Just Breathe | Jikook | Taeyoonseok

XXXIII - Quem quer conhecer os pais do namorado?

Taehyung acordou assustado, sem saber onde ele estava ou como ele havia parado ali, mas uma risada gostosa fez com que ele se situasse. Ele se levantou devagar, sentindo o cheirinho gostoso de café-da-manhã. Ainda de hoje, ele pode ver Yoongi e Hoseok, que cozinhavam juntos na minúscula cozinha do Jung. Os dois cochichavam sobre alguma coisa, ou talvez, coisa nenhuma, e riam, tentando abafar o som com as mãos. Yoongi, com seu jeito sério, fazia as maiores palhaçadas, só para ver o sorriso nos lábios de Hobi. Para Tae, aquilo era simplesmente encantador.

Taehyung se aproximou devagar e ficou por alguns segundos observando a interação dos dois. Hoseok tentava preparar alguns ovos mexidos, que por algum motivo, estavam verdes, e Yoongi preparava uma bandeja com chocolate quente, arroz, frutas e mais alguns acompanhamentos. Assim que eles notaram Tae, eles pararam tudo. O plano era acordar o mais novo com um delicioso café na cama, mas pelo visto, tinham perdido a chance.

– Tae? O que você faz acordado? – Questionou Hoseok, desligando o fogo e se aproximando do mais novo.

– A cama tava fria, e eu tava sozinho. Não consegui continuar dormindo. – Murmurou ele, esfregando os olhos e com um bico em seus lábios vermelhinhos.

Yoongi se aproximou do mais novo, sentado, Taehyung tinha praticamente a mesma altura que Min, o que deixava seus rostos mais próximos. Yoonie depositou um beijo na testa do mais novo e desejou-lhe um bom dia. O mais velho ainda estava com sono, e lutou muito para conseguir levantar da cama, então sua voz ainda estava um pouco rouca e sonolenta.

– Bom dia, Yoonie! – Respondeu Tae sorrindo e puxando o mais velho para um abraço apertado.

Hoseok também se aproximou, ele tinha um lindo sorriso e por algum motivo, ele brilhava como o sol da manhã. Com carinho, ele beijou a bochecha de Taehyung, que ainda tinha as marcas deixadas pelo lençol.

– Bom dia, Hobi. – Respondeu o mais novo, se sentindo feliz e amado.

Ele não era acostumado a esse tipo de carinho logo pela manhã. Claro que Jimin sempre era amável com ele, e sua avó o mimava muito mais do que deveria, mas nenhum deles o olhavam com o mesmo brilho que Hoseok e Yoongi tinham nos olhos. Era diferente, e fazia com que ele se sentisse bem.

– Como você tá? – Questionou Hoseok, olhando Tae no fundo de seus olhos, buscando desvendar os mistérios guardados ali.

Taehyung desviou o olhar, tímido. – Mentalmente, eu tô exausto, mas eu me sinto bem. – Ele respondeu sorrindo.

Hoseok e Yoongi terminaram de preparar o café-da-manhã e os três se sentaram ao redor do balcão.

– O que vocês vão fazer no final do ano? – Questionou Yoongi, com a cabeça apoiada na mão enquanto ele comia uma banana.

– Provavelmente nada. – Respondeu Hoseok, afinal, a maioria de seus amigos iria para a casa dos pais para comemorar as festas, mas ele não tinha pais para os quais voltar. Seus outros amigos iriam viajar para aproveitar as festas, mas ele também não tinha dinheiro para ir a lugar algum, então ele provavelmente se trancaria em seu pequeno apartamento e se entupiria de comida gordurosa.

– Não sei... – Respondeu Tae. – Minha mãe provavelmente vai querer que eu volte para casa, mas eu não quero ir. – Disse, brincando com a sua comida enquanto lembrava de como seu Natal em família costumava ser. No Natal, todos na sua casa colocavam suas melhores roupas e sua mãe passava o dia na cozinha com suas irmãs mais novas. Enquanto isso, Taehyung ficava na sala, com seu padrasto, que lançava palavras maldosos para o enteado a cada cinco minutos. Pelo menos ele não o batia, já que, segundo o homem, ele se recusava a estragar a festa com as malcriações de Taehyung.

– Bem... se vocês quiserem, vocês podem ir lá para casa. – Disse Min, com a voz bem mais baixa que o normal.

Os olhos de Taehyung e Hoseok imediatamente se voltaram para ele.

– Como assim? – Questionou Hobi.

– Talvez, eu tenha falado um pouco sobre vocês para a minha Omma, e ela espalhou o assunto para o resto da família. Agora todo mundo quer conhecer vocês. Mas se vocês não quiserem, não precisam ir. – Ela falou, dando mais ênfase para a última frase, do que parecia necessário.

– Eu não tenho mais nada pra fazer, então pode contar comigo. – Disse Hoseok, sem pensar muito, até porque, nada poderia ser pior que ficar sozinho na noite de Natal.

Por outro lado, Taehyung precisou de tempo para pensar no assunto.

– O que exatamente você falou para a sua mãe sobre a gente? – Questionou Tae.

– Nada demais. – Respondeu Yoongi, bufando, levemente irritado. – Meus pais só são meio... animados demais. Eu comentei que tinha dois caras na minha faculdade que eu gostava. Na verdade, eu acho que nem falei que gostava, mas a minha Omma simplesmente pulou para conclusões antes que eu pudesse falar qualquer coisa. Depois disso eles me enchem o saco todo dia para eu mostrar uma foto de vocês ou qualquer coisa do gênero. E agora a minha mãe quer vocês lá. A minha família tende a ser um pouco intensa, então eu vou entender se vocês não quiserem ir.

– Eles parecem legais. – Comentou o mais novo.

Sem querer, Taehyung buscou em suas memórias a última vez que ele havia conversado com sua mãe sobre qualquer coisa relacionada a sua vida, e, na verdade, ele não encontrou nada. Taehyung e a Sra. Kim costumavam conversar, mas essas giravam em torno da mulher, do trabalho dela, dos filhos dela e do relacionamento dela com o marido. Ela podia passar horas reclamando sobre como seu chefe era um saco, ou como seu marido não lhe dava atenção suficiente, ou sobre como ela desejava que o filho e o esposo tivessem um melhor relacionamento, mas nem por um segundo ela questionava sobre a vida do filho. A Sra. Kim não se importava, e isso fazia Taehyung se sentir triste e indigno de qualquer afeição.

Tae nem percebeu em que momento seus olhos se encheram de lágrimas, ou quando sua garganta fechou, impedindo-o de respirar. Foi questão de segundos, e mais uma vez ele se sentia vazio. Ele não se importaria de aguentar os abusos do padrasto se isso lhe garantisse qualquer demonstração de amor, mas talvez sua mãe não entendesse o significado dessa palavra. Por conta disso, Taehyung nunca conseguiria experimentar o amor incondicional de uma mãe.

Hoseok se aproximou de Tae e o abraçou com cuidado. Na verdade, ele também não estava se sentindo tão bem. A conversa sobre a família de Min fez com que ele se lembrasse de sua própria. Sua mãe era uma mulher incrível, com um sorriso que podia curar qualquer mágoa. Hoseok sempre se perguntou se talvez, aquele sorriso, que o aquecia diariamente, também não tinha sido a causa da morte da mulher. Jung sabia que um sorriso podia esconder muitas feridas. Às vezes, Hoseok imaginava como seria a sua vida se sua família não tivesse partido. Talvez, seu pai provavelmente não teria virado o vilão que ele foi no final de sua vida. Talvez, sua irmã dividiria a vida com ele, e eles brigaram, provavelmente todos os dias, mas sempre que fosse preciso, eles estariam ali, um do lado do outro. Talvez sua mãe lhe ensinaria a dor do sorriso, e impediria que ele sofresse, como ela sofreu. Eram muitos talvez.

Yoongi se juntou ao abraço, pensando no quão sortudo ele era, ele tinha pais incríveis, que o amavam e o protegiam (até demais). Pais que levariam uma bala por ele, sem pensarem duas vezes, e mesmo que ele nem sempre se desse bem com eles, e mesmo que eles tivessem muitos problemas, ele saltaria em frente a um trem por eles. Min queria que as coisas fossem diferentes para seus namorados, e como ele não podia mudar o passado, ele faria de tudo para que o futuro fosse melhor.

Tae secou suas lágrimas e olhou para os dois lindos homens que o confortaram, sentindo vontade de continuar para sempre ali.

– Ainda assim, Yonnie, eu acho que não posso ir, caso contrário, o Jimin vai passar as festas sozinho. – Disse Tae, se separando levemente dos braços dos outros dois.

– Ele pode vir também, se quiser. – Falou Min.

– Sério? – Questionou o mais novo, recebendo um balançar de cabeça como resposta. – Então eu vou ver com ele, se ele quiser, acho que vamos sim.

Após uma rápida conversa, os três terminaram o café e os dois mais velhos acompanharam o mais novo de volta para casa.