Fui à uma clínica de reabilitação

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Karin não tinha mais cutículas para arrancar com os dentes, então se contentou com andar de um lado para o outro dentro do quarto onde sua prima dormia serenamente. Não era possível que a loira não ouvia os gritos e xingos vindo do outro lado da porta, sua feição despreocupada quase fez Karin revirar os olhos. É claro que ela ficava linda até dormindo.

Alguns chacoalhões fizeram Mahina despertar contra sua vontade.

— O queee? — ela afundou o rosto no travesseiro.

— Hina.

A mais velha franziu as sobrancelhas em extrema confusão e olhou para a prima.

— Karin? O que tá fazendo aqui?

— Não sei, Agnes me mandou entrar aqui e eles começaram a gritar uns com os outros.

Mahina se sentou na cama e vestiu uma blusa de moletom de cor marrom meio desbotada antes de sair do quarto. Agnes  Yumi, Stella e Hiroki estavam posicionados em pontos estratégicos para que Ren não tentasse escapar.

— A gente vai perder o contrato com a gravadora — o Yamazaki olhou para seus colegas de banda, mas eles pareciam inflexíveis.

— É melhor do que te encontrar nos bastidores morto! — Stella deu um passo a frente mas recuou quando Ren a olhou.

— Cala a merda da sua boca! Isso não tem nada a ver com você!

— Mas teve da última vez que eu te encontre desacordado por uma overdose no chão do banheiro!

Mahina sentiu mãos laçarem seus braços gentilmente e se viu sendo deixada ser puxada para o lado de Agnes.

— Quando é que você vai parar de jogar isso na minha cara?! — as palavras dos dois ecoavam pelo pequeno apartamento.

— Ela não tá jogando nada na sua cara, Ren, ninguém aqui tá. São fatos. — Hiroki se colocou entre os dois, sabia que o amigo estava cego de raiva pelo assunto e não veria em quem descontaria sua raiva, só de estar em sua linha de visão, você já era um alvo.

— O que tá acontecendo? — Mahina finalmente perguntou à Agnes, que suspirou e a olhou.

— Ren está relutante quanto a ir para a clínica.

A loira olhou para o homem no centro do círculo mal formado pelos amigos e o enxergou pela primeira vez de sua volta. Ele não estava bem, ele não estava nada bem. Suas olheiras eram fundas e seus lábios não estavam exatamente hidratados, seus olhos vermelhos e o cabelo desgrenhado fizeram o coração dela apertar. Como ela não tinha percebido antes? O roxo do soco de Agnes estava mais escuro do que no dia anterior.

— Cara, a gente arranja outro contrato quando você sair — Hiroki se aproximava do amigo cautelosamente, com as mãos para cima em rendição.

— São meses.

— A gente não sabe quanto tempo — Ren se afastava e desviava de qualquer tipo de contato que lhe oferecessem, não confiava em ninguém naquele momento.

— Não vai ser muito.

— Da última vez vocês me deixaram quase um ano naquele lugar!

𝐄𝐮 𝐧𝐮𝐧𝐜𝐚...Onde histórias criam vida. Descubra agora