Demônio loiro

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Chorar nunca havia sido um problema para Alec; ele chorou quando sua mãe estava doente e mais ainda depois que ela morreu, chorou quando soube que Magnus estava noivo, chorou consecutivas vezes quando não conseguiu deixá-lo. Mas não podia chorar naquele momento por desistir de uma mulher incrível como Josephine, até mesmo pelo próprio Magnus por quem se apaixonou. Tinha certeza que se emitisse um ruído sequer ele tentaria lhe dissuadir e Alec sabia, bem no fundo, que não era apenas a forma como Jo reagiria que o assustava.

Magnus estava quieto ao seu lado, talvez estivesse pensando, ou dormindo. Alec não se virou para confirmar, apenas se encolheu um pouco mais e fechou os olhos, sabia que não conseguiria dormir, mas talvez fosse mais fácil reprimir as lágrimas com os olhos fechados.

Em um momento estava acordado, no outro, havia sido puxado para a escuridão sem que tivesse escolha. Depois do que parecia ter sido minutos, foi despertado pelo barulho da porta sendo fechada, olhou para o lado e Magnus não estava mais lá.

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Magnus permaneceu acordado horas depois de Alec ter se virado, as palavras do moreno ecoando em sua cabeça. Aquilo era culpa sua. Se perguntava por qual motivo sua mãe o odiaria mais: fazer com que seu enfermeiro pedisse demissão ou ter ignorado tudo o que ela lhe ensinara com tanto afinco. Talvez os dois, já que um era consequência do outro. Pensaria naquilo depois. Alexander estava tão quieto ao seu lado, queria tocá-lo, mas sabia que ele se afastaria ainda mais, então apenas permaneceu calado. Apesar de desejar muito fazer com que Alec mudasse de ideia, resolveu que daria um tempo para ele, então apenas se virou da mesma forma que ele havia feito e fechou os olhos. O cansaço o atingiu mais rápido do que podia imaginar, em minutos Magnus estava mergulhando em sonhos conturbados.

Quando acordou, o sol adentrava timidamente as cortinas do quarto. Alexander ainda dormia. Saiu o mais silenciosamente possível para não acordá-lo.

Magnus sentou na mesa, algumas horas depois e não havia sinal de Alec, talvez ele ainda estivesse dormindo.

- Bom dia mamãe.

- Bom dia bebê. - Josephine se levantou para cumprimentá-lo.

- Como a senhora está se sentindo hoje? - Os dois sentaram.

- Ridiculamente cansada. - Jo se serviu de chá.

- Em breve a senhora não vai mais precisar tomar nada. - Magnus colocou café em uma delicada xícara de porcelana.

- Assim espero. - A mulher pegou um muffin antes de continuar. - Sorrel ligou ontem e disse que faria uma visita hoje pela manhã.

- Eu vou esperar por ela. - Magnus tomou um gole do líquido escuro.

- Bom dia.

Alec os cumprimentou alguns minutos depois.

- Bom dia. - Mãe e filho disseram em uníssono.

- Tudo bem com você Jo? - Alec sentou.

- Estou me sentindo da mesma forma que me senti ontem: cansada e apática.

- Nós tivemos que aumentar a dose já que a quantidade que você tomava antes não estava fazendo efeito, os sintomas vão desaparecer assim que seu corpo se acostumar.

- Mal posso esperar.

Eles comeram em silêncio por aparentemente meia hora, pelo menos até uma discussão chamar a atenção de todos à mesa, parecia vir do jardim.

- Eu já disse que não! - Magnus ouviu atentamente, a noiva raramente se exaltava, a menos que estivesse com...

- Qual é irmãzinha, você tem dinheiro, o que custa me passar um cheque?

É recíproco (Malec) Onde histórias criam vida. Descubra agora