Capítulo 5

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POV: Catarina

  — Catarina, você não pode estar falando sério — Bianca interviu, se levantando e consequentemente, me encarando — Não faz o menor sentido — se aproximou um pouco mais — E o Petruchio? O que aconteceu, eu não entendo essa história com o Jornalista Serafim.

  — Você não precisa entender, não é o que você sempre quis? Que eu me casasse e você pudesse se ver livre de mim? Pois então, já pode começar a comemorar, eu não pretendo demorar.

  — Catarina, isso são modos de falar? — Dr. Batista também se colocou de pé, como se minhas palavras fossem um insulto maior do que todas aquelas que ele me obrigou a concordar.

  Pensei em me levantar e argumentar, mas não conseguiria fazer isso sem me exaltar e talvez nem desmaiar, só o fato de pensar em levantar, já faz com que minhas pernas comecem a tremer, mesmo que eu deteste admitir, não gosto das sensações que a presença deles causam em mim.

  — É muito simples, eu me caso, você se vê livre de mim e de toda e qualquer responsabilidade, me dá a minha herança e eu posso tentar ser feliz longe daqui.

  — E o que Serafim diz sobre isso, sobre mudar de cidade ou país?

  — Eu não disse que ele vai sair daqui.

  — Pretende se casar e ir embora como se não tivesse um marido e uma família para gerir? Catarina, você não pode estar falando sério, nem sequer imaginar que eu concordaria em aceitar algo assim.

  — Claro, sua campanha política — quase me esqueci, como pude? — O senhor pode inventar uma doença, um tratamento, o que o senhor preferir, eu não pretendo voltar.

  — E para onde você pretende ir? Paris, como todas as vezes em que discutimos e você alegou querer fugir?

  — O lugar você não precisa saber, eu não pretendo ser localizada por você.

  — Catarina, minha irmã, você só pode estar perdendo o juízo — exclamou num choramingo. — Eu realmente não consigo entender — me surpreendi quando se sentou na cadeira ao meu lado, tocando meu braço com um calor muito difícil de receber, mesmo que o amor fosse fácil de se reconhecer.

  Eu amo minha irmã, realmente gostaria de lhe dizer, mas tem coisas que ela não precisa saber, coisas que não guardaria e acho que não preciso de mais alguém para dizer o que eu devo ou não fazer.

  Supor soluções para problemas que não são seus é um ato fácil, falho. Talvez exija um mínimo de cuidado, mas ninguém parece ter.

  — Preciso de um tempo para pensar antes de te responder — suspirou, mas não o olhei para tentar descrever os pensamentos que parecia ter.

  — O senhor não pode estar falando sério — Bianca exclamou, seu rosto em completo horror. Espero que ele pense apenas no que sempre pensou, sem se importar com as considerações que minha irmã quase apontou. Seria melhor estar longe, tentar ser feliz e dar uma chance para ele se reconstruir.

  Não demorou para que o Dr. Batista saísse, alegou uma reunião importante e eu verdadeiramente não me importei em vê-lo partir. Bianca foi mais insistente, fez perguntas das quais fingi não ouvir.

  Tentei comer algo, mas leite foi a única coisa que eu consegui ingerir. De volta ao meu quarto, as decisões voltaram a fazer sentido pra mim. Obviamente não poderia contar ao Petruchio o motivo real para o meu casamento, muito menos que estou grávida e por isso prefiro mudar de país ao ter que me deitar e fingir que espero um filho de Serafim. Acho que a viagem é o que realmente pode me fazer um pouco feliz, mesmo que para isso eu sacrifique tudo o que poderíamos construir.

Além da Verdade e da PaixãoOnde histórias criam vida. Descubra agora