No jardim?

59 8 0
                                    

- Não vai mesmo me dizer? - A voz grave soou baixa na escuridão.

- Não, agora fica quieto. - Um pouco mais rouca; a voz de Magnus ecoou pelo espaço amplo.

- Você sabe que eu não consigo ficar quieto; me diz...! - A ansiedade quase o fez tropeçar.

- Você precisa, a menos que queira que alguém nos escute. - A mão dourada segurou o pulso pálido com firmeza. - Cuidado com o degrau.

- Me diz apenas se... - O aperto firme em seu pulso não o deteve.

- Não vai mesmo ficar quieto? - Magnus o encarou a um degrau de distância.

- O que você acha? - Alec estacou no lugar e quase perdeu o equilíbrio por ainda estar preso a dedos envoltos em anéis.

- Eu não acho que precise...

- Eu quero ouvir; dessa sua boquinha.

- Alexan... - Um polegar direito o impediu de continuar.

- O que tem eu...? - Uma sobrancelha se ergueu; ansiosa pela resposta.

- Vamos nos atrasar. - Magnus quase não conseguiu concluir; o dedo ainda passeava em sua boca.

Em um movimento súbito, Alec estava no ar, o abdômen apoiado em ombros largos e fortes.

- Magn... O que você... Me solta, idiota!

- Ainda estamos no meio da escadaria; quer mesmo se debater como uma criança birrenta? - O apertou firmemente em uma tentativa de alerta.

- Qual a necessidade disso!? - Guinchou.

- Silenciar enfermeiros irritantes. - Prosseguiu calmamente pelos degraus. - Ai!

Magnus exclamou quando Alec puxou seu cabelo.

- Eu não sou irritante!

- Amor, você é pior que o Burro do Shrek.

- O que você disse?! - Alexander sussurrou em um fiapo de voz.

- Que você é mais irritante que o...

- Não! Do que me chamou? - Parou lentamente de espernear.

- Aahh... - Magnus saltou os dois últimos degraus. Alec ainda estava quieto, aguardando a resposta. - Temos que sair logo, antes que amanheça.

Foi tudo o que disse.

- Magnus... - Alec gemeu; Olhos e punhos cerrados.

.

.

.

- Não sabia que estava com tanta pressa, eu poderia ter corrido. - Resmungou assim que seus pés tocaram a grama gélida do jardim.

- Você está descalço. - Magnus apontou; os olhos no chão.

- Talvez porque não tenha tido tempo de sequer me calçar antes de ser acordado e arrastado escada abaixo!

Riu ao observar a postura irritada do enfermeiro.

- Não foi a minha intenção. Quer que eu te carregue até o portão?

- É o mínimo que você pode fazer! - Alec cruzou os braços no peito em um claro sinal de frustração.

- Então me mostra como você quer ser carregado. - Magnus riu sob o olhar incrédulo do amante.

- Sabe que não gosto de ser desafiado. - Alec inclinou a cabeça em resposta.

- Por que acha que eu faço? - Magnus sorriu de lado e ergueu uma sobrancelha.

É recíproco (Malec) Onde histórias criam vida. Descubra agora