Yumi nunca dirigiu um porsche

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A luz que deixaria saudade pelas horas que a noite se tornaria protagonista tornavam as folhas brancas do romance clássico francês em douradas. O vento bagunçava um pouco seus cabelos avermelhados e espalhava as cinzas de seu cigarro em sua calça jeans preta, mas isso não era incômodo para a mulher.

Em um final de tarde nem muito quente nem muito frio, Yumi se encontrava sentada em um dos bancos do campus, com as pernas em cima do objeto grande de madeira e os olhos interessados nas palavras de idioma estrangeiro que formavam a história que estava lendo.

Tragou mais uma vez e levantou os olhos assim que ouviu alguém aproximar-se, o barulho baixo de grama sendo pisada entregara quem quer que seja. Ao ver Hidan parar em sua frente, arqueou as sobrancelhas e fechou o livro contrariada, havia chegado na melhor parte, a parte em que um dos protagonistas morre.

— Ei, como tá a Mahina? Pensei em mandar mensagem pra ela mas sabe como é, né? O pai aqui tem muitos contatos com a letra "M".

As orbes verdes reviraram-se ao extremo, a autoestima inabalável do platinado a irritava, mesmo a sua sendo igual: — Ela tá bem, Ren cuidou dela ontem enquanto eu não pude. — bateu os dedos no cigarro, a fim de fazer as cinzas localizadas na ponta dele caírem no gramado.

Hidan assentiu, mas ao contrário do que a Tanaka pensou, ele não moveu os pés em qualquer outra direção que seja, apenas cruzou os braços e a observou abrir o livro novamente e continuar lendo. O platinado sabia do abuso que ela sofrera no dia da festa, tinha visto acontecer de longe e as marcas abaixo de grossas camadas de corretivo e base ainda eram um pouco visíveis.

Yumi estava incomodada com o olhar do outro queimando em si, então terminou seu cigarro e levantou a cabeça. Antes que a mulher pudesse falar, o mais alto interrompeu seus pensamentos.

— Sabe francês?

A ruiva fechou o livro: — Sei.

— Me fala alguma coisa em francês então.

A mulher suspirou e pensou um pouco enquanto fechava o livro: — Ta coiffure est horrible.

— O que significa? — abriu um sorriso convencido. — Disse que eu sou o cara mais lindo que já viu, né?

A Tanaka sorriu junto de uma risada e respondeu:

— Aprenda francês e vai saber.

O mais alto colocou as mãos na cintura e a ruiva franziu as sobrancelhas.

— Posso te ajudar em mais alguma coisa, Hidan? — perguntou, mas ambos sabiam que aquele oferecimento era apenas fachada, o que ela queria mesmo era ser deixada em paz.

Mesmo sabendo que a mulher não queria saber de verdade o que ele estava pensando, Hidan a respondeu.

— Vou à uma concessionária e não queria ir sozinho. — deu de ombros como se aquilo não tivesse muita importância a ele quando viu as sobrancelhas avermelhadas da mulher se levantarem em surpresa. — E, como as minhas primeiras cinquenta primeiras opções estão indisponíveis, eu pensei que sei lá.

— Tá dizendo que quer que eu vá a uma concessionária com você?

O homem virou o rosto, observando qualquer coisa que não era os olhos verdes da Tanaka que mais pareciam duas esmeraldas brilhando pelo reflexo do Sol em sua direção.

— Digo, a culpa é sua por eu ter que ir comprar um carro novo.

Sorriu de canto e balançou a cabeça, pegando um cigarro do maço que estava em cima do banco: — Consertar aquele daria menos prejuízo. — disse com o cigarro entre os lábios, fazendo uma espécie de cabana ao redor da chama do isqueiro para que ela não apagasse antes de acendê-lo.

𝐄𝐮 𝐧𝐮𝐧𝐜𝐚...Onde histórias criam vida. Descubra agora