.

Depois de tantos dias juntos, eles ficaram muito mais próximos e Taehyung era imensamente grato pelo apoio que eles ofereceram quando Jimin não estava ao seu lado, porém, apesar da sua inocência, ele foi capaz de notar os avanços dos amigos, não muito óbvios. Em momento nenhum, qualquer um deles forçou intimidade, ou tentou tocar o mais novo além dos ocasionais abraços, mas os flertes, as indiretas, o carinho, todos estavam lá.

Yoongi e Hoseok eram pessoas claramente diferentes, mas ao mesmo tempo, tão similares. Min era um velho rabugento, ele quase nunca sorria, estava sempre cansado, e não gostava muito de pessoas.Mas era possível notar, sempre que ele direcionava seu olhar para Tae, o amor e o carinho que ele sentia. No fundo o jovem era um doce, sempre querendo o melhor para todo mundo, e sempre cuidando dos seus dongsaengs. Em segredo, ele amava escutar as risadas dos amigos e o calor que eles transmitiam, mas não era fácil de mostrar isso. Jung por outro lado era uma pessoa feliz, seu sorriso era capaz de iluminar o lado escuro da lua, sua risada contagia. Ele gostava de conhecer pessoas, de falar alto e abraçar os outros, isso com todo mundo, não só com Tae. Mas por baixo de toda aquela alegria estava um garoto cansado, com as bochechas doloridas de tanto sorrir, com a alma assolada, de tanto aguentar os baques da vida. Mas quando ele tinha Kim em seus braços, quando ele escutava Yoongi soltar uma risada abafada, ao ver as gracinhas de Taehyung, quando ele podia fazer o mais novo feliz, seu sorriso era genuíno, sonhador e apaixonado.

No sexto os mais velhos decidiram que já era hora de confessar tudo o que sentiam,e foram até o apartamento de Tae e Chim, esperando que Kim pudesse corresponder ao seus sentimento, e aceitasse a louca proposta que eles desejavam fazer, Porém, quando Kim entrou pela porta da frente, os planos foram por água abaixo.

Tae entrou no apartamento com uma mão na boca, arrancando suas unhas com seus dentes. Ele parecia nervoso e irritado, diferente de quando saiu naquela manhã. Sem perceber a presença dos amigos, ele se sentou no sofá e discou para alguém, mas não foi atendido.

– Tae? – Chamou Jung. – Aconteceu alguma coisa?

Enfim, o mais novo virou a cabeça, e notou os outros dois homens na casa, sua testa franziu, e mais uma vez, ele olhou seu celular.

– Jimin não tá me atendendo.

Just Breathe | Jikook | TaeyoonseokOnde histórias criam vida. Descubra agora