Capítulo 15: O Barulho é tão alto

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1.Sede dos corvos - Corredor - ??:??

Neil.

Barulho, Neil não gosta de barulho.
Neil lembra-se demasiado bem de barulho.

Eu não espero a Reação de Allison para sair daquela maldita despensa mas não demora muito para ouvir o som de saltos correndo atrás de mim.

Eu sigo o barulho dos tiros, o barulho dos gritos, o barulho dos passos, o barulho do desespero, o barulho.
Lembro-me demasiado bem disso!

Nathaniel tinha 10 e estava comendo sua refeição do dia junto com Lexie.
Lizie ainda não tinha voltado do experimento do "papai".
Nathaniel conseguia ouvir seu choro, conseguia ouvir seus pedidos de socorro e tinha a certeza que Lexie também ouvia porque seus dedos estavam brancos contra a cadeira. Todos ouviam o barulho, eu ouvia o barulho.
Lembro-me demasiado bem disso!

Os gritos de uma voz familiar me levam até a realidade, percebo que persegui o som até uma porta gigante e a voz de Riko discursando era ouvida do outro lado.

- Depois de todas as atrocidades que Andrew Minyard cometeu, como ele tentou humilhantemente derrubar o nosso poço de esperança, os corvos, ele tentou derrubar a única coisa que vocês têm. - Havia uma plateia concordando mas tinha perdido o foco em Andrew - Ele terá a punição adequada.

Não existia nada naquele momento, nada.

Allison gritava, eu ouvia o barulho mas nada adiantava.

Entrei pelas portas, o barulho da ferrugem era estrondoso, quando eu tentava correr em direção a um suposto palco cheio de pessoas.

Andrew?

Andrew estava preso, pendurado por uma corda e uma cadeira, enforcamento.
Riko estava ao seu lado esperando o momento.

Não consegui andar muito antes dos guardas me pararem. Riko riu.

Parecia estar se perguntando se deveria adiar a morte de Andrew e rapidamente chegou a sua decisão se aproximando da cadeira. Não.

Tudo era preto, cinzento e branco.
Era barulho, muito barulho.

Barulho de uma cadeira caindo no chão.

Barulho de uma corda apertando.

Barulho de dois tiros, vindo do mesmo sítio.

Barulho de outro tiro, vindo do palco logo, a seguir.

Barulho de vários passos apressados.

Três tiros.

Sangue.

Lembro-me demasiado bem disso.
Lembro-me demasiado bem disso.
Lembro-me demasiado bem disso.

O preto se transforma em Vermelho e se espalha pelo chão.

Neil o vê.
No canto, a cima da sala, com uma arma na mão, Andrew Minyard o verdadeiro Andrew.

No palco Riko estava deitado, com uma arma na mão, e dois tiros. Peito e Testa.

Riko está morto.
Andrew matou Riko.

Mas não antes de Riko chutar a cadeira.
Não antes de Riko disparar outro tiro contra alguém.

Aquele cara não era Andrew então quem era? E então tudo fez sentido, como no cruzeiro, era Aaron.

Uma garota de cabelos loiros meio ruivos estava correndo, mas diferente dos outros que corriam para a saída, ela estava correndo para ele.

Andrew estava tenso e desapareceu, provavelmente procurando um jeito de chegar lá abaixo.

E Neil entendeu. Eles trocaram de lugar, uma distração, mas não era suposto Aaron morrer, de alguma forma, Neil sabe que Andrew não faria isso.

Promessas.

Mas antes que ele pudesse pensar em Andrew algo o fez vacilar.

Nada será como antes depois disso.

O cara da festa, Jean. Ajoelhado ao lado de um corpo ensanguentado. E então ele viu.

Foram três tiros, Riko tinha uma arma. Riko atirou antes de morrer.

O corpo nos braços trémulos de Jean era Kevin. A realidade não era mais a mesma.
Lembro-me demasiado bem disso.

Neil estava se afogando. Afogando em risadas altas e escandalosas, em gritos de indignação quando seu personagem bugava, em abraços apertados nas noites frias, em palavras orgulhosas, em corridas ganhas, estava se afogando em Kevin. Estava morrendo junto com Kevin.

Entre a água em seus ouvidos ele ouviu passos, ele sentiu braços penetrarem o líquido e o envolverem.

O perfume era forte demais para não reconhecer Allison Jamaica Reynolds, a garota que o acolheu, que o levou de loja em loja para conseguir ter algo que fosse seu, que o ajudou a encontrar e lutar pelo o que era seu, que o defendeu quando o acusaram, ficou do seu lado antes e ficou do seu lado agora. Ela nunca foi uma traidora.
Deixo-me abraçar por essa mulher e suas lágrimas escapam, ela e Kevin teriam se dado bem.

- Kevin esta respirando - ela sussurra, e algo se enche em meu peito quando ouço o barulho de sirenes se aproximando e a polícia entrando. Tudo era dolorosamente familiar - Aaron não teve essa sorte.

E por momentos penso em Andrew.

Não pude deixar de sorrir ao ver policias entrando na Área e me lembra o dia do Incêndio.
Riko estava morto. A guerra acabou.

Ainda abraçado pelos braços protetores de uma, finalmente livre, Allison, choro olhando para o chão, botas de contorno preto aparecem na minha visão e me forço a levantar a cabeça.

Andrew Minyard.
O garoto que me ameaçou com uma faca e que me deu uma casa. O garoto que está há minha frente tentando não parecer abalado pela morte do irmão. Esse mesmo garoto que, com olhos vazios, me estendeu, não uma mão, mas uma chave.

- Acabou - Allison sussurra novamente.

- Vamos para casa Neil. - Andrew disse largando a chave.

-

Você entende que nunca seremos os mesmo novamente?
Lembro-me demasiado bem disso.

-

Continua, no Epílogo :(

- Muda muito de primeira para terceira pessoa, eu sei.

- Foi estranhamente satisfatório ver a pequena evolução na minha escrita des do prólogo até agora.❤️

- Até já, e votem, se quiserem‼️

Young Summer Blood - All For The gameOnde histórias criam vida. Descubra agora