Cap 32 - VAI FICAR TUDO BEM

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CAP 32 - VAI FICAR TUDO BEM

-Cadê ele. -O menino perguntou lutando contra o pavor que ameaçava seu corpo, ainda mais vendo a mulher que sempre foi calma e esperançosa, desabando na sua frente.

-Os médicos ainda não nos falaram nada, o pessoal da delegacia nus ligou assim que o trouxeram. -Quem responde é o pai de Mew, que no momento era o único que mantinha a calma, Gulf já chorava baixinho molhando os cabelos da mulher que ainda o abraçava, a senhora se afasta pegando as mãos geladas do garoto que tremia.

-Vai ficar tudo bem, querido, Nosso Mew é forte, vai ficar tudo bem. -A senhora fala ao perceber que o garoto começou a tremer, ela o puxa para se sentar em uma cadeira e pede ao marido para buscar um copo com água para o garoto, que apertava sua mão tentando não entrar em pânico.

Gulf sente o familiar desprendimento da realidade, o frio querendo se apossar de sua alma e o jogar em quarto escuro novamente, ele não pode perdê-lo. O garoto tenta espantar os pensamentos pessimistas da sua mente, a luta é árdua, todo momento imagina como poderia viver sem seu anjo, e a resposta é claramente assustadora, não, ele não podia, Mew era a única coisa que lhe deu um fio de esperança para continuar vivendo, seu único objetivo era ser bom o suficiente para merecê-lo, se o perdesse lhe sobraria o que?

Gulf tinha a cabeça no ombro da mulher, ele se sentia tão frágil, o garoto sabia que ele é quem deveria estar amparando a senhora preocupada com o filho, porém seu medo e impotência não o deixava ser mais que um bebê assustado.

O garoto deu um pulo quando viu a porta do centro cirúrgico ser aberta e um homem de meia idade sair parecendo um pouco cansado, fazia duas horas que estavam esperando alguma notícia.

Gulf viu tudo passar em um borrão depois de ouvir do médico, que a cirurgia tinha ocorrido bem e que Mew estava fora de perigo, o seu ferimento não avia sido grave, porem precisaria de alguns cuidados, ele havia levado uma facada na barriga, que por sorte foi mais próximo do quadril e não tinha afetado nenhum órgão interno, porem havia sido profundo o suficiente para preocupa-los, por isso precisaram abrir para ter certeza, eles poderiam velo assim que voltasse da anestesia e fosse acomodado em um quarto, o garoto respira levemente aliviado, pois só conseguiria ficar aliviado de verdade quando colocasse seus olhos sobre seu anjo. Porém a esperança e gratidão estava ali, sufocando seus pulmões que continuava a lutar para respirar normalmente.

Gulf estava só com o pai de Mew que não saiu da sala de espera em nenhum momento, mesmo o homem aparentando estar calmo podia se notar a preocupação com o filho.

-Me desculpe. -O garoto fala constrangido.

-Pelo que? -O homem responde franzido a sobras selhas, Gulf aperta as mãos no colo e encara o rosto que tanto lhe lembra seu anjo.

-Mais cedo, quando o senhor foi me buscar eu.... -O garoto não completa a frase, o homem estica o braço cumprido e toca em suas mãos suadas.

-Não tem do que se desculpar querido, está tudo bem, eu só lamento que você precise ter esses medos. -O homem fala reflexivo. -Sabe? um pai é para ser o Herói do filho, o homem mais forte e honrado, aquele em que o filho se espelha e tem orgulho, um dia desejo que você possa dar um amor assim a uma criança.

-Eu não acho que um dia poderei. -Gulf fala olhando para aquele homem forte, as rugas em volta dos olhos demonstravam os anos de vida que lhe trazia sabedoria.

-Eu tenho você como um filho querido, e espero que um dia possa se sentir seguro comigo, porque é para isso que os pais vivem, para proteger seus filhos, mesmo que eu não pude proteger os meus. -O homem fala triste olhando para a porta esperando que o médico voltasse para lhe dizer que já podia ver seu garoto.

O Garoto do Porão (MewGulf)Onde histórias criam vida. Descubra agora