Bergamota

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Oi de novo ☻☺

Quando Alec chegou no seu novo local de trabalho, percebeu que a dona passeava pelo amplo jardim. Ela estava cercada por estátuas e fontes, além de canteiros de rosas e outras flores coloridas. Ragnor observava a mulher da varanda da enorme casa, Alec riu e abriu o portão. 

  - Não sabia que tínhamos um Alfred. - Alec fechou o portão e caminhou para perto de Josephine, ele percebeu que ela tentava não rir com o comentário. 

  - Isso faz de mim o Batman? - Ela desviou os olhos de um conjunto de peônias. 

  - Explicaria o ar misterioso e intimidante que a cerca. - Alec se agachou e tocou a pétala de uma rosa vermelha. 

  - Não há nada de misterioso em mim - Josephine continuou a borrifar água nas flores. 

  - Então eu poderia fazer perguntas pessoais com o único objetivo de conhecê-la melhor? - Alec se levantou e tentou ao máximo fazer com que a inocência de suas palavras chegasse aos olhos, ao sorriso. 

  - Você não me engana, eu conheço um alcoviteiro quando vejo um. - Ela alternava entre andar em passos vagarosos e borrifar água nas delicadas flores. 

Alec riu alto, riu como há muito tempo não ria. A mulher parou e o observou por alguns segundos,  um meio sorriso também surgiu nos pequenos lábios dela. 

  - A senhora tem que aprender a confiar nos seus funcionários, e além disso, eu preciso saber caso haja uma emergência. - Ele se recuperou da crise de riso e a acompanhou, sempre um passo atrás, sempre dando o espaço que ela silenciosamente exigia. 

  - Pode conseguir todas as informações que quiser sobre mim com Clarissa. Ela lhe procurará até o fim da semana. 

  - Certo. - Alec ficou em silêncio e observou a exuberância de flores que o jardim de Josephine ostentava. Todas muito coloridas e perfumadas, algumas ele conhecia, outras não, mas nenhuma era deixada de lado pela mulher. Ela parecia cuidar de todas com o mesmo amor e dedicação. 

Ele a viu oscilar por um instante e se aproximou, atento a qualquer sinal de perda de sentidos. 

  - Já que gosta tanto de saber sobre a vida dos outros, por que não me fala sobre você? - Josephine deu a volta e começou a caminhar para  a propriedade. Alec se juntou a ela e percebeu que a mulher se esforçava para que ele não reparasse que ela estava com dificuldades para andar normalmente. 

  - O que quer saber? - Alec respondeu, mas a observou ainda mais atentamente. Ele decidiu que a tocaria apenas se fosse necessário, ela não parecia muito à vontade com toques ou qualquer tipo de intimidade. 

  - Qualquer coisa que queira revelar. - Não havia interesse em sua voz, o que fez Alec ter certeza de que ela estava apenas tentando distraí-lo. 

  - Eu tenho dois irmãos mais novos. - Alec avistou Ragnor e sinalizou - sem que ela visse - para que ele pegasse os remédios. Quando o mordomo sumiu no interior da propriedade, Alec torceu para que ele tivesse entendido. 

  - Filho mais velho? Quanta responsabilidade. - Ela estava ofegante. Alec franziu a testa, ele estava começando a se preocupar, e apesar de estar lado a lado com Josephine temia que algo acontecesse e não pudesse evitar. 

Mesmo caminhando para a casa e sabendo que a varanda ficava mais próxima a cada passo dos dois, Alec se inquietou pelo fato de não poder fazer mais pela patroa. Ele se perguntava se estava tão aflito quanto ela para que chegassem o mais rápido possível. 

  - Nunca pensei nisso como um fardo, sempre me senti confortável sendo o mais velho. Acho até que nasci para isso. - Alec também fazia o possível para que Josephine se mantivesse distraída a ponto de não desmaiar. 

É recíproco (Malec) Onde histórias criam vida. Descubra agora