Cap 05 - SORRISO E MAIS LAGRIMAS

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Cap 05 - SORRISO E MAIS LAGRIMAS

Na segunda semana, Mew continuo com a rotina de ir ao hospital duas vezes ao dia, antes de entrar na delegacia e depois que saia dela, os colegas que faziam parte da sua equipe estavam gostando dessa nova rotina do chefe, quem gostava mais ainda eram as namoradas e esposas dos policiais, eles estavam felizes por resolverem aquele caso, mais também pelo chefe que parou de abusar das horas extras e levar toda a equipe junto.

Na terceira semana, Gulf já estava forte o suficiente para ser submetido a cirurgia do joelho, Mew acompanhou do início ao fim, mesmo que tenha ficado do lado de fora, na sala de espera, ele não conseguiria estar em outro lugar. A cirurgia havia corrido bem, o menino se recuperava rápido, estava se alimentando muito bem, e constantemente era mimado por todas as enfermeiras do hospital, que levavam doces e salgados escondido do médico.

Gulf pela primeira vez desde que tinha perdido sua mãe se sentia cuidado, mas apesar de todo o carinho das enfermeiras que lhe tratavam como um filho, ele ainda não conseguia se sentir Seguro, depois de se adaptar a rotina do hospital e finalmente acreditar que realmente o pesadelo havia acabado, que ele não acordaria só para descobrir que aquilo era um doce sonho, sua mente começava a ficar mais clara, e com essa clareza vinha a incerteza do que seria sua vida a partir daquele momento, seu corpo estava se recuperando bem, ganhava peso e aos poucos sua pele pálida demais devido à falta de sol ganhava uma cor mais saudável, apesar de todas as tentativas das enfermeiras para leva-lo para o jardim, para que pudesse tomar sol, o garoto só conseguia sair do quarto na companhia do policial, por isso Mew passou a sair do trabalho antes do sol se pôr, para levar o garoto enquanto os raios de sol liberavam a preciosa vitamina D que o garoto tanto precisava, não era fácil para o garoto ver tantos rostos diferentes, alguns o olhavam com curiosidade, ao menos era assim que o menino percebia sempre que notava alguém olhado em sua direção, isso o deixava desconfortável e ansioso. Eles caminhavam lado a lado e as vezes sentavam no banco de madeira até que o sol aos poucos ia sumindo, o policial contava algumas coisas do seu dia e falava sobre seus colegas tentando distrair o garoto que adorava ouvir o mais velho, não importasse o que ele dissesse, o tom de voz, o ritmo que empregava nas palavras eram como um balsamo para sua alma machucada.

Na quarta semana, Gulf início a fisioterapia, nessa mesma semana havia realizado o implante dentário, somente depois de três dias que passou pelo procedimento, Gulf criou coragem para se olhar no espelho, ele não conseguia sorrir então levantou os lábios em uma careta estranha para ver os dentes no lugar, brancos e alinhados, ele achou incrível como havia ficado natural, como se estivessem estados ali desde sempre.

E mais uma vez o menino chorou, dessa vez sozinho sentado no chão frio do banheiro do hospital, abraçado aos próprios joelhos, chorou em agonia, dessa vez o garoto estava cociente da pele frágil sobre os ossos, ele chorou sem tentar se conter, chorou desejando que aquela angustia se fosse junto com as lagrimas que já ensopavam os joelhos. Gulf sempre se considerou uma pessoa resiliente, ele não ficava magoado por muito tempo com as chacotas dos idiotas da escola, o bullying que sofria logo era esquecido assim que chegava em casa e nada disso o afetava, mas o menino sabia que o que enfrentava agora não poderia ser comparado com um colega colocando um rato morto em sua mochila na sétima série.

Na quinta semana, o garoto foi obrigado a sair do quarto, até então a fisioterapeuta visitava o menino todos os dias e fazia as sessões ali mesmo, a partir daquele dia ele precisaria ir até a sala da fisioterapia, uma tática dos médicos para incentivá-lo a sair mais do quarto, além de que alguns equipamentos necessários não poderiam ser levados até o quarto. A menção de andar pelos corredores do hospital, cercado de rostos estranho assustava o garoto, mais ele prometeu para si mesmo que não se deixaria sufocar, ele se esforçaria para quebrar aquelas barreiras de terror que tentavam invadir a sua mente, ele lutaria contra si mesmo para não desperdiçar a segunda chance que ganhou, a pouco mais de um mês, o garoto acreditava que morreria naquele porão imundo, e agora ele estava cercado por pessoas boas que queriam o ajudar, isso ele sabia, só restava convencer o seu corpo, o que a parte sã de sua mente sabia ser o certo.

O Garoto do Porão (MewGulf)Onde histórias criam vida. Descubra agora